quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

[leituras] O Longo Halloween II

Título: O Longo Halloween II
Argumento: Jeph Loeb
Desenho: Tim Sale
Páginas: 176
Ano: 2015

É bom não nos desapontarmos com os livros e foi exactamente o que aconteceu neste caso.

O primeiro não me ficou especialmente na memória e não achei nada de especial mas este segundo vale por si e pelo primeiro.

Ainda por mais eu tenho um fraquinho com os vilões do Batman, para mim são dos mais interessantes e com mais estilo. Não sei se é a aceitação da loucura em cada um deles, se será influência da minha paixão pelo Joker e pelo Arkham Asylum mas o certo é que os inimigos do morcego costumam ser tipos, ou tipas, a quem acho piada.

Calha bem que aqui vemos nascer um e ainda nos aparecem muitos dos outros reunidos e a serem loucos em conjunto. Não é bonito quando todos se conseguem dar bem?

O Batman passa por várias fases num caso que não é, de todo, fácil de resolver. Demora imenso tempo a resolvê-lo, mexem-lhe com os circuitos mais internos até não saber bem quem é ou o que faz, já não sabe em quem confiar e de quem desconfiar. Aqueles que hoje são amigos amanhã são inimigos, aqueles que parecem neutros afinal pendem bastante para um lado. 

É um livro cheio de twists que embora admita que muitos só resultam porque temos o contexto do primeiro volume acho que a diferença de um para outro é demasiado grande. Se não fosse a recomendação e a minha OCD de leitura, lendo o primeiro livro eu sei grandes dores de cabeça não pensaria em ler o segundo, e isso seria um claro erro. Dar um bocadinho de gás naquele primeiro tinha sido uma boa aposta, pelo menos para mim que não sou grande fã de história a construir muito e sem desenrolar nalguma coisa.

Mas bem, é um bom livro, o conjunto vale a pena, e embora não chegue aos calcanhares do Arkham Asylum é um dos melhores livros que li de Batman até hoje.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

[leituras] O Longo Halloween I

Título: O Longo Halloween I
Argumento: Jeph Loeb
Desenho: Tim Sale
Páginas: 200
Ano: 2015

Pelos criadores desta obra e pela crítica próxima que já me tinham feito este livro, melhor, estes dois livros, vinham com boas perspectivas para serem interessantes e uma leitura especialmente agradável.

Este primeiro volume, não sei se pela expectativa ou não - inclino-me mesmo a dizer que não - não me surpreendeu nem deixou especial interesse.

A arte é porreira, costumo gostar das coisas do Tim Sale, e a história começa a ser interessante, mas muito ao de leve. Alguns vilões, o mistério de quem é quem e a aura do Feriado sempre a pairar mas pouco mais do que isso. Uma espécie de policial do Batman, mas no início.

Mantenho a minha expectativa para o próximo volume. Este não me chamou nem marcou mas quem sabe não está apenas a abrir portas para uma segunda parte surpreendente? Espero que sim.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

[cinema] Star Wars - The Force Awakens (Episode VII)


IMDB
Trailer
Realizador: J.J. Abrams
Duração: 2h15min
Ano: 2015

Eu nunca tinha visto Star Wars no cinema. Parecendo que não a primeira trilogia saiu ainda eu nem planeada era e quando saiu a segunda era pequenita demais para pensar no que seria aquilo, sequer. Lembro-me de ver os filmes, ou partes, ao longo dos anos, mas era daquelas coisas que ia vendo, já sabia quase tudo mas nunca os tinha visto completos, por ordem ou o que quer que fosse.

Há uns anos fi-lo, como é óbvio - até porque umas poucas pessoas batiam se não o fizesse - e rendi-me, como sabia que renderia. Seja pela força que aquilo tudo tem (get it? Force... Ah!), seja por alguns actores, seja por algumas personagens, mas aquilo vale a pena! (E sim, sou daquelas pessoas que vai para as zonas de merchandise de Star Wars e quer comprar praticamente tudo, especialmente coisas do R2D2, C-3PO, Chewie e mais recentemente BB-8).

Mas agora, 21 anos feitos, e hoje passados, fui ver o meu primeiro filme de Star Wars ao cinema.

Primeiro ponto: havia bem mais crianças do que estava a contar. A sala estava essencialmente cheia de miudagem. Ok, muito estavam lá a reboque dos pais mas nota-se que há ali cultura na história (havia um pequenino ao meu lado que no intervalo saltava para cima do irmão e perguntava: "Olha, vai aparecer o Jar Jar Binks?" ou "A Leia é filha do Dark Vader?" - e sim, ele dizia Dark Vader, mas ele era pequenino e fofinho!)

Mas o filme em si foi uma montanha russa. Gostei do filme de uma forma geral, mas tenho alguns problemas com alguns pontos!

Tenho problemas com o novo mascarilha -  havia ali tanto potencial pela ideia que tem, mas está a chatear-me tanto aquele casting e as atitudes fraquinhas do tipo. Sim, eu percebo o dilema do moço, sim senhor, e é interessante mas nem acho que no argumento que prepararam para ele consigam criar uma personagem interessante nem que o actor consiga fazer mais do que ter ar de totó. Para mim foi o que mais me chateou, para ser sincera. Mais a mais com a ascendência que dava mais do que genes para que a panhonhice fosse mínima.

De resto, muito bem, não arruinaram a saga, voltaram às bases da primeira trilogia, e fizeram um trabalho bem agradável. Agora sim tenho expectativas, os próximos filmes têm mesmo de ser bons porque se não vou ficar muito chateadas.

Contem-me lá quem é a Rey. E metam o R2D2, o C-3PO, o Chewie e o BB-8 a fazer coisas giras! E em 2017 voltamos a falar!




quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

[leituras] Batman Ano Um

Título: Batman Ano Um
Argumento: Frank Miller
Desenho: David Mazzucchelli
Páginas: 120
Ano: 1987

Agora vou-me dedicar a ler a colecção do Batman. Ela teria de ser lida, porque não agora. Até agora só tinha ido o Arkham Asylum, porque pronto, é genial e dos melhores livros que já li. Mas agora vão os outros.

Só por me lembrar que o Arkham Asylum existe já merece pontos, mas é mesmo só à cabeça e durante uma fracção de segundo.

Eu já tinha lido este livro há uns tempos - ano e meio, segundo o Goodreads me diz - e já na altura não me fascinou. Assim se mantém.

O livro tem pouco de interessante: a história não tem nada de relevante, as personagens andam todas meio perdidas, a arte não me convence. A ler coisas sobre este livro havia pessoal a dizer o quão revolucionário foi, o diferente que foi, a evolução que deu à personagem. É capaz de ser isso que o faz ter tanto sucesso mas para mim, que me assumo completamente como leiga que não segue completamente as histórias todas e portanto posso ir perdendo informações nos permeios, não é um livro que me chame ou que me fique sequer na memória.

Já a parte do fim - esboços, planificações, desenhos - são apêndices que mostram como as coisas nascem e deixam-me sempre rendida. Ali sim as coisas ganham um ar muito mais interessante, mais cru e autêntico.

Resumindo, para mim: a arte não é nada de especial, a história também não tem mais do que isso. É um livro que nem por argumento nem por ilustrações vale muito. É engraçado, é diferente mas não é um dos que fica para recomendações ou lembranças. É bom para entreter um bocado.

domingo, 20 de dezembro de 2015

[escritos] Uns livros pelos outros

Sou uma moça que se gostar de um autor vai ler todos os livros, até aqueles que não se encontram em lado nenhum mas que por uma nesga dá para ver / ler.

Estava a pensar que por vezes não preciso de ler muita coisa para saber que um autor é o meu tipo de autor e comecei a pensar: quem foram os primeiros com que senti isso?

Primeiro pensei na Mary Roach. Apaixonei-me completamente com A Vida Misteriosa dos Cadáveres - acho que o próximo ano parece uma óptima altura para releitura - e desde aí que sabia que essa senhora era qualquer coisa de brutal que valia a pena acompanhar. Infelizmente em português não há grande coisa, e ainda só tenho dois livros dela. Mesmo assim o primeiro acho que será sempre o meu preferido com todas as utilidades - e sim, são mesmo coisas úteis - que um cadáver pode ainda fazer.

