quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Pyongyang




Título: Pyongyang - Uma viagem à Coreia do Norte
Autor: Guy Delisle
Páginas: 176

Este livro assustou-me um bocadinho! O que eu pensava que seria uma bela passagem pela Coreia do Norte revelou-se mais estranha do que estava à espera. Não que estivesse a contar com uma coisa lindíssima e maravilhosa mas o extremismo que este livro mostra deixa-me seriamente perturbada.

Basicamente andamos a ver o que um supervisor de um estúdio de animação francês - o próprio autor - encontrou na sua estadia por esta maravilhosa terra, completamente parada no tempo.

Há culturas que têm pormenores que às vezes me deixam um pouco de pé atrás mas daí a isto vai uma longa distância. Delisle não podia andar sozinho, tinha de ter sempre um guia e/ou um tradutor com ele. Quando ousou sair sozinho deixou o seu guia morto de preocupação porque podia ter levado uma máquina fotográfica. Nada pode estar descontrolado porque a imagem que o país tem de si está basicamente salvaguardada: Kim-il Sung é deus e é perfeito e é quem os salva de todo o mal que anda a contagiar o mundo. A televisão é controlada, a imprensa é controlada, a rádio é controlada. Não se sabe mais do que aquilo que "precisam de saber". Para os de fora também só pode ir a parte boa. O quão boa é a cidade, o quão bons são os edifícios, o quão boa é a cultura e as pessoas. Tentaram tirar uma fotografia a um caixote do lixo e rapidamente o rolo "ficou com algumas das fotos queimadas, uma pena". 

Aquilo que nos acabam por mostrar de forma bastante explicita é o clima artificial e completamente falso, meramente para mostrar e enganar as vistas de quem olha! 

Nem o raio de fotos do homem com um tumor se encontra em condições, foi tudo mega abolido! Porque estes deuses também morrem. Neste caso com um tumor, terem fotos do "Presidente Eterno" com um tumor na parte de trás do pescoço vai contra o conceito de divindade. Fica mal!

Mas mais a mais a divindade suprema de Kim-il Sung é genética ou hereditária porque passou para o filho, Kim Jong-il, e mais recentemente para o neto,  Kim Jong-un. Até há fotos espalhadas por lá que comparam pais e filhos para se notarem bem as semelhanças e ser possível observar que ali está a descendência certa. (P.S. - não vão agora falar do photoshop que usaram em algumas delas para ficarem mais parecidos, isso destoa da imagem perfeita que tudo tem de ter.)

Eu não tinha grande ideia de como seria a vida na Coreia do Norte, nem na do Sul, para ser verdadeira. Mas acabamos por ser bombardeados com informação essencialmente negativa de guerras e misseis e confusões pegadas com o pessoal dessas bandas. Eu já por norma não vou confiando em tudo o que a media nos despeja mas neste caso fiquei chocada com o quão mau este país está!

O livro fala de muito mais do que escrevi para aqui mas aquilo que realmente mexeu comigo é o que está aqui. Acho ridículo continuar a haver culturas que aceitam este tipo de vida. Mas não sou eu! E cada um faz como quer -  ou como obrigam, dependendo do país.




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