sexta-feira, 3 de outubro de 2014

[cinema] Les Yeux Sans Visage

TítuloLes Yeux Sans Visage
Realização: Georges Franju
Argumento: Jean Redon
Elenco: Pierre Brasseur, Alida Valli, Julliette Mayniel, Edith Scob

Trailer

Já nem sei muito bem onde encontrei referências a este filme, creio que quando andei a investigar coisas de transplantes de caras - motivos totalmente académicos.

Apareceu-me a imagem da personagem principal deste filme, Christiane, e o ar estranho chamou-me a atenção (a imagem de fundo do poster do filme).

Num acidente de carro Christiane ficou com a cara desfigurada e o pai, sendo médico, começou a fazer esforços para arranjar maneira de arranjar uma nova cara à sua filha. Assim começou a recolher os cães que eram encontrados nas ruas e neles fazia experiências de transplante de pele para depois serem reproduzidas na sua própria filha.

Mas caras não se apanham nas árvores e portanto as ditas vinham de raparigas que recolhiam, pai e a sua assistente. AS raparigas iam morrendo e os transplantes repetidamente não resultam. Até que Christiane não aguenta mais, não é justo continuar a viver assim, matar pessoas para lhe devolver um rosto, todo aquele trabalho para não haver resultados. O fim que tudo levou surpreendeu-me, teve alturas de me dar pequenos arrepios na espinha mas sem dúvida que foi muito bom!

Todo o cenário que já descrevi não é propriamente o mais simpático mas a isto se acrescenta a postura da moça. Ou seja, tudo isto podia ser mais uma história de um filme completamente banal mas não. Eu fiquei completamente rendida. Eu não me costumo assustar com filmes de terror, são bons é a ser vistos a partir da meia noite, no quarto, sozinhos e de luzes apagadas. Mas o raio deste filme quase que me fez ter pesadelos.

Se há coisa que tenho pena no cinema de terror actual é que é muito baseado em sustos: grandes planos de onde salta um bicho qualquer, mudanças bruscas de plano com uma música e/ou barulho muito altos a acompanhar. Não há terror puro, há sustos esporádicos.  Verdade seja dita que o verdadeiro terror é difícil de conseguir, a saída que usam agora é muito mais simples de ser feita e para a maior parte das pessoas tem o mesmo efeito. Mas para mim não.

O verdadeiro terror sabe tão bem! Grande é a arte de quem nos consegue fazer aceder aos nossos mais profundos sentimentos seja com a escrita ou com as suas imagens. Lovecraft faz-me isso. E este filme fez-me muito isto.

A postura de Christiane, as próprias roupas que a fazem parecer mais frágil do que já é, não haver nada propriamente escondido, sabemos a história toda e o que se passa desde o início é que nos dá a sensação horrível depois de ver este filme. A maneira como ela se mexe, os movimentos lentos mas de alguma maneira ritmados, quase como um robot suavizado.

Sei que há muito tempo não via um filme de que gostasse tanto - para mim a representação de Edith Scob é qualquer coisa que não esquecerei. Um filme que para quem gosta de um bom terror é claramente qualquer coisa de especial.

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