Depois comecei a tentar puxar mais para trás e talvez Saramago me tenha chamado antes disso. Não me lembro quando é que o li pela primeira vez mas também não foi à primeira que fiquei derretida para aquela obra.

Por isso sim, Mary Roach ganha.

E isto tudo porque ler o Elephants on Acid foi uma experiência tão curiosa que o segundo do mesmo autor - Hippos eat Dwarf - não demorou a vir para a minha prateleira. Mas não haja dúvida que uma pessoa depois começa a ganhar favoritismos, às vezes mesmo que involuntários.

Eu sei que gosto de King, vou ter alguma facilidade em pegar num livro dele mesmo sem saber o que seja.

Isso se calha interfere um pouco com a descoberta de coisas novas mas acho que há tempo e vontade para tudo!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

[leituras] William Shakespeare's Star Wars: Verily, a New Hope



Título: William Shakespeare's Star Wars:
Verily, a New Hope (#1)

Autor: Ian Doescher
Páginas: 174
Ano: 2013

Já não sei bem quando mas na busca de prendas para o meu namorado dei de caras com estas obras de Star Wars em versão Shakespeare. Achei que tinha todo o potencial, e mais, as capas são lindíssimas.

Acabei por me decidir a comprar o primeiro porque mais que não fosse era um livro giro de ter na prateleira.

Dito isto, e passados uns bons tempos de andar nas nossas mãos lá me decidi a pegar nele. Isto ganha essencialmente pela ideia.

Escrever a história desta maneira da-lhe um ar erudito, um ar mais antigo e sábio, mas é só ar, a história é a mesma e não traz nada de novo mas "Oh help me Obi-Wan Kenobi, help. Thou art mine only hope." dá estilo.

As ilustrações que existem são muito bonitas, dão um ar meio fofinho à coisa. Mas pronto, o livro não e mais do que isso. Uma adaptação interessante e curiosa mas pouco mais do que isso.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

[leituras] Death Note (#7 - #12)

Título: Death Note (#7 - #12)
Argumento: Tsugumi Ohba
Desenho: Takeshi Obata
Página: 200 (média)
Ano: 2006

E lá acabei isto.

Já sabia a história e isso acaba por condicionar um bocadinho a leitura, mas como isto já foi há uns tempinhos até já me tinha esquecido de uma boa parte, o que acabou por ser positivo.

Mais ou menos a meio da saga trocam-nos as voltas e portanto esta segunda parte (primeira), para mim é mais fraca. O ponto forte da luta constante de raciocínios entre L e Kira perde-se um pouco e mesmo com Near e Mello a serem personagens bem interessantes, a meu ver, ou deviam ser apresentadas mais cedo para não caírem de chapa ou terem uma manobra diferente que não fizesse perder tanto o fio à meada.

Não é que os livros, ou a história, tenha passado a ser má, antes pelo contrário. Acho que é uma história cheia de twists engraçados. É duvidoso que as coisas corram sempre exactamente como alguém esperou, soa meio incredível, mas pronto, isto é uma coisa com shinigamis amantes de maçãs.

Portanto, aquela pujança inicial perde-se um pouco porque parece mais do mesmo, na segunda parte, mesmo com estas novas personalidades a tentar dar vida à coisa.

Ainda assim são livros engraçados, bem pensados e com uma história capaz de cativar. Ao menos soube bem, leve e distrai. O que precisava nesta altura de tempo especialmente reduzido.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

[escritos] 2016

Olhando para o calendário já pouco falta para 2016. Há semelhança do que fiz para este ano acho que vou adotar uma lista de leituras a fazer, ainda que a queira com o mesmo regime deste ano: aberta e pouco rígida.

Isto porque há muito para ler, há alturas em que li coisas que depois me fizeram não querer ler outras. 

Acho que também fiquei mais picuinhas, lá isso também é verdade. Porque se ao fazer a lista pus o que me fui lembrando, quando peguei nalguns fiquei naquela sensação de "Podia estar a ler tão melhor..." e não é isso que quero.

Não cumpri a lista de 2015, mas não faz mal!

Li alguns livros que andavam na minha cabeça a saltitar há anos e finalmente saíram, finalmente sei se são bons ou maus, segui imensos conselhos de várias pessoas - mostly one, but still - e foi uma experiência que gostei.

Porque sejamos sinceros: eu ainda leio um bocado, quero ler muito mais, e de cada vez que falo com alguém de livro ou vou a uma livraria eu digo umas poucas de vezes "Tenho de experimentar o autor X", "Ainda não li o livro Y". Pondo isso no papel facilita que me lembre. E isso aconteceu e não podia ter ficado mais contente com a experiência. 

Já há lista começada para 2016, embora ainda esteja pequenina. Mas ainda há uns poucos de 2015 em stand by. Uns por outros e a coisa faz-se! E ainda bem!

domingo, 13 de dezembro de 2015

[leituras] A Contadora de Filmes

Título: A Contadora de Filmes
Autor: Hernán Rivera Letelier
Páginas: 88
Ano: 2009

Eu lembro-me que tive dedo na compra deste livro - que é do meu namorado. Tinha ficado com boa impressão dele e agora que o dono o decidiu ler também acabei por pegar nela, é pequeno, é levezinho, vamos lá.

E é daqueles livros que eu gosto de encontrar, simples mas com uma beleza intrínseca muito interessante.

A história em si tem reviravoltas interessantes, umas que me agradaram mais do que outras, mas de uma forma geral o resultado é um óptimo livro para ler num instante - eu li-o num dia, só nas viagens de comboio.

Uma terra com não muita gente, um contexto pré-televisão onde o cinema deslumbra mas os preços nem sempre dão para todos. E então numa família escolhe-se uma pessoa para ir ao cinema e contar a história em casa. Calha o jeito à moça da família, que cresce, em tamanho e em fama, com esta coisa de contar filmes. Mas a televisão eventualmente chega, e aquilo que é um cenário em que as coisas pareciam sossegadas e estabilizadas rapidamente pode mudar.

É um livro que embora tenho uma componente emocional muito presente o consegue aguentar de forma não lamechas ou aborrecida. Faz parte da história, dá sentido às coisas e não chateia.

A própria escrita, nem sei bem dizer porquê, mas teve a capacidade de me pegar, talvez pela simplicidade como põe as coisas. É tudo muito fluido e sem quebras, sem grandes embrulhos, vem tudo directo. Numa história, e num livro, como este não fazia sentido ser de outra forma.

Resumindo e concluindo: gosto imenso da capa, é bem gira; é um óptimo livro para quem se quer entreter num bocadinho pequenino de tempo; não é um livro que dê trabalho a ler e é um livro bem escrito e interessante. Este vale a pena!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

[leituras] Elephants on Acid

Título: Elephants on Acid and Other Bizarre Experiments
Autor: Alex Boese
Páginas: 283
Ano: 2007

A Fnac tinha lá isto em destaque. Não era caro, tinha uma capa gira, uma premissa engraçada e falava em coisas estranhas em Ciência = Livro bom para mim!

O mal de livros como este é que como são na íntegra só uma coisa têm logo potencial para ser aborrecido. Ao início fiquei com algum medo que isso acontecesse e depois o livro arrastava-se eternamente a chatear-me até o acabar.

Felizmente, neste caso, não houve nada disso! O livro é sobre experiências loucas, caramba, não podia aborrecer muito!

E passa por tudo: tentar perceber se há diferenças entre cócegas feitas por pessoas ou cócegas feitas por máquinas, substituições de cabeças, intensidade de cheiro de cocó de bebé, ou mesmo sabes se as pessoas preferem comer de um penico ou se um prato. Coisas banais do dia a dia.

O livro torna-se muito interessante, louco às vezes, mas acima de tudo nota-se que há muita gente a tentar pensar para além daquilo que já se fez ou se faz, vamos tentar algo novo. Às vezes não são as melhores ideias de sempre, mas enfim.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

[leituras] Wolverine: Origem

Título: Wolverine: Origem
Autores: Paul Jenkins, Andy Kubert, Richard Isanove
Páginas: 168
Ano: 2001

Se há coisa que não estava a contar era ler este livro e lembrar-me do Monte dos Vendavais...

Isto assim de chapa parece estranho, pelo menos a mim pareceria mas é que foi exactamente o que aconteceu. Aquelas reviravoltas todas dos donos de casa ricos, e os empregados porcos e sujos e maus. Depois no fim andam todos enrolados uns nos outros e separam-se e voltam-se a encontrar e sei lá. Que paciência para dramatismos amorosos... 

