domingo, 7 de dezembro de 2014

Temas do mundo!

Ao longo dos anos as temáticas chave das várias épocas têm mudado consideravelmente e com isso mudam-se os ambientes de todas as áreas possíveis. Ou seja, se nos anos 20 deu-se uma grande emancipação das mulheres as artes imitaram a realidade, adaptaram-na, retocaram-na mas era com muito disso que se falava  e tratava da altura, era o ponto alto do que se passava e como tal tinha de haver um grande relevo em várias áreas.

Estas temáticas têm sido várias, e podemos pensar até que ponto terão depois influência na sociedade em si, ou seja, já que uma temática "base" gere a maior parte do que é feito nas várias áreas - até porque é a forma de chamar mais pessoas - o seu aparecimento no que nos rodeia ainda reforçará esses temas, não? Não deixa que sejam esquecidos nem que os temas sejam desmotivados: há sempre qualquer coisa nova a chamar mais uma vez para o que quer que seja que esteja na moda na altura.

Eu confesso que sou completamente contra isto. Faz sentido, eu sei que sim, se eu sei que as crianças adoram a Violeta eu vou vender coisas da Violeta e sei que vou ter lucro. E não vou fazer só camisolas, vou fazer camisolas e copos e malas e chapéus e sapatos e orelhinhas de gato e pastilhas elásticas e massa e tudo o que tenho espaço suficiente para meter a cara da Violeta por lá! Eu percebo que isto é o que faz vender, é o que dá lucro às pessoas mas precisamos de ficar tão presos a cada época?

Eu acho que o meu mal é estar na época errada, anos 70 / 80 foram mais o meu estilo: ROCK AND ROLL BITCHES! E ok, eu não posso falar destes tempos porque ainda nem sequer era nascida mas daquilo que me chegou até hoje era muito do que geria aquele mundo, uma força imensa que a música levou - abençoada - e que acabava por contaminar uma boa parte da população.

No meio dos meus pensamentos sobre estas modas gerais por época comecei a pensar nas várias temáticas ao longo dos tempos e claro que acabei por ter várias dificuldades em fazê-lo mais que não seja porque não vivi aquela era. A minha é a de agora e ainda sou demasiado nova para falar de outra que não seja o que estamos a viver agora. Do que vou conhecendo pelo que a história conseguiu reter tenho umas ideias, como já expus acima mas como é óbvio basta vir alguém com mais 20 anos que eu e dizer que não que não terei mais bases em que me fundamentar que não seja a minha perspectiva de espectadora.

Mas então de que época é que posso falar com mais segurança? A que vivemos hoje. E sinceramente não tenho de me esforçar nem um bocadinho para dar uma resposta. O que é que vemos em todo o lado? O que é que mesmo que queiramos tem uma "importância" ridícula na sociedade global - sim, não é num país ou dois, é no mundo? Simples: sexo!

Pode ser dito que o sexo sempre teve importância e eu digo: Claro que sim! Mas nunca teve uma relevância como hoje. O sexo já foi tabu e andava nas bocas do mundo na mesma, não havia maneira de lhe escapar, é uma necessidade básica que sendo socialmente proibida ou não é inevitável que continue a acontecer. Mais que não seja as espécies têm de se reproduzir. Mas lá está, em todas as épocas - Todas sem excepção - o sexo teve uma influência substancial mas nunca foi tão gratuito como hoje em dia. 

Num dos livros que já li de Guy Delisle ele faz um comentário que achei curioso, diz qualquer coisa do estilo "Antigamente um homem ainda tinha de se esforçar para ver um rabo feminino. Agora as mulheres andam de tal forma que não há esforço nenhum. Eles andam aí à mostra". E é mentira? Só algum agorafóbico iludido por sítios estranhos da internet - digo sítios estranhos porque os mais normais também estão cheios do mesmo - é que pode realmente acreditar que saindo à rua não vai conseguir ver rabos por todo o lado e mamas a saltar.

Eu sou uma rapariga jovem, nem devia estar a falar disto e muito menos sentir-me indignada com toda esta situação, mas sinto. Porquê? Simples: porque já mais nada importa!

A única coisa que as pessoas conseguem pensar é sexo, de uma forma ou de outra. As crianças na escola primária têm comportamentos que só deviam ter muitos anos depois. Vestem-se e agem forma completamente errada para a idade. Uma criança que chegue aos 14 anos já teve pelo menos uns 4 namorados. Não! Isso é errado! Deviam eram andar a brincar e estar ainda na fase do "Dar um beijo na boa? Que nojo!". E isto já quase não existe. E se as crianças já estão envolvidas a este nível os adultos não serão piores ainda.

