sexta-feira, 24 de outubro de 2014

[cinema] Os gatos não têm vertigens




Título: Os gatos não têm vertigens
Realização: António-Pedro Vasconcelos
Argumento: Tiago Santos
Elenco: Maria do Céu Guerra, João Jesus, Fernanda Serrano, Ricardo Carriço, Nicolau Breyner
Duração: 124 min
De vez em quando aparecem uns filmes que queremos ver sem saber muito bem porquê e com este Os gatos não tem vertigens aconteceu-me um pouco isso. 

Sabia que tinha a Maria do Céu Guerra, que não falha, e que envolvia algo num telhado ou algo de género. O resto era incógnita mas transformou-se numa bela surpresa.

Temos Jó, um rapaz abandonado pela mãe, com um pai bêbedo e sem grandes escrúpulos, no meio de um conjunto de amigos também eles sem grandes noções de educação. Roubam para ganhar mais uns trocos para tabaco e cervejas. 

Ao mesmo tempo temos Rosa, uma mulher já com uma certa idade que perdeu o marido há pouco tempo e cuja vida ainda gira em volta da presença que vê dele. Até que um dia, enquanto vai comprar tabaco, deixa a mala numa cadeira e o grupo de Jó rapidamente a rouba. 20 euros não e muito mas ainda levava a aliança do marido no porta-moedas. 

E é a partir deste ponto que as coisas acontecem. Junto na mala estavam as chaves de casa e a carteira com uma carta. Jó é posto fora de casa pelo próprio pai e lembra-se que tem maneira de entrar para uma casa. À entrada apanha o momento em que Rosa chega com a filha e esconde-se no terraço. Cheio de frio, deitado num sofá velho tem o telemóvel com som, o que leva Rosa a subir e encontrar um "inquilino" surpresa. A partir daqui começa uma amizade. Estranha, incomum mas acima de tudo tão bonita! O contacto de uma pessoa mais velhota com um jovem com uma vida muito conturbada, ambos em fases difíceis, torna-se uma dupla que resulta muito bem, uma velha louca e um gato perdido.

Rosa está sozinha, Jó nunca conheceu outra coisa que não fosse estar sozinho. A união dos dois parece estranhamente certa, encaixam bem. Mas entre confusões com a filha e genro de Rosa, os problemas com amigos do Jó, a escrita escondida deste rapaz muita coisa acontece em hora e meia de filme. E ainda bem!

Ao contrário do que muitos julgam, e do que muitos querem, o cinema português não está morto e muito menos decrépito! Antes pelo contrario, anda a mostrar o seu valor e a demonstrar que mesmo com todos os entraves que vão tendo as coisas fazem-se, e bem feitas!

Fiquei muito satisfeita com o que vi, com a qualidade demonstrada, o argumento é bom, muito português, com as nossas ruas de Lisboa, as figuras características que encontramos com alguma facilidade, os detalhes muito nossos na própria maneira de agir. É natural, é o dia a dia, olhando para a tela podíamos ver a nossa avó, a nossa vizinha, alguns conseguem ver-se a si próprios. 

A parte de elenco também foi muito bem apanhada, Maria do céu guerra a ser genial, como é, Ricardo Carriço a ser mau, muito mau, a dar ânsias a uma sala de cinema inteira, Nicolau Breyner a ser Nicolau Breyner, outro que não precisa de apresentações ou elogios. Nos actores mais novos João Jesus faz um bom papel, não conhecia a cara do moço mas parece-me que poderá ter potencial.

Mas acima disso tudo - e fala-se também disso pelo filme - que belas vistas que se tem em Lisboa! Aquele terraço é uma perdição!

Muito bom trabalho, um tempo de cinema muito bem passado! 

8 comentários:

  1. E eu fui vê-lo meio contrariado e gostei bastante...

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    1. Contrariado as in: não era filme que me chamasse a atenção

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    2. Ah! Mas é para isso que estou cá! Mostrar cenas fiiiixes!

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  2. Ando para ver esse filme há seculos...*-*

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    1. Acho difícil porque saiu há pouco tempo xD Ainda assim devias ver, cheira-me que vais gostar imenso.. Foi dos filmes que mais gostei de ver nos últimos tempos!

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    2. LOL eu sei bem quando saiu... acompanhei a estreia lol
      mas quando ponho um filme no início da lista, costumo vê-lo logo, o que não aconteceu com este xD

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    3. Então mexe-te, vais gostar imenso! Depois quero saber o que achaste!

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