Mas bem, a história é engraçada, a termos a "maldição" de um pai a passar para os filhos que crescem primeiro juntos e depois separados como inimigos, depois de uma situação super mega trágica e dramática. 

E pronto, claro que é um livro com o Wolverine - ou vários, dependendo da perspectiva - tem de haver porrada e pessoal burro que se mete com ele só para apanhar a carga de pancada da sua vida, mas pronto, nada que não estejamos habituados no bom humor típico deste senhor.

Mas é mal que vem de família, não posso deixar de notar. Com as garras vem um feitiozinho daqueles especiais.

Enfim, é um livro interessante, com um bocado de drama a mais para o meu gosto, lê-se bem e é um livro porreiro mas não é nada que me faça ter muita vontade de o reler por ser tão maravilhoso. É engraçado, sim, mas não se torna fascinante.



segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

[leituras] O Espectacular Homem-Aranha - Regresso às Origens

Título: O Espectacular Homem-Aranha - Regresso às Origens
Argumento: J. Michael Straczynski
Desenho: John Romita Jr.
Páginas: 160
Ano: 2001

Esta colecção decidi-me a lê-la pela ordem de saída. Não vou saltitar entre números para pescar aqueles que tenho mesmo uma curiosidade ridícula. Vou ler por ordem, até porque assim nunca me perco e sem sempre onde vou e o que já li ou não.

E começar com o Spider Man não é a coisa que mais me entusiasme no mundo. Eu até gosto do Aranhinha mas não é que seja um daqueles tipos com quem tenho uma ligação especial. Eu sou fã de tipos com um bocadinho mais de força do que este.

De uma maneira geral as histórias não me chamam assim com muita força, não são histórias que me peguem com muita força. Enfim, há vários super heróis que apareceriam à frente do Aranha na lista.

E não é que com este livro me consegui surpreender. Isto é bom! Aliás, este livro conseguiu fazer-me sentir mais totó que o Aranha, e isso é dizer muito. Eu confesso, aqui e agora, que nunca tinha reparado que praticamente todos os inimigos do Spider Man eram derivados de bicheza.

Tem o Spider Man a ser confrontado com alguém que não conhece mas que parece saber mais do que ele próprio sabe. E depois, claro, um super vilão, mais forte do que todos os outros, que vem esborrachar o pernilongo.

Mas isto acaba por ter contornos tão estranhos e surpreendentes dentro do mundo que se conhece sempre à volta deste tipo que torna-se uma história super fluída e interessante. Não estava nada a contar. E no fim deve ter sido dos livros de Spider Man que mais gostei.

A arte não é nada de especial, não me chama muito, é banal e sem grande interesse, mas a história em si torna o livro um bom achado.

Se pensava que a colecção a começar por Spider Man não era a coisa mais fascinante de sempre ela conseguiu-me mostrar que estava a ser injusta. Começou bem e aprendi a minha lição. Até o do Capitão América vou ler com menos relutância.


domingo, 6 de dezembro de 2015

[leituras] O Diabo e Eu

Título O Diabo e Eu
Autor: Alcimar Frazão
Páginas: 48
Ano: 2013

Bem, mais uma BD pequenita, que se lê, calmamente e a apreciar as vistas, em 20 minutos. Não tem diálogos, é composto só pelas imagens e esse esquema, neste contexto até que funciona muito bem.

Mas bem, o livro começa com um Prefácio de Sandro Saraiva que nos contextualiza naquilo que vai ser o livro. Sem esta introdução as coisas fariam muito menos sentido e o livro não teria grande coisa a contar. 

Antes de mais, começar pelo ponto alto nisto que são as ilustrações. As ilustrações são realmente muito bonitas e ganham o prémio de ponto forte do livro. 

Segundo: a edição, honra seja feita à Polvo, também está um miminho. A capa e contracapa são interessantes, as cores só pelo preto e azul que morre no meio do preto cria uma capa que transmite bem a postura do livro, transmite bem o tom melancólico que se apanha ao longo de toda a história. Depois as páginas pretas, no interior, e os próprios arranjos brancos, contrastantes, dão uma beleza muito interessante - ainda que dark - ao livro nos seus pordentros.

A história em si não é das que cativa especialmente. A representação de vidas complicadas, a maneira de lidar com adversidades em conjunto com a maneira de fugir daquilo que é o dia a dia.

É um livro que para mim ganha muito pela arte mas que em história não traz muito de novo.

Gostei do livro mas não é um dos que marca lugar cativo.



sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

[cinema] Ricky and The Flash

IMDB

Trailer

Eu gosto da Meryl Streep. Com muita, muita probabilidade eu não veria este filme se não a tivesse a ela. Prometiam Rock, tinha a Meryl, vamos dar uma abébia.

O filme não é nada de especial. É um filme que tem momentos engraçados, que teve a decência de não cair em todos os clichés - caiu nalguns mas pronto... - e pronto, fizeram um filme, engraçado e diferente mas que não acrescenta grande coisa a nada. É mais uma linha no IMDB, no meio das milhentas da Meryl Streep, por exemplo.

De qualquer das formas, aproveitar o que têm para brincar um bocadinho: pegarem na filha da Meryl para.... fazer e filha da Meryl. Realmente faz sentido, não é inédito nesta família mas enfim, é bem apanhado. 

De resto é um filme típico para puxar uma lagrimita de vez em quando - se nos esquecermos do todo -, que nos dá uns risos de vez em quando, enfim, é um filme que entretém, que é giro de ver mas não é nada que nos fique muito na memória. 


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

[leituras] Death Note (#1 - #6)

Título: Death Note (#1 - #6)
Argumento: Tsugumi Ohba
Desenho: Takeshi Obata
Página: 200 (média)
Ano: 2003

Agora que estou a pensar no que escrever quanto a isto estou a lembrar-me que Death Note foi a primeira Anime que vi. Curioso, comecei em grande.

Na altura gostei bastante de ver a série (shinigamis que libertam no mundo humano cadernos que escrevendo lá o nome de alguém os mata.... pois que isto tinha potencial para ser uma coisa que eu ia apreciar...) e desde aí que pensei em ler os livros, embora ainda tenha havido uns dois anos de intermédio. O que acaba por ser bom. Porquê? Porque os livros são muito do mesmo em relação à série.

Sim, eu sei, os livros e a série estão a contar a mesma história mas aqui não há grandes adaptações: o que está numa é o que está na outra. E, para mim, ler isto logo a seguir a ver a série não teria funcionado assim tão bem!

Faço um ponto de situação a meio da saga, já estão seis lidos, outros seis seguirão o mesmo caminho, e o engraçado é que mesmo conhecendo a história e lembrando-me das coisas quase todas esta história consegue cativar-me o suficiente para não ser aborrecida, para ter momentos surpreendentes e interessantes. 

Eu gosto imenso do conceito mas essencialmente gosto das personagens. Seja porque o Light é um tipo inteligente com uma capacidade ridícula de pensar no desenvolvimento de eventos quando acontece uma coisa qualquer - nem imagino o que não seria jogar xadrez com ele - ou porque o L é igual a ele mas com aquele toque estranho que lhe dá uma piada reforçada.

E depois há a Misa Misa que não consigo não gostar dela. Ela tinha todo o potencial para ser estupidamente irritante mas eu gosto tanto dela, toda fofa e inocente, que até nos surpreende por ter mais do que dois neurónios a funcionar dentro daquela cabeça.

Enfim, eu sei que estes livros agora degeneram um bocado nos próximos mas quem não sabe não aprendo agora uma maneira diferente de ver os ler e gostar do que vem a seguir. Tenho esperança. Vamos ver se dá nalguma coisa.



segunda-feira, 30 de novembro de 2015

[leituras] O Homem que Mordeu o Cão - Os Clássicos

Título: O Homem que Mordeu o Cão - Os Clássicos
Autor: Nuno Markl
Páginas: 334
Ano: 2015

Eu tenho de confessar que tenho grande admiração e apreço pelo autor deste livro. Não o conheço, falei com ele uma vez, no lançamento deste livro, mas é daqueles tipos que vejo e ouço e leio e fico a pensar "Eu gostava de me dar com ele.".