As relações já não se constroem numa base de sentimento, já não se constroem numa base de amor. Isso não existe. A única coisa que existe é "Este gajo é mesmo jeitoso" com "Esta gaja é mesmo jeitosa" e aqui temos uma relação. Serve para quê? Por coisas em sítios mais nada. Se der para ser mais do que dois ainda é melhor! Mais coisas em mais sítios. Não! Isto está errado! E isto é incutido na cabeça de toda a gente. Isto é que é o expoente máximo de prazer! Isto é que faz sonhar milhões! Isto é que mostra o quão bom alguém é!

Isto chateia-me solenemente. Irrito-me com frequência com este tipo de assuntos porque queira ou não é a sociedade onde vivemos, sociedade em que olhando para a televisão em horário nobre temos pessoas nuas, ou quase, temos strips nas novelas, temos mesmo sexo explicito, se alguém achasse que estava a faltar.  E porquê? Qual é a necessidade disto? Eu pessoalmente não percebo e muitas das vezes a minha única vontade é encontrar um sítio menos sexualmente explícito para pura e simples ente deixar de ter este contacto directo com isto. Eu não estou a sugerir que o sexo volte a ser tabu, antes pelo contrário, deve ser falado e abordado com parte imporatnte da vida de qualquer um, que merece respeito e atenção como qualquer outro assunto importante. Mas lavar os dentes também é importante e no entanto não vejo ninguém a ficar completamente maluco só de pensar em ir várias vezes ao dentista na mesma semana. A vários dentistas. Ter os dentes mesmo muito bonitos e saudáveis. Graaaaw!

Isto está enorme e em modo rage mas é uma situação que me irrita solenemente e queira ou não sou obrigada a ser confrontada com ela todos os dias em todas as situações possíveis. Coisa qu dispensava, de todo. 

Não é que isto mude alguma coisa, as pessoas vão continuar a andar nuas na rua, vão continuar a dar muito mais importância às partes físicas das coisas e muito menos às psicológicas, as músicas para vender vão continuar a ter gajas nuas em modo twerk e gajos nus suados, os filmes vão ter sempre cenas de sexo - se então forem duas mulheres ou números superiores a 2 de intervenientes são blockbuster completo - e qualquer outra coisa que seja feita.   

Enfim, ainda não abriram os voos para planetas isolados. Quando assim for compro um e vou para lá sozinha. Ao menos não me chateiam nem corro o risco de levar com uma mama na testa de cada vez que saio à rua.





2 comentários:

  1. Sabes, por vezes, quando se escreve a quente levas com estas piadas:
    Sofres de Mamofobia?!?!? Tens de medo levar com mamas?!?!? :D

    Um pouquinho mais a sério agora:
    Confesso que tive de ler duas vezes o teu post... não porque não esteja bem escrito nem porque eu seja lerdo, mas tive que perceber primeiro se eras contra a discussão do sexo ou se eras contra a banalização do sexo...
    Todavia, acho que aquilo que querias dizer e apenas disseste através de meros exemplos é que és mais contra a banalização excessiva do sexo...

    Acho que não se pode olhar para as séries de Spartacus nem para a série Guerra dos Tronos e achar que as cenas de sexo são gratuitas e comerciais. Ambas usam essas cenas para transmitir sentimentos de luxúria, momentos de poder de um individuo sobre o outro ou até cenas tão bem feitas que através do contacto dos autores nos transmite a sensação que estão a fazer amor...
    São mero exemplos de como o cinema e a televisão podem usar cenas de sexo de formas saudável...
    Claro que depois assistimos a Casas dos Segredos e vemos entrar pelos olhos atentados reais à dignidade humana do tipo "Vamos juntar numa casa a gente mais burra e mais mesquinha deste país e vamos pô-los a dormir juntos enquanto lhes enchemos a comida com viagras e coisas do género...". Claro que depois isto dá para rir quando nos sentamos a ver um pouco este tipo de programas e é por isso que as mães e os pais não se importam de ver este tipo de programas. O pior é que os filhos veem com os pais e na cabeça deles começa a banalizar-se aquele tipo de comportamento (Que não é só os comportamentos debaixo dos lençóis, mas também o facto de toda a gente se rir quando alguém ultrapassa os limites da burrice ou quando alguém exacerba o facto de não ter estudado e isso ser uma coisa fixe...)
    Mas o problema maior nem está tanto ai:
    O problema passa depois pelas horas a que esses programas são exibidos e pela incapacidade dos menores em perceber o que está a ser passado na televisão e pela negligência com que os pais tratam os filhos que querem aprender tudo o mais depressa possível nos dias que correm.
    Claro que um rapaz de 12 anos, que ainda pouco sabe do que significa realmente o sexo e o amor, gosta de ver mamas a saltar... onde quer que elas saltem... ai devia entrar o pai e explicar-lhe o que significam aquelas mamas a saltar...

