sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

[cinema] The Shining

Título: The Shining
Realização: Stanley Kubrick
Argumento: Stanley Kubrick
Duração: 144 min
Ano: 1980


Tenho muito que dizer aqui! Estou chateada! Revoltada! Frustrada! Sinto-me enganada!

Acabadinha de ler o The Shining tinha que ver esta grande obra do cinema, ainda por cima um Kubrick - senhor que vai ter uma temporada, à semelhança do Miyazaki, a começar agora!

E estou tão chateada porquê? Porque o filme e o livro não têm nada a ver um com o outro. Nada! Há muita coisa que era tão boa no livro e que aqui foi arruinada.

O Tony, amigo imaginário do pequeno Danny, não tem nada a ver: no ivro é uma coisa completamente mental, um dom da criança que lhe permite realmente saber coisas; é uma sensibilidade inata do Danny. No filme o Tony "vive na boca do Danny e esconde-se no estômago quando não quer que o vejam". Torna a presença do Tony uma verdadeira coisa de crianças, um amigo imaginário autêntico, nada de especial ou interessante sobre ele. 

Não há qualquer referência ao problema de bebida do pai, Jack. Nenhuma! Uma das coisas que dá mais contexto e conteúdo a toda a história e é completamente eclipsado do filme. Ressalva feita que Jack Nicholson faz um papel brilhante, perfeito para o tipo de actor que é: louco e orgulhoso da sua loucura.

A mãe, Wendy, é uma personagem muito mais morta, sem acção, completamente à mercê do marido, sem qualquer tipo de intervenção quando vê as coisas a funcionarem de forma errada. É completamente submissa e não é essa, de todo, a personalidade da Wendy-do-livro.

E ok, o Danny é um miúdo espero e não deixa de ser um miúdo mas nota-se muito mais infantil do que no livro. É a diferença em vermos que é uma criança especial que não deixando de ser criança tem uma sensibilidade diferente para as coisas e toma-as de forma mais séria do que seria normal, e de um miúdo bastante banal, até mais infantil do que seria de esperar para o tamanho e completamente apático. De chamar a atenção para a cena em que temos o moço a andar de triciclo pelo hotel, nas suas jardineiras e camisolinha vermelha. Deixo a imagem em baixo e digam-me que não se lembram de um boneco assassino muito conhecido nos anos 80... Eu não consegui pensar noutra coisa até que o raio do miúdo saiu do triciclo.



Para além disto a própria estrutura do filme está desconexa: é composta por diferente parte, começa com a entrevista para o emprega, passa para o primeiro dia no hotel e vai assim saltando de situação para situação por vezes sem um pingo de coerência ou ligação entre elas.

Há pontos positivos sim. A parte do rage deve-se em grande parte a ter visto filme assim que acabei de ler o livro e acho que isso é o pior que se pode fazer neste caso. São duas obras boas mas independentes. Cada um vale por si mas não tentemos misturá-los e muito menos compará-los.

O ponto mais positivo em todo o filme é uma imagem repetida ao longo do filme que é ao mesmo tempo marcante, bonita, bem feita e aterradora. é simplesmente uma imagem de um corredor, umas portas de elevador ao fundo e quando uma das portas se abre liberta uma onda enorme de sangue que se espalha pelo corredor e bate nas paredes fazendo um efeito visual lindíssimo, com um "sangue" muito realista (Tim Burton, you should learn something from this part!) e sem dúvida que é das cenas mais bonitas e bem feitas que vi num filme deste tipo.

Há pormenores neste filme que o fazem aterredor, momentos que sim senhor merecem toda a fama que o filme tem. Coisas simples mas que no contexto certo fazer eriçar o mais pequeno dos cabelinhos. As aparições aleatórias e estranhas das irmãs que ali morreram, o eco do bater das teclas da máquina de escrever, a banda sonora que não nos faz esquecer que estamos a ver um filme de onde nada bom virá, enfim, vários pormenores que criam um ambiente digno do filme que é. 

Talvez ter visto o filme antes de ler o livro – e vi mas foi há muitos muitos anos - teria sido uma boa jogada. Não são de todo parecidos e o filme como filme é bom, como adaptação não gosto e é das piores, se não a pior, que já vi. Senti que não há uma evolução como no livro, não há um contínuo, está tudo junto, demasiado junto e sem linha condutora. As coisas têm uma sequência e nada disso passou para o filme.

Para acabar e depois de muito me chatear com este filme tenho de deixar uma introdução à imagem que apanhei na net, de forma completamente aleatória e independente do filme mas que me fez rir um bom bocado e portanto quero falar da mítica cena do machado! Primeiro: isto tem muito mais emoção no livro. Segundo: tanta gritaria, senhora! E tão histérica. Ok, nunca tive o meu marido a tentar matar-me com um machado enquanto me escondia na casa de banho MAS ainda assim a senhora que me desculpe mas foi muito exagerado e pouco esperto! A Wendy no livro tem menos recursos e usa-os de forma inteligente. Enfim, eu fico com o Doge e vou tentar fazer as pazes com o Kubrick. Such Scare! Many murder!


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