Porque é das poucas pessoas "famosas" que vejo a defender muito daquilo que também defendo e prezo nesta bola azul onde vivemos. Defende as causas em que acredita, é um nerd do catano, não tem vergonhas de mostrar aquilo que gosta e acima de tudo, algumas coisas que são tão raras, como a capacidade de assumir que não se sabe tudo e que em dadas situações só podemos ver as coisas até um ponto, e a capacidade de reconhecer quando erra. Esta última então é cada vez mais difícil de se encontrar.

E digo tudo isto do que vou vendo, seja nas redes sociais, seja nas milhentas coisas que este homem faz. Não o conheço, pois não, mas gostava.

E por isso quando vi que o Colombo ia ter o lançamento deste novo livro do HQMC não tive de pensar muito para marcar na agenda. O livro já estava nos planos de ser comprado, poder encontrar o autor e levar um rasbiquito na primeira página era um bónus.

E lá fomos, eu e o meu namorado, ver um lançamento divertido, descontraído (Nuno Markl, Ricardo Araújo Pereira, Vanda Miranda e Vasco Palmeirim) onde rimos muito e no fim lá fomos para a fila para receber um autógrafo.

E depois fui para casa, ler o dito do livro dos Enormes Seios. E isto é um livro óptimo para ler na cama, ao fim do dia, antes de dormir. Rimos um bocado, comentamos umas coisas (tamanhas são as alarvidades e burrices que por lá andam) e é levezinho o suficiente para o lermos cansados mas que no fim nos deixa a nós próprios de cérebro mais sossegado e descansado prontinho para ir dormir.

Não é que a versão de ser um bom livro de casa de banho esteja refutada, antes pelo contrário. Também é bem bom, uma pessoa distrai-se e como são histórias curtas ocupa o tempo certo da necessidade em questão.

É um livro para rir, para descontrair e para ver que realmente até eu, que poucos mais anos tenho do que o HQMC, noto que há uma boa evolução do Markl de há uns anos para cá. Os anos fizeram-lhe bem, o humor melhorou mas o espírito nerd e destrambelhado - como eu o percebo - mantêm-se.


domingo, 29 de novembro de 2015

[leituras] Crónicas Marcianas

Título: Crónicas Marcianas
Autor: Ray Bradbury
Páginas: 190
Ano: 1950

Este livro não era tipo 1984 que de estava sempre no topo da lista para ler mas nunca acabava lido. Este nunca me lembrava dele. Quando me falavam do livro, ou quando o via, aí sim, vinha uma coisa das maiores profundezas do meu ser a dizer que tinha de o ler. 

Já não precisarei de me esquecer e/ou lembrar mais vez nenhuma que desta é que foi. 

E realmente isto é um belo dum livro!

São pequenas crónicas, em diferentes tempos e com diferentes pessoas, de gente em Marte. Os marcianos a fazerem a sua vidinha, e os terráquios que começam a ir explorar o planeta com ideias de ficarem por lá a viver. 

E vemos a evolução de dois povos, o contraste da vida da Terra com a vida em Marte e de forma muito interessante, e bizarra ao mesmo tempo, a fragilidade humana.

Ao pesquisar um bocadinho sobre o livro encontrei várias pessoas, leitores recentes, que criticavam o livro dizendo que as ideias que continha tinham pouco de originais e menos ainda de interessantes. Eu só consigo discordar. Este é um livro com alguma coisa de especial, de intrinsecamente bom.

Seja porque os humanos caem que nem tordos, seja porque os marcianos são espertos e brincam connosco como bonequinhos, e mais a mais, numa estrutura em que não temos um contínuo, mas sim uma história contada por partes, o livro fica ainda mais interessante, mais cativante e quando chega ao fim fica-se com pena.

"Bradbury não falha!" e é bem verdade. Esta escrita é fabulosa e tem em mim aquele efeito que tanto se fala de viajar dentro de um livro. Cativa, envolve e durante o tempo em que o leio não estou cá, estou em Marte ou onde quer que seja.

Só tenho pena de ter sido a primeira vez que li isto, porque cheira-me que vai ser relido várias vezes, para apanhar detalhes que me escaparam agora, e para apreciar outra vez esta obra. Daqui a um aninho, ou assim!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

[cinema] The Incredibles

IMDB

Duração: 115 min
Ano: 2004

Trailer

É incrível, eu sei, mas nunca tinha visto o filme dos Incredibles.

E agora que vi já percebo o porquê de dizerem que isto é um filme espectacular.

Primeiro, finalmente já tenho contexto para todas as imagens que a internet me mostra quase diariamente do "Coincidence? I think not!". Se já gostava dessa frase agora então é uma das minhas preferidas!

Depois ter uma família que por nome já são Incríveis, dá algum gosto. E é engraçado de ver, porque os super heróis aqui passaram de bestiais a besta e estas pobres pessoas têm de viver vidas normais, escondendo os seus poderes, para poderem criar a sua família sem serem perseguidos.

Mas é fácil de ver que há muito potencial para dar asneira: um homem com uma força descomunal, uma mulher elásticas, um miúdo arraçado de Flash, uma adolescente com tendências emo e que consegue criar campos de força do nada, e no meio disto tudo um bebé que ainda nem sequer se sabe o que pode vir a fazer.

O filme é muito divertido, tem aqueles momentos que para as crianças não é nada mas que para um adulto dá um passo em frente - ver filmes para crianças dá sempre nisso! - mas de uma forma geral é um filme bom, com personagens bem construídas e que nos conquistam assim que entram no ecrã e sem dúvida que vale a pena ver isto com atenção!

Quando sair o segundo já posso ver logo! Yay!



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

[leituras] Mensagem

Título: Mensagem
Autor: Fernando Pessoa
Páginas: 96
Ano: 1934

Eu gosto de Fernando Pessoa. Gosto de muitos dos textos que escreveu, gosto do génio que ele era mesmo no meio de uma grande dose de esquizofrenia.

Agora, da Mensagem confesso que só tinha lido os textos como isolados e não no livro. E não tinham sido todos. Agora pegando nisto e lendo... Não me chama grande coisa, não.

Há uma tentativa clara de fazer aqui uma obra histórica com muitos dos episódios marcantes na história de Portugal e muitas das personagens que ajudaram para a nossa grandeza perdida.

Mas o que é que hei-de fazer, são poemas pouco interessantes que mais juntam umas palavras que rimam do que propriamente contam alguma coisa ou têm algum tipo de beleza intrínseca ao jogo de palavras. Há algumas passagens realmente boas, sim, mas são poucas e não chegam para salvar o todo.

Portanto, Sr. Pessoa, coisas muito boas, sim senhor, textos que gosto realmente de ler e que valem a pena. A Mensagem, deixemos fazer uma pré-selecção de alguns pedacinhos e o resto não vale muito a pena, não...

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

[leituras] Black River


Título: Black River

Autor: Josh Simmons
Páginas: 112
Ano: 2015

Mais uma BD escolhida de forma aleatória porque, pronto, eu gosto de BD.

Num mundo apocalíptico há grupos de pessoas que vão sobrevivendo como podem, andando de terra em terra, com um factor de sobrenatural nunca bem explicado mas que paira e intervém de vez em quando. 

As coisas às vezes são só estranhas e não se percebe de onde aparecem - como quando alguém num bar vai ao palco matar o humorista que lá estava, e isso é um evento banal do dia a dia.

Para começar as ilustrações são fantásticas, preto e branco mas ilustrações impecáveis, realmente muito boas. A história consegue ser estranha, consegue ser bruta, consegue ser adorável, consegue ser triste, eu nem sei, consegue ser tanta coisa que no fim acaba por ser essencialmente confusa. 

Para mim foi um livro um pouco complicado, porque no meio destas peripécias todas acabamos numa situação em que um grupo tem o outro prisioneiro e as mulheres são usadas e abusadas como os lhes der bem na telha.

É uma situação são puramente má e podre da espécie humana, que infelizmente sabemos que não é só na ficção que acontece, com morte gratuita e sem sentido, com abuso da condição humana ao máximo... 

É um livro que não é fácil de ler, porque às vezes tem passagens que não compreendemos de onde vêem e também porque é preciso ter algum estômago para ver muitas das cenas que aparecem, seja morte, tortura, violações ou situações de destratar completamente quem quer que seja que esteja à volta.

