segunda-feira, 4 de maio de 2015

[leituras] Fahrenheit 451

Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Tradução: Mário Henrique Leiria
Páginas: 159 
Ano: 1953

Eu tenho alguns pormenores muito sensíveis com os quais a mais ínfima faísca me faz saltar. Uma das coisas com que sou imenso assim é com os meus livros. São os "My Precious!" e é para serem tratados nas palminhas. Ver um livro maltratado dá-me dor física. Dá mesmo. 

Agora porque raio de lógica é que eu com essa minha condição me meto a ler um livro onde os livros estão abolidos e - PIOR!!!! - são queimados se descobertos. Sabem o que é o título do livro? Logo na primeira página não nos deixam margem para dúvidas:

"Fahrenheit 451 - a temperatura a que um livro se inflama e consome..."

Eu leio tudo, as coisas mais estranhas que existirem. Eu já li Sade, já li David Soares, já li Lovecraft, já li tanta coisa que é considerado estranho, demasiado estranho, horrível, nojento, sangrento, o que queiram... mas livros a arder? Isto é  pior que podem fazer à minha pobre alma. Sou uma só, não mereço tanto castigo.

E depois como se ainda não chegasse o livro é estupidamente bom! Damn you, Bradbury...

Enfim, num mundo em que o contacto social é especialmente interessante transformando a nossa casa em quatro paredes forradas a televisores 3D que dão uma sensação de estar noutro sitio com outras pessoas e onde não se pensa mais do que o que fazer para jantar claro que os livros são mal vistos. São sempre os livros que vão primeiro, coitadinhos dos meus meninos.

Mas enfim, os bombeiros que em tempos tinham sido utilizados para apagar fogos agora tinham novas funções: as casas são completamente ignífugas e portanto já não há incêndios... tirando os que os bombeiros causam, para queimar livros...  Estas coisas fazem curto circuito entre o Tico e o Teco. Enfim...

Depois o livro é pequeno, a história é interessante, a escrita é bonita, trabalhada - por vezes até um pouco mais trabalhada do que estaria a contar - mas desliza muito bem. Eu numa altura em que ando com pouco tempo li isto em dia e meio. E mais houvesse mais leria que isto é realmente bom e interessante.

Entramos dentro da cabeço de um bombeiro que tem a infelicidade de conhecer alguém de acende uma luzinha no cérebro dele e incita ao pensamento. Se isso já nem no nosso mundo actual é muito bem visto neste é realmente um problema, principalmente numa cabeça de um bombeiro, cuja missão é exactamente queimar livros e combater qualquer possibilidade de pensamento que possa haver.

Está muito bem escrito, envolve o leitor de uma maneira incrível e a ideia por trás disto tudo é só ridículamente interessante (e perigosa e triste e horrível e sei lá mais o quê).

Fiquei com o bichinho de ler mais Bradbury. Acho que não tenho mais nada na lista de 2015 - a qual tenho de ver se sigo mais à risca - mas vou deixar a notinha de que Bradbury está aqui a picar-me a orelha. Ainda por cima tenho ali umas coisa... Ah, livros, dão-me cabo do juízo.. Mas ai de quem pense sequer em queimá-los! 

2 comentários:

  1. Bradbury não sabia escrever nada que não fosse muito bom... Qualquer que fosse o género (e meteu-se em quase todos!).

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    1. Acho que tirando este e pequenos excertos nunca li assim grande coisa do senhor. Mas eles andem aí, é só pegar neles!

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