quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

[leituras] Ratos e Homens




Título: Ratos e Homens (Of Mice and Men)
Autor: John Steinbeck
Tradução: Erico Veríssimo
Páginas: 114
Ano: 1937

A única experiência que tive com Steinbeck foi com um livro impingido e fosse por isso ou não não lhe achei grande piada. Na altura o sacrificado foi A Pérola e desse para este ainda se passaram uns aninhos.

Mas ouvi falar muito deste Of mice and men e sempre com uma boa impressão do que ia lendo. Resultado: fiquei curiosa, ainda por cima com o livro em casa e não consegui adiar muito tempo.

O livro é pequeno e lê-se muito bem, a escrita é muito fluída e soa quase a uma historia contada a beira da lareira. Simples mas interessante e com a capacidade de nos agarrar, este livro pequenino se não fosse lido em tempo atribulado e cheio de afazeres tinha sido começado e acabado no mesmo dia e não com muito tempo entre eventos. Foi um livro realmente bom, com uma história que se ao início parece banal rapidamente se mostra bem mais interessante que isso, com meandros escondidos que dão que pensar e que dão uma força imensa à história.

A história de dois homens que viajam juntos parecia-me, se ma contassem, pouco aliciante e nada que me entusiasmasse em condições mas a escrita é bastante boa, tem um estilo continuado  e encadeado que não dá vontade de despegar. Dois homens, um com dificuldades cognitivas mas que no fundo não é má pessoa. O típico muscles and no brains, muita força, óptimo para o trabalho pesado das quintas que o empregam mas sem perceber nada do mundo que está à sua volta. Ele só quer criar coelhos, acariciá-los, fazer-lhe festinhas mas a experiência que tem é com ratos e esses são tão pequeninos que aquela massa de músculos acaba por matá-los. No fundo é uma das poucas pessoas que vê a beleza nas coisas mais pequenas mas que depois não compreende as reacções do mundo exterior a ele e isso acaba por trazer sempre problemas.

Fiquei mesmo muito entusiasmada a ler este livro, é tão simples e sabe tão bem. É a prova absoluta de um livro simples, com uma história leve e que no entanto está tão bem contado. E tem conteúdo, não é apenas mais uma história. Muito mais do que muitos calhamaços que se encontram com 900 páginas, muito mais do que aqueles livros densíssimos que não deixam ler duas folhas sem dor de cabeça. Foi uma agradável surpresa que me vai fazer reler A Pérola e ver se foi a obrigatoriedade do passado que me fez torcer o nariz ou se foi mesmo mal meu com o livro. 

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