Não posso dizer que tenha sido um livro de que tenha gostado especialmente, gostei muito da arte, gostei de algumas passagens da história, é uma história que marca um bocadinho mas que está bem conseguida, bem pensada e moderadamente bem concretizada.

domingo, 22 de novembro de 2015

[leituras] Living Will (#2)


Título: Living Will (#2)
Argumento: André Oliveira
Desenho: Joana Afonso
Páginas: 16
Ano: 2014

Estou tão contente por andar a ler estes mini livros. É uma óptima surpresa encontrar coisas neste formato, que tem tudo para ser muito bom e vendível, e depois o conteúdo é realmente bom! Habemus cenas porreiras!

O primeiro deixou-me muito curiosa e com uma nesga de algo que podia ser muito bom. Este segundo, embora tenha achado mais fraquito que o primeiro, continua no mesmo bom trabalho.

Como alguém muito sábio comentou comigo, quando a falar destes livros, tenho pena que sejam em inglês. Até porque soa forçado, ou seja, as falas e os comportamentos e situações soam a portuguesas, mas depois a língua está desfasada. 

Mas independentemente disso eu estou a gostar de ver o que aqui anda. Este #2 foi mais calmo, foi diferente mas continuou a cativar-me e a deixar-me interessada do início ao fim - ok, o livro só tem 16 páginas, mas quantos não li já que na primeira já estou com vontade de o largar.

Ainda faltam 5 para ver esta saga completa e conhecer a história toda mas sem dúvida que estou mortinha por saber o que ainda me espera. Um conceito que funciona tão bem por ter as pessoas que tem. O André Oliveira tem aqui uma história muito boa e a ser bem contada e a Joana Afonso tem ilustrações espectaculares que valem toda a pena de serem vistas.

Continuo a adorar as cores! Estão fantásticas e tornam o livro tão mais giro e interessante. E pronto, é isto, vou ler o terceiro e já digo mais umas coisas daqui a uns tempos! 

(Por favor, não descambem! I have faith in you!)

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

[cinema] The Cabinet of Doctor Caligari

Título: The Cabinet of Dr. Caligari
Realização: Robert Wiene
Argumento: Carl Mayer, Hans Janowitz
Elenco: Werner Krauss, Conrad Veidt, Friedrich Feher
Duração: 78 min
Ano: 1920
IMDB

Trailer

Boas recomendações para este filme, uma história estranho-curiosa e férias! É uma boa junção para ver um filme. Pena que já foi há uns tempos, essa última condição já era renovada.

Tantos anos depois (isto já é de 1920, acho que nem tinha visto um filme tão antigo) e a imagem é bem mais bonita e interessante que muitos filmes feitos hoje em dia! Um expressionismo muito vincado que dá uma força gigante a todo o filme. Um homem de aspecto estranho e mestre em hipnose, que controla o que deve ser o sonâmbulo mais mal encarado do cinema. Olhos muito fundos, imagem muito vampiresca, magreza extrema e olhar sempre esgazeado, fazem dele uma boa pessoa para não encontrar à noite numa rua escondida.

Mas um sonâmbulo que adivinha o futuro. Uns cenários com sombras e luzes desenhadas nas paredes já de si tortas e retorcidas. Tudo junto cria o ambiente ainda mais louco do que aquele que a história nos obriga.

A maneira de agir e de pensar de todas as personagens envolvidas quando postas em contacto com crime, loucura, amor, mistério, impossíveis, é muito directo e dramático, ao bom estilo cinematográfico da altura - e diga-se que doutra forma nunca teria tanta piada, ou até se lhe juntassem cor e/ou falas. Assim levou tudo com uma hipérbole em cima e as coisas têm de se desenrolar dessa maneira, e para quem vê o resultado é incrível.

Isto é um filme que toda a gente que gosta de cinema devia ver. Uma forma de contar uma história muito diferente do que é normal, de tal forma que nos obriga a nós, como espectadores a ver o filme de forma diferente, a analisá-lo de forma diferente.

O filme é estupidamente bom, as brincadeiras de imagem para nos transmitir várias mensagens diferentes é só genial e tenho pena que este malabarismo que se via muito no cinema antigo, agora já não exista. Sim, já não precisamos de por tudo no cenário ou nos gestos dos actores, eles agora falam e cantam e o cenário consegue ser ajustado para fazer tudo aquilo que queiramos, mas com essas evoluções e facilitismos todos houve muito do que era autêntico que se perdeu, e isso é uma coisa que tenho imensa pena.

Depois, em cima disto tudo, um misto de loucura e sanidade que nunca sabemos bem em quem podemos identificar qualquer uma das duas. Se quem tenta fazer coisas com este tema fizesse metade do que está neste filme as coisas eram muito mais interessantes...

Resultado, um grande filme, grandes representações dos actores envolvidos, um trabalho de realização absolutamente genial, e se calhar dedico-me ao cinema clássico, anos 20/30. Aquilo tinha mais interesse do que a maior parte das coisas que vejo a sair...


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

[leituras] Lágrima

Título: Lágrima
Autor: André Pereira
Páginas: 199
Ano: 2015

Era muito, muito difícil de pegar neste livro se não conhecesse o autor. Vem da Chiado, Embora tenha uma capa que se destaca não seria pelo título, pelas cores ou pelo aspecto que iria lá. De todo.

Mas fui à apresentação deste livro e desde aí que andava bastante curiosa para o ler. 

A história é apresentada por um início brilhante que nos cativa e deixa logo animados para perceber o que vai sair dali. Um casal a quem morre o filho. A mãe chora. O pai ri. A premissa está dada e é suficiente para nos fazer pegar no livro.

A maneira como ambos os pais lidam com a perda de um filho, tanto no conflito interno que têm, como no conflito com os terceiros que obrigatoriamente se juntam à volta, é interessante e é explorada de uma forma realmente bem pensada e psicologicamente profunda, se lermos com real empenho.

Foi muito curioso de ver as voltas que podem ser dadas neste assunto, a maneira como um pai coveiro enterra o filho entre gargalhadas. É uma ideia tão estranha e ao mesmo tempo tão natural e autêntica.

Enfim, a história convenceu-me, e não se ficou por uma premissa boa: há um bom desenvolvimento ao longo do livro que nos vai realmente mantendo agarrados à leitura.

Com este livro só tive um problema: a escrita! E nem foi com tudo, foi num ponto muito específico que me chateou. A maneira de descrever situações e emoções e de desenrolar uma história é boa, muito boa até, uma escrita limpinha que sabe bem de acompanhar. Não é uma coisa banal nem é uma coisa estranha, segue mais uma linha de pensamento do que de oralidade ou escrita. E isso é uma coisa que encontro pouco, e tenho pena. Mas depois há um esforço muito vincado de introduzir uma parte mais "literária" que me chateou. Principalmente na primeira parte do livro, depois a coisa acalma e ainda bem!

Mas estar a ler uma parte qualquer e ser atirada completamente para fora da história porque se faz um parêntesis inútil, ou uma metáfora forçada... Isso não, isso não torna o livro melhor, só o piora. A leitura não consegue ser feita de forma natural, não nos conseguimos embrenhar no livro porque recorrentemente estão-nos a tirar para fora dele. Segue os intelectualismos que tanto estão na moda e que não consigo perceber o porquê. 

Uma história bem contada não precisa dessas coisas. E uma escrita literária tem-nas, mas de forma fluída e dentro da história, não numa clara introdução de palavras fora da linha que estava a ser seguida porque ali dava para fazer aquele trocadilho, ou para fazer a metáfora X. 

Isso entristeceu-me porque num livro com tanto potencial, com uma história boa e uma escrita impecável que realmente dá gosto a ler não é preciso esse tipo de coisas. Espero isso num autor mau ou até mediano que quer ver se salva a honra do convento com alguma coisa que tenha à mão; não o espero aqui.

Agora, há aqui claramente muita margem de manobra para os próximos livros serem espectaculares. Ainda tenho de ler o primeiro - que só peguei de fugida - e os próximos hão-de aparecer! E ser lidos, com todo o gosto! 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

[leituras] Cosmicomix

Título: Comicomix
Autor: Amedeo Balbi, Rossano Piccioni
Páginas: 152
Ano: 2015

Eu no Logicomix já tinha pegado e ficado interessada embora fosse coisa mais para o meu namorado do que para mim. Já este Cosmicomix chamou-me mais desde o início. O melhor é que os nomes tão parecidos dão a ideia de que estão ligados e não, são mesmo só nomes, não estão relacionados de nenhuma maneira. Mesmo assim têm ambos um ar maravilhoso!