    Quanto à quantidade de rabos despidos... sendo homem... nunca me incomodou a vista nem nunca me deslumbrou...mas partilho da opinião de António Lobo Antunes que o corpo de uma mulher vestida é mais sensual (misterioso) que o corpo de uma mulher nua... e hoje poucas mulheres têm esse conhecimento... preferem pousar para o telemóvel e enviar ao rapaz com quem estão no momento...

    Quanto ao amor... é uma questão complicada...
    Nos primórdios da humanidade o sexo, puro e duro, era uma necessidade, um instinto e um meio de passar o tempo. Portanto, era algo animal...
    Depois foi aos poucos transformando-se num poder de um individuo sobre o outro... o típico mijar à volta do macho para que ninguém tocasse na sua parceira sexual... ou parceiras... começou a ser uma barreira... havia uma rainha que só um rei ou um novo rei, o jovem rebelde que desafiava o velho, podia tomar... - infelizmente, as violações em tempo de guerra só mostram que alguns indivíduos continuam presos a instintos perturbadores...
    Depois, novo salto evolutivo e emotivo, passou a aglutinar-se com o sentimento de amor até ao passado século - ainda que sempre tenha havido por parte de alguns grupos, nomeadamente nobres e burgueses, a luxúria e a devassidão...
    Hoje temos que o sexo se desvincula novamente do amor aos poucos... não por nenhum salto evolutivo nem regresso evolutivo, mas sim pela constante banalização excessiva do que é o sexo... e é isto que a ti e a mim me faz confusão...

    Claro que o sexo é uma pulsão humana, mas assim como outros desejos humanos (liberdade ou felicidade) deve ser tratado com a mesma dignidade e não como uma coisa de "por coisas em sítios"...

    Já dissertei demais por hoje...
    Bom post...

    Francisco Fernandes

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    1. Bem, para começar sim, isto foi muito escrito a quente e dá mesmo a ideia de uma mamofobia xD Por acaso não tenho mas que elas por aí à solta, lá isso andam ;)

      Mas de resto, essencialmente concordo com tudo o que disse (disseste, not sure) e é muito pela parte da banalização que falo. Porque tal como disse não quero que voltemos a tempos aparentemente púdicos em que andamos todos tapadinhos e nem se pode falar de como nascem os bebés. O que noto é que a relevância que o sexo e tudo à sua volta tem começa a ser ridícula. A Casa dos Segredos nem sequer é exemplo, porque aquilo é mau não só pelo sexo gratuito mas pela estupidez e degredo humano, é triste que continuem a existir programas como aquele e que continuem a ter sucesso mas isso ainda é outro problema que dava pano para mangas. Mas mesmo em novelas, música, séries infanto-juvenis! começa a haver uma componente sexual que não faz sentido. Instrução e desmistificação é saudável e eu aplaudo, tratar o sexo quase como uma brincadeira a incentivar acho que já é completamente inadequado. Eu cresci com os teletubbies e com as tartarugas ninja, acho que era muito mais interessante xD

      Só tenho pena porque essa ideia de "por coisas em sítios" é aquilo que começo a ver à minha volta. Há uma banalização das coisas a ponos que não devia haver, os miúdos são bombardeados desde demasiado novos com noções que só lhes deviam aparecer mais tarde. Eu pelo menos é que sinto. Das miudagens que tenho à minha volta e de quem vou tendo algum feedback é muito o que se nota. O que até há uns tempos era conversas e comportamentos adequados de sítios "mal frequentados" agora é do mais corriqueiro que se encontra.

      Eu pessoalmente tenho pena porque como disse não sou fã da maneira como as coisas estão a ser feitas e não vejo nada de benéfico a vir disto tudo.

      Mas como está aí no fim : " deve ser tratado com a mesma dignidade e não como uma coisa de "por coisas em sítios"". Basicamente é isto! É basicamente este ponto aquele com que mais me identifico no meio de mamofobias e afins :)

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