quarta-feira, 22 de outubro de 2014

[leituras] Crónicas Birmanesas



Título: Crónicas Birmanesas

Autor: Guy Delisle
Páginas: 272
Ano: 2007

Primeiro Pyongyang, depois Shenzhen agora Birmânia (Myanmar).

Num pequeno espaço de tempo li três livros deste Guy Delisle e estou mortinha por ler os próximos - Jerusalém anda por aí a chamar-me. E mais a mais vou ter estes livros nas minhas prateleiras, eventualmente, que além de serem interessantes, são bem desenhados, engraçados e bonitos (também é importante).

Mas bem, não tão chocante como o Pyongyang - acho que vai ser difícil bater aquilo - aqui ainda assim temos traços comuns. Não há uma perseguição tão intensiva, as pessoas são relativamente livres, mas claro que há censura e é fácil ler um jornal e faltarem páginas ou artigos lá pelo meio. Há coisas que é melhor que não se saiba.

Um exemplo simples é dado aqui: um colega do autor escreve um artigo sobre aquela região - descrevendo as coisas como elas são, e não como querem fazer passar para o comum mortal - e lá pelo meio mete uma foto de Guy, com o nome em legenda. Este, que dava umas aulas de bases de animação, rapidamente é avisado dos problemas que poderá trazer a um dos seus aprendizes, alguém que trabalha para o governo e que poderá ficar com a vida arruinada por estar associado a alguém presente num artigo que diz mal do país.

Lá está, aqui as pessoas não são completamente tapadas e não fingem que é tudo lindo e maravilhoso como na suposta imagem do país, aqui têm noção de que há problemas, camuflados para que se veja o mínimo possível, mas sabem que estão lá e não concordam com eles, têm de se resignar.

Talvez por isto estes livros me pareçam mais simples do que o primeiro, ali era uma realidade completamente alienígena para mim, demasiado estúpida para fazer sentido.

Mas enfim, aqui a história é diferente, até porque há um bebé pelo meio. O pequeno Louis, filho de Delisle, que encanta tudo por onde passa. Também acaba por mostrar outras realidades diferentes, a maneira de agir daquela cultura para com um bebé estrangeiro.

Mas se se diz que em Roma sê romana, em terra de monges... medita! E foi o que fez: um mini retiro de meditação, durante três dias, que parecem ter feito efeito e que me fizeram curiosidade para ver como será aquilo. Muito rigoroso mas até acredito que se consiga relaxar. Acho que o budismo é coisa para mim!

No meio disto tudo não me posso esquecer de que este senhor faz animação e por isso este trabalho está mito dentro da área dele. As imagens são bastante ilustrativas do que se passa - e neste livro temos fotos no fim que mostram a versão real do que já tinha visto no livro e sim senhor, belas adaptações - e têm piadas intrincsecas que ficam tão bem. Sei lá, ele precisava de tinta para desenhar e sabia que uma dada ia borrar: o quadrado a seguir vem borrado. Pequenos pormenores que só dão mais piada e força ao livro. Um trabalho muito bom!

Mas bem, estou fã deste Guy Delisle, no espaço de um mês ou pouco mais fez-me ler três livros, deu-me vontade de ler o resto, e guardar espaço nas estantes para quando os arranjar. É este tipo de autor que me dá trabalho, não é?



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