A minha paixão por saber o que há do lado de fora desta pequena bolinha sempre me fascinou e portanto este livro assenta que nem ginjas na minha pessoa!

Isto é um livro que vale totalmente a pena, a todos os níveis. A arte é bastante boa, a história é-nos contada de forma divertida, simples, calma, quase como um desenrolar de acontecimentos em avalanche que resulta de forma fascinante. 

Se não vejamos: fazem-nos uma viagem ao longo da história da astronomia, desde os inícios até ao ponto - mais ou menos - em que estamos hoje. Falam-nos de grandes nomes relevantes para este desenvolvimento, com as vitórias e fracassos, com as ideias inovadoras e os trabalhos inglórios que a falta de comunicação global, como a temos hoje, permitia.

Mas o livro foi pensado de tal forma que já faz ressalvas a tudo o que lhes possa ser apontado. É cientificamente correcto? Sim! Tudo o que se passa no livro é verdade? Nem tudo, porque para efeitos de contar uma história e de a passar para o papel há alterações que têm de se fazer. MAS esforçaram-se para inserir a maior quantidade possível de coisas verídicas, públicas, e que até se dão ao trabalho de nos dizer onde podem ser encontradas. Eu a ler estas pequenas "justificações" conseguia imaginar o pessoal que fez isto a pensar na quantidade de coisas que podiam apontar - e porque se pode fazer vai sempre haver quem faça - e então, antes não dar grande margem: tomem! Está aqui aquilo que pedem! Agora não nos chateiem mais!

O livro ensina realmente coisas, mostra não só como estas coisas aconteceram para esta área mas também os problemas que a investigação, há não tanto tempo quanto isso, acabava por ter por falta de conhecimento do que outras pessoas andavam a fazer. 

É simples, fluido, lê-se num instante e como quem não quer a coisa mostra-nos mais do que parece a início.

É um óptimo livro, pequenito, interessante, engraçado e muito bem conseguido! 

domingo, 15 de novembro de 2015

Internet Attack (XXXVIII)

Vamos começar logo com coisas engraçadas que envolvem o Belengu, o boneco da Michelin, bifes e balões vários.




Quão errado é eu achar estas imagens, e as suas parceiras, obras absolutamente deliciosas. São tão cheias de coisas, na maior parte sem fazer qualquer sentido, e que juntando uma data de coisas simples e até adoráveis tornam-se em cenários mega estranho dignos de muitos filmes de terror. 

Mais a mais as imagens estão cheias de referências a personagens conhecidas do imaginário infantil o que ainda torna as coisas mais engraçadas. Armandine Urrity

Mas depois também há imagens muito explícitas de como se pode morrer de forma simples!




Estas imagens são alemãs, de 1931, e mostravam as várias maneira como era possível morrer electrocutado. Bons velhos tempos, não?

Para finalizar pensem no porquê da existência disto:









sexta-feira, 13 de novembro de 2015

[cinema] Death Becomes Her

Título: Death Becomes Her ("A Morte fica-vos Tão Bem")
Duração: 104 min
Ano: 1992
IMDB

Ah, os anos 90... Ainda nem era nascida quando isto saiu, curioso.

Still, quando se tem muita coisa para fazer o que é que se faz? Vê-se um filme, claro. Bem, foi o que eu fiz.

Coisa puxa coisa e um filme cómico parecia bom para aliviar um bocadinho a cabeça e espairecer. Este já andava na calha há uns tempos (o poster tem uma pessoa com um buraco em vez do abdómen!!!) e não foi preciso pensar mais.

O filme já tem uns aninhos - e nota-se em especial quando se olha para a figurinha dos actores que tão bem continuamos a conhecer.

Um homem, duas mulheres, uma relação a dois, só falta é escolher o par certo. Duas amigas que disputam o mesmo homem e cuja relação amor/ódio se torna numa questões engraçado ao longo do filme. Uma poção capaz de trazer de volta os tempos áureos da juventude onde "tudo estava no sítio" e como efeito secundário, bem, a vida eterna...

E como é que descobrimos esta capacidade maravilhosa? Quando a Meryl Streep é atirada de umas escadas, vira a cabeça num ângulo de 180º e se levanta como se não fosse nada com ela. Ou quando a Goldie Hawn leva um tiro à base de zagalote na barriga, fica mergulhada num lago durante uns minutos e depois se levanta tranquilamente.

Não é bem assim que as coisas funcionam, não é? Mas se já estão mortas ficam ligeiramente descoloradas, com algumas funções a precisar de manutenção e o homem que ambas disputaram na vida - Bruce Willis - é um médico com jeitinho para a coisa. Mantê-lo por perto para nunca terem de se preocupar é fundamental...

O filme não é estupidamente engraçado, não me fez desmanchar em gargalhadas mas tem uma ideia engraçada, actores que entram bem no espírito palerma da coisa, e passa-se bem o tempo, mais que não seja com um ligeiro esgar sorridente nos lábios. Já não é mau.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

[leituras] Tim Ginger

Título: Tim Ginger
Autor: Julian Hanshaw
Páginas: 160 
Ano: 2015

Já não pegava numa BD completamente aleatória que apenas me pareceu ter bom ar há tanto tempo! Retomei velhos hábitos com este Tim Ginger. Mais que não seja o nome era giro.

Folheando como quem não quer a coisa a arte cativou-me e não precisei de mais para me decidir.

E que belo livro.

Eu confesso que há livros que são fáceis de me agradar se tiverem algum pormenor que ache realmente fascinante. Só um pormenor pode fazer o livro, para mim (mas tem de ser mesmo bom!). E este livro já me estava a cativar e depois tem um desses momentos.

O livro é sobre um homem, no seu descanso e na sua paz, depois de ter perdido a sua mulher de forma estúpida. Um homem que conheceu o Universo ao mesmo tempo que perdeu aquilo que o ligava realmente à Terra. 

A mulher que amava e com quem decidiu não ter filhos. Uma decisão que sempre causou estranheza por onde quer que passassem e que é aproveitada para fazer um ponto muito claro durante o livro, de várias formas. 

Entre viciados em OVNI sedentos por informação adicional, cricket e encontros com velhos amigos a história cria-se, simples, fluída, e a dar-nos várias informações de maneira quase inconsciente. 

É um livro muito bonito de se ler, em história e também muito na arte. O jogo de cores que é feito é dos mais bonitos que tenho viso nos últimos tempos e as próprias ilustrações têm passagens lindíssimas.

É um livro que vale bem a pena, leve e calmo, para ler numa tarde de chuva enquanto se bebe um chá quente. Ah...






segunda-feira, 9 de novembro de 2015

[leituras] Time Out of Joint

Título: Time Out of Joint
Autor: Philip K. Dick
Páginas: 220
Ano: 1959

Eu gosto de K. Dick, já li uns contos que gostei imenso e quando apanhei um livro dele barato num alfarrabista não pensei muito antes de o trazer.

Pelas várias críticas que fui apanhando parece que este filme inspirou vários filmes e séries - ou pelo menos os leitores assim o identificaram - mas confesso que para mim este livro fica mais pela ideia do que pela execução. Ressalva seja feita que o livro foi lido com muito stress, muito sono e especialmente pouco tempo, o que sem dúvida afecta a qualidade da leitura, mas mesmo assim, sigamos...

Raggle Gumm é um tipo que nos é apresentado como alguém que ganha um concurso repetidamente mas que desde o início está envolvido num ambiente que parece de algum modo artificial. 

Com pistas estranhas ao longo da história, com pessoas aleatórias a terem mais relevância do que se julgaria a início e com todas as trocas que são feitas entre personagens, locais, lembranças e situações, havia muito para explicar. Até a pobre da Marilyn Monroe anda lá pelo meio sem se saber muito bem porquê ou porque não.

E acho que o que não me conquistou foi a história ser demasiado confusa mesmo quando tiro o estranho da situação, de que nem quem vive aquilo sabe o que se está a passar. Não foi um livro que me cativasse e entusiasmasse desde o início, só depois do meio é que aquilo começou a funcionar melhor - porque já tinha mais contexto e porque deixou de ser uma salganhada completa.

