quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

[leituras] Por Mundos Divergentes

Título: Por Mundos Divergentes
Autores: Ana C. Nunes, Nuno Almeida, Pedro Martins, Ricardo Dias, Sara Farinha
Páginas: 162
Ano: 2014

Mais uma antologia, este ano tenho umas poucas na lista, e com esta acabo a "colecção" de livros da Editorial Divergência, até agora.

E começo pelo quê? Hum, vamos começar pelas imagens. A capa não é má, embora não seja grande fã, mas foi uma boa melhoria em relação à capa de "Na Sombra das Palavras". Depois o grande problema são as ilustrações internas. As ilustrações são más, mesmo más.. Umas mais, outras menos, algumas até são razoáveis mas não enciaxam no registo do livro e algumas são só... amadora, vá. Não fazem sentido e enfim, são más. Bênçãos tenha a aprendizagem que no caso de "Nos Limites do Infinito" as coisas correram muito melhor na parte visual. E isso é de louvar.

Mas os contos, ok, vamos lá:

Patriarca, Ricardo Dias, para começar temos um conto que segue as pisadas do 1984 criando não o "Grande Irmão" mas o Patriarca que desta vez é a típica tecnologia que se vira contra os humanos. A ideia não é original e o conto torna-se confuso. Não é mau mas não cativa particularmente nem por história, escrita ou personagens.

Em Asas Vermelhas, Nuno Almeida, dá-nos um conto que pode não ser tão distópico quanto isso. Um mundo separado em duas partes, a cidade alta, cheia de luxo e riqueza, e a lixeira, onde outros vivem com os restos do que os ricos não querem. Achei que o desenvolvimento da história fica um bocadinho apressado ou não tão pensado, pelo menos, e que merecia uma roupagem diferente. Ainda assim torna-se uma leitura curiosa. 

Dispensáveis, Ana C. Nunes, este surpreendeu-me. É um texto com uma ideia simples e bastante mais realista do que se pode pensar à partida. As pessoas quando já não são uteis são postas de lado, levadas para um sítio onde estão todos os Dispensáveis, aqueles que a sociedade marca - literalmente - e manda para um sítio longe onde não chateiem. Boa história.

Arrábida8, Pedro G.P. Martins, num ar mais sci-fi, letras e nomes lá pelo meio, meio Admirável Mundo Novo e tal, mas que resulta bem quando nos explicam o porquê. Para mim gostava que a escrita fosse diferente, não fiquei a maior fã, mas não sei se foi por conhecer a zona onde isto se passa ou não, ou fosse pela personagem principal ser uma moça às direitas, acabei por ficar cativada e gostei do que me apresentaram.


Somos Felizes, Sara Farinha, é um bocadinho perturbador. As pessoas são obrigadas a ser felizes e em todo o lado há incentivos à felicidade e que temos de ser felizes e ainda mais e vamos ser ainda mais felizes. É uma pressão gigantesca e isso acaba por passar, e bem, na leitura. Achei que as ideias às vezes baralhavam-se um bocado, o fio da história por vezes perde-se um pouco, é um bocado confuso, mas no geral é um conto curioso que pegando em nós e olhando para um mundo em que nos obrigam a ser felizes como lidamos com um dos sentimentos mais tristes que se consegue ter que é a perda de alguém próximo? Enfim, foi bastante bom de ler.

Gostei desta antologia, tem contos interessantes, alguns dão-me um ar muito claramente amador, o que tive alguma pena, mas nota-se potencial em todos. Não houve um que não gostasse, houve um ou dois que não me ficaram com tão boa ideia mas de uma forma geral é uma antologia consistente, competente e que reúne bons contos. Venham mais!

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