E fiquei com pena, porque juntar paranóia quase ao nível da loucura completa, mistério e momentos em que pensei : "Isto vai dar algo muito bom", e depois no fim não joga tudo e a escrita, a própria maneira de nos apresentar as coisas não foi a que mais gostei.

De qualquer das formas K. Dick é daqueles autores que sabe sempre bem, embora fique mais inclinada a pegar nos contos do que nos livros.

  

domingo, 8 de novembro de 2015

Internet Attack (XXXVII)

Só recentemente ouvi falar da NAPSA - National Association for the Preservation of Skin Art. E a ideia é bastante simples: vamos preservar as tatuagens que as pessoas fazem em vida, para além da vida delas.

Por muito mórbido que algumas pessoas possam achar que isto é, eu acho que é curioso e interessante. As tatuagens, em vários casos, são verdadeiras obras de arte. Há muitas horas de preparação, de trabalho, de sofrimento, e o resultado final há obras que valem com certeza a pena de serem lembradas e, quem sabe, preservadas!

De certeza que parece bizarro tirar parte da pele de alguém para a preservar e tal, mas se formos a ter em conta o propósito que muita gente tem para fazer tatuagens, pela arte em si, e não porque querem marcar um momento ou coisa do género, então faz sentido que as coisas se perpetuem.

Fran Krause não devia ter muito para fazer e então lembrou-se: vamos acagaçar as pessoas com coisas que são capazes de ainda não se ter lembrado!




A imaginação das pessoas é uma coisa fabulosa. E esta é especialmente engraçada porque os pensamentos são muito simples. Acho que é isso que os faz tão interessantes.

E para acabar em bem veja os vídeos que um grande maluco filmou mas que nos fazem voar durante uns minutos em sítios lindíssimos! Vale bem a pena!


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

[leituras] Cidade Suspensa



Título: Cidade Suspensa
Autor: Penim Loureiro
Páginas: 64
Ano: 2014

A capa embora me parecesse interessante - em grande parte por ser tão aleatória e ter uma passarola por lá escondida - não era a coisa que mais me chamasse num conjunto de bds que me aparecessem à frente. Mas uma vez lido livro lido fiquei positivamente surpreendida. 

A história é contada de forma diferente do que o habitual. São-nos dados pormenores em forma quase de entradas num diário de bordo. Uma data e o acontecimento dessa data, e isto ao longo de uma vida. 

Um grupo de pessoas que se vai criando, e destruindo, com muitos acontecimentos estranhos pelo caminho que nunca chegamos a perceber completamente.

Com aventuras nas vidas destas pessoas, ao longo dos anos e em vários países, vamos saltando de situação em situação tentando apanhar as pontas perdidas que nos vão aparecendo. E o livro é muito na base disso, tentar encontrar as explicações para o que nos contaram do que se passou uns anos antes. Situações bizarros, pessoas desaparecidas, novas pessoas, amizades que de retomam por algum motivo, coisas muito aleatórias que juntas contam uma história que deixa alguns buracos por preencher.

Agora tem uma guinada forte de influência portuguesa, muito marcado nalgumas passagens e que torna o livro mais interessante ainda. Há armas escondidas em Galos de Barcelos, vamos dar relevância a estas coisas! Há um imaginário tuga que até a passarola chamou. Para os portugueses conseguimos ir buscar pequenos pormenores que para nós são guloseimas no meio da história, e sabem bem! Esse lado acaba por ser interessante de ver explorado, apela ao nosso lado patriota e dá mais uns pontinhos extra!

O livro é engraçado e ganha essencialmente por dois motivos: a arte, que é bem interessante, e a estrutura do próprio livro, que foge à regra do que se costuma encontrar em bd. Tirando isso, a história é interessante mas não me cativou especialmente.

É um livro engraçado para ler e vale a pena mais que não seja para ver esta forma de contar uma história. 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

[leituras] Living Will (#1)

Título: Living Will (#1)
Argumento: André Oliveira
Desenho: Joana Afonso
Páginas: 16
Ano: 2013

Uma ideia tão simples e com tanto potencial. 

Quem olha assim de repente para estes livrinhos ínfimos até é capaz de não lhes dar grande valor mas por favor, já toda a gente sabe que o tamanho não importa... Não? Ok!

São pequenitos mas olhando para os que já existem - se não me engano já são 5, de 7 - a colecção é bem bonita, com cada livro a ter a sua cor, com capas chamativas e que olhando para eles todos juntos pensamos que 'realmente vale a pena ter isto na prateleira'. 

O melhor? Não é só aspecto, os livros parecem-me ser realmente bons! Ainda só li este primeiro - o segundo está quase a ser lido! - mas isto vale muito a pena. 

Um homem com uma vida já bem percorrida que se vê sozinho e tem de arranjar maneira de lidar com este novo estado. Saber lidar com a falta daquilo que nos faz mais falta. O viver com as memórias, com as saudades, com a solidão... E toma uma decisão, entra numa nova postura em relação à vida e ao que vai fazer dali para a frente. Só nos dão um cheirinho dessa nova etapa mas chegou para ficar uma vontade inabalável de ler o resto dos livros. 

Fico feliz por ver coisas assim a aparecer! O pessoal português a mostrar que cartas sabem lançar! Um óptimo trabalho, interessante, bonito e que sinceramente, de cada vez que penso nele fico mais entusiasmada e com vontade de ler. 

Obrigada André Oliveira. Obrigada Joana Afonso. Assim vale a pena!

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

[leituras] Charlie and The Great Glass Elevator


Título: Charlie and The Great Glass Elevator

Autor: Roald Dahl
Páginas: 166
Ano: 1972

Pela primeira vez consegui ler um livro do Dahl sem que tenha partes estupidamente tristes capazes de amolecer o coração mais gelado do universo.

O que vale é que sendo este uma continuação do Charlie and the Chocolat Factory a parte triste já ficou no outro e este pode avançar para as partes giras/estranhas/mirabolantes.

Porque a personagem do Willy Wonka é completamente excêntrico mas adorável ao mesmo tempo. 

Desta vez vão no elevador de vidro com toda a família: Mr. Wonka, o pequeno Charlie, todos os 4 avós e ainda os pais. Oito pessoas num elevador que os leva nas mais loucas aventuras, indo parar ao espaço, visitando o hotel espacial prestes a inaugurar, ser confundidos com aliens e enfrentar mesmo aliens. 

À parte disso também há comprimidos para rejuvenescer, para envelhecer e pessoas que ficam com idade negativa. 

É tudo muito estranho, não é? Mas é genial. Eu gosto de ler Dahl por isto, pela capacidade de imaginação tão típica de uma criança, de fazer as coisas simples. Aquela ideia de que alguém consegue andar no tecto até que alguém lhe diz que isso é impossível e ele deixa de o conseguir. Dahl continua no tecto, e recusa-se a ouvir quem quer que seja. É isso que para mim faz destas leituras sempre momentos tão interessantes e divertidos. 

As histórias não fazem sentido? Fazem, têm é de ser vistas com uns olhos diferentes dos que costumamos usar. 


domingo, 1 de novembro de 2015

[escritos] Amadora BD






Ao fim de tantas edições e tantas vontades de lá ir foi este ano que se deu! Já fui ao Amadora BD.

Eu que moro relativamente perto da Amadora tenho notado, ao longo dos últimos anos, uma forte aposta nesta "brincadeira" da BD. É a própria decoração da cidade, é o Amadora BD com o maior destaque que conseguem, é letras gigantes a intitular-se "Cidade da BD" e ainda bem. Dá um ar de mudança à cidade, chama pessoas e ainda divulga este género que tanto mérito merece e tanta coisa boa tem feito em Portugal!

O evento em si está bastante dinâmico, está feito de tal forma que não é só um evento de BD aborrecido, com uns lançamentos e umas bancas. O espaço está muito giro, cheio de pequenos pormenores num lado e noutro, as exposições que por lá têm são interessantes e dão-nos uma boa ideia de vários momentos na história da BD e isso torna-se bem porreiro de encontrar. 

Está construído num sítio aberto, com espaço suficiente para as pessoas passearem e verem as coisas sem terem de andar completamente aos ewmpurrões umas às outras, as estruturas e divisórias estão simples e baratas, diga-se. Muitas das coisas estão feitas em papelão e tenho de dar os parabéns a quem o pensou. Super simples, super barato e faz o propósito para que existe da melhor maneira. Não sei quem é que pensou naquilo mas tem os meus parabéns!

E a exposição tem passagens secretas e uma sala secreta e um labirinto para os miúdos brincarem e lápis gigantes e A CASOTA DO SNOOPY!!! Not even kidding!

Tive pena de que a exposição não tivesse um bocadinho mais de informação, porque para quem não conhecesse as coisas que lá estivessem aquilo que aprendia era o nome da tira/série/história e o nome do autor. Um bocadinho mais de informação sobre as coisas seria o ideal! Fazer com que as pessoas se interessassem e ao mesmo tempo aprendessem! Isso, para mim, precisava realmente de ser trabalhado. Mas tirando isso o evento surpreendeu-me muito pela positiva.

Há vários lançamentos a serem feitos durante este tempo, ainda apanhei o lançamento do livro "O Poema Morre" de David Soares, com Sónia Oliveira (Kingpin Books) num espaço mais uma vez simpático, acolhedor, porreiro para ver uma apresentação e construído em cima de paletes (pessoal, espectáculo, a sério! Simples e prático!).

Nas bancas há muita coisa para ver e comprar, com a G Floy por lá, a Kingpin (e todos os seus Pops! Mas têm um gorro do BB8, uma TARDIS giratória e um Bobble Head do Matt Smith, não me vou queixar!), a Chili com Carne, a Devir, a Babel e como alguém muito sábio diz, o "Império do Mal", ou seja a Leya. (Acho que não me esqueço de ninguém...) Ainda comprei duas BD e dois pins, e vim para casa toda contente!

Eu por lá ainda ia tendo um ataque cardíaco com os livros expostos cortados para ficarem presos. Isso rasgou-me as entranhas em milhões de volumes infinitesimais de gosma! Não se fazem essas coisas aos livros!!! Eu percebo o porquê de o fazerem mas não... não, assim não! Coitadinho do livro gigante da Mafalda - que eu tenho! - ou do Habibi, ou do Hawk, ou sei lá... todos! A minha alma ainda sangra por eles. 

Depois claro que tenho pena que o evento acabe por ser um pouco descentralizado e só por isso há imensa gente que o põe de parte à partida. O mesmo evento, nos mesmos moldes, com tudo exactamente igual, teria dez vezes o número de visitantes se fosse num ponto de Lisboa onde qualquer pessoa pudesse chegar de metro. É chato, mas é verdade! 

Agora que tenho uma primeira ida não me cheira que queira deixar passar as próximas edições sem um pulinho por lá. Até porque confesso que me deu um certo prazer já ter lido uma boa parte das BD que lá andavam. Só ali é que me apercebi dessa monstruosidade. Bem, objectivo do próximo ano: só não ter lido os que estão a ser lançados! Bora lá, Jules!

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

[series] Death Parade



Título: Death Parade

Mais uma vez por vir com boas recomendações e essencialmente por ser pequenina, meti-me a ver esta série. 12 episódios é pouco, embora sejam estupidamente viciantes.

Mas bem, a ideia é que quando morremos vamos parar a um sítio, que neste caso é um bar (Quindecim), com outra pessoa que morreu ao mesmo tempo que nós, onde temos de jogar um jogo e a partir daí um árbitro decide qual das duas pessoas é a que vai ser enviada para reencarnar e qual a que vai ser atirada para o esquecimento eterno.

Ao chegar a esse bar vão sem lembranças nenhumas, muitas das vezes nem o nome sabem, e ao longo do jogo vão começando a lembrar-se de pedaços da sua vida, e no fim do jogo mais ou menos, sabem que já estão mortos. 

As brincadeiras que são feitas com a mente humana estão muito bem conseguidas: desde forçar situações de stress para ver qual a reacção dos jogadores, até incluir no próprio jogo pedaços relacionados com eles que lhes estimulam as memórias ao mesmo tempo que dão outra percepção a alguns comportamentos que tiveram em vida.

E depois claro, a série faz-se das diferenças das pessoas que lá vão das reacções que têm ao que lhes está a acontecer. O primeiro episódio temos um casal que morreu na lua de mel. No segundo desconstrói-se tudo o que se viu no primeiro. Depois entre casos de amor póstumo, velhinhas simpáticas, miudos suicidas, mães desesperadas, enfim, um bocadinho de tudo. 

Às vezes pessoas fracas que ali se revelam mais do que em vida, outros o contrário. A verdadeira natureza das pessoas a tentar ser avaliada. Mas será que é?

Temos Decim, o árbitro do bar, acompanhado de Chiyuki, uma humana que anda por ali a aprender, desde o início, e que ainda demora até se saber algo mais concreto sobre ela. Há Nona, uma sósia completa da Elsa do Frozen, que gere o Quindecim; há o Ginti que é muito mal disposto e tem o ponto de "Um árbitro não tem emoções" levado ao máximo há o Clavis, que é o rapaz do elevador mas que é super simpático e adorável; há a Quin, uma antiga árbitra muito bebedolas, e acho que assim de personagens mais importantes estão aqui todas!

Mas estes jogos, literais e mais profundos, são muito bem apanhados, e dão debates psicológicos interessantes e relevantes.

É uma série que acaba por ser muito emocional num contexto que tenta exactamente ser isento de emoção e também esse contraste lhe dá uma força incrível. Mesmo sendo fofinho não é - de todo - lamechas! É um misto tal que nem sei...

Fiquei com real pena de não ter mais episódios, porque isto sim é uma série que vale a pena ver, vale a pena pensar sobre ela e não é só entretém mata tempo.

Venham mais animes destas porque assim, sim!





quarta-feira, 28 de outubro de 2015

[leituras] um rio chamado tempo, uma casa chamada terra

Título: um rio chamado tempo, uma casa chamada terra
Autor: Mia Couto
Páginas: 256
Ano: 2002

Há já algum tempo que me buzinavam os ouvidos algumas palavras para quão boa era a escrita deste senhor.

Li há uns tempos A Varanda do Frangipani e embora tenha sido um livro engraçado não me fascinou por aí além.

Para tirar teimas quis ler este um rio chamado tempo, uma casa chamada terra primeiro porque tem um título fabuloso e porque era o que me diziam que os tinha convencido.

Pois bem, o livro tem um conceito engraçado de nos mostrar as brincadeiras de vida e morte. Apresentam-nos logo a premissa inicial: o Avô Mariano morreu, e é esse evento que traz de volta à aldeia Natal o seu neto, também Mariano de nome, que vive na cidade.

E é pelos olhos desta pessoa, este neto Mariano, que vamos conhecendo toda a gente e todos os segredos que um morto consegue desenterrar (get it?). Se bem que é um morto numa sala sem tecto que deixa bilhetes e desperta uma libido louca nas mulheres da sua vida.

É uma perspectiva muito diferente do que estamos habituados a encontrar, da vida, da morte, das relações familiares, das relações entre as pessoas de uma forma geral. É mesmo interessante analisar o livro não apenas pela história e escrita mas pelos modos de vida que nos são descritos.

Uma coisa que gostei bastante de encontrar em quase todas as passagens foi a carga simbólica que quase tudo tem. Isto é comum na cultura Moçambicana e é engraçado como está tão presente e tão natural na escrita. O que quero dizer é que são coisas que por vezes podiam fazer-se notar de forma assoberbada por ser tão diferente do que conhecemos, mas a maneira como nos é exposto, de forma clara e com o sentido por trás de cada coisa, torna tudo muito mais fácil, interessante e rico.

Agora, não sei se isto é um próximo Nobel como me queriam vender. É uma escrita muito boa, um contador de histórias brilhantes, e um autor que transmite algo para além do que estamos a ler, uma sensação muito pura de percebermos as raízes das coisas.

Gostei deste livro, gostei especialmente de todas as voltas que me deu ao cérebro e que me fez pensar no que me estavam a dizer e nas situações que apareciam.

Eu gostei bastante, atenção, mas já li livros bem melhores, escritas mais interessantes, e autores que mereciam mais uma boa ovação. Este até tem tido reconhecimento pelo bom trabalho que tem, ao menos isso! Não esperaram que morresse...