sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

[series] Casanova

Título: Casanova
Argumento: Russel T. Davies
Realização: Russel T. Davies
Elenco: David Tennant, Peter O'Toole, Rose Byrne, Matt Lucas
Duração: 3 episódios de 1h
Ano: 2005

Há um padrão que começo a descobrir no trabalho de David Tennant: ele corre muito! Acho que é por isso que fica tão lingrinhas, não o deixam ficar sossegado.

Aqui temos quase toda a história deste Jack Casanova, desde um miúdo que só começa a falar quando uma moça se oferecer para lhe dar um "banho" até aos dias presentes, em que conta a sua própria história a uma jovem que lhe reconhece a fama.

Jack cresceu sozinho, filho de uma actriz que não quis saber dele. Cresceu e tornou-se de tudo um pouco: advogado, médico, astrólogo, o que fosse preciso. Fingia ser toda e qualquer personagem que fizesse falta no momento e em qualquer uma delas era rei. A vida dele foi isto e muita coisa, muita mesmo, aconteceu pela sua capacidade de se renovar e adaptar às situações.

Porque no fundo a fama que tem é verdadeira mas meio distorcida. Sempre foi um homem decente, com bom coração, não fez propriamente nada contra ninguém nem obrigou ninguém a nada. Antes pelo contrário: ele é que era procurado e levado "à certa".

De Veneza para Paris, de Paris para Londres, em cada sítio uma pessoa diferente, uma nova cara, um novo título, uma necessidade de se arranjar sem grande trabalho mas com uma boa vida. E verdade seja dita: ele é genial! Ele reinventa a roda e safa-se, sempre com estilo e sem grandes trafulhices.

No meio de muitas cenas divertidíssimas quero chamar a atenção para um cena em particular: a confissão deste Casanova. Mesmo quem não for ver a série que veja este pedaço, é ridiculamente genial! Acho que qualquer um que conheça a história imagina que teria imenso que dizer ao padre mas se a isto juntarmos o factor Tennant fica uma das cenas mais engraçadas da televisão. Diga-se de passagem que a confissão deu um ataque cardíaco ao padre e não era para menos!

Russel T. Davies a fazer mais um trabalho genial! Mais uma vez! Começo a ganhar cada vez mais respeito por este senhor. Onde quer que pouse as mãos torna-se em qualquer coisa muito muito boa! Quando quiser descobrir séries novas - como se as que tivesse para ver fossem poucas - vou atrás do que ele já fez. Não me deve enganar muito.

Com tantas peripécias, tantas mulheres, tantas situações peculiares que acontecem a este homem há uma constante ao longo de todo o tempo: muitas mulheres passam na vida dele mas só uma tem realmente o seu coração: Henriette. Ambos a fazer vida num ambiente que não é o deles acabam por ter uma empatia instantânea que nunca se dissipa. Os anos passam, a vida evolui, as situações impedem sempre que fiquem juntos mas independentemente de tudo o amor persiste e nenhum consegue esquecer o outro. É uma presença curiosa, não se torna chata ou lamechas, é um lamento numa vida muito preenchida.

Eu adorei ver esta série. Irrita-me a expressividade que este Tennant consegue por nas coisas. É dos poucos actores que me faz realmente sentir o que se passa ali, não consigo deixar de ver que ele está realmente a viver aquilo e isso só prova o bom actor que ele é. Surpreendeu-me de várias maneiras, situações que não contava, nunca se torna chata, há sempre qualquer coisa de novo a ser mostrado, até Matt Lucas anda por lá, o que me deixou tão perdida durante uns instantes.

É uma série divertidíssima, é pequenina, vê-se muito bem e recomendo a todos os níveis. Grande David Tennant. Grande T. Davies. Grande trabalho!






quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

[leituras] O culto do Chá

Título: O Culto do Chá
Autor: Wenceslau de Moraes
IlustraçõesYoshiaki
Páginas: 64
Ano: 1905

É giro ter namorado. É giro ter namorado que é tão bookworm como eu. É giro que ele nem saiba bem o que tem mas que depois quando descobre é uma festa. Melhor do que isso só quando descobre, ou se apercebe, que tem um livro que há-de ser ideal para eu ler. É esta a premissa deste O Culto do Chá.

Eu tenho uma fixação pelo Japão, desde há muitos anos. Acho um país interessante, uma cultura riquíssima e curiosa e um dia ainda irei lá. Para juntar à equação sou viciada em chá. Quando este livro apareceu na minha vida foi uma sensação maravilhosa de ter atingido um patamar diferente na minha vida.

Esta edição, fac-simile da original (na qual nem quero imaginar porque pela descrição dela é qualquer coisa de caírem os olhos), é dos livros mais bonitos que tive oportunidade de folhear. Ilustrações lindíssimas num papel (que parece) antigo quase que me transportaram realmente para terras nipónicas. 

Aqui fala-se, imagine-se, de chá! Da história do chá, das características do chá, da evolução do chá, da função do chá na sociedade, a importância da cerâmica pela necessidade de manter as características das folhas, a maneira de preparar o chá, a arte de o servir, bem, das várias coisas que se possa falar sobre chá. E é maravilhoso.

Por exemplo: Darumá adormeceu, mas para meditar não era possível adormecer. Para que esse mal não existisse cortou as pálpebras e plantou-as. Daí nasceu um arbusto e das folhas desse arbusto fazia-se uma infusão, óptima contra o cansaço. Assim nasceu o chá. Pode soar estranho mas acho uma história extremamente interessante. Descobri que bonecos de madeira deste mesmo Darumá são guardados em casa como objecto de culto. Quero um, obviamente!



Nota importantíssima: o chá bebe-se sem leite e sem açúcar. Eu sempre o disse e sempre o pratiquei! Agora meter cá mixórdias no chá, pfft...

Este é sem dúvida um dos livros mais bonitos que já vi, ilustrações lindíssimas, edição lindíssima, tudo lindíssimo! Já vi que há mais livros deste calibre, parece-me que o meu Darumá (que hei-de ter) terá de ser acompanhado com mais uns livrinhos deste género.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

[leituras] Hulk Cinzento



Título: Hulk Cinzento
Argumento: Jeph Loeb
Arte: Tim Sale, Matt Hollingsworth
Tradução: João Miguel Lameiras
Páginas: 148
Ano: 2014

Muito ouvi eu falar deste livro. O seu dono não se calou desde que o acabou, sempre a falar do quão bom era, do quão bem representado estava o Hulk e eu a ficar entusiasmada e curiosa por antecipação.

Então o nosso amigo verde no inicio era cinzento. É verdade, também achei estranho mas a personagem tem uma componente visual tão forte - bem, é uma parede de músculos gigante, é difícil não reparar - que nem notei grande falta de cor. O que acabou por me espantar, mais que não fosse por comparação foi: o Bruce Banner é tão raquítico. Ok, ao pé do Hulk qualquer um é raquítico, mas o Banner que estou habituada é um homem com corpo, não um lingrinhas que mal tem músculos para se levantar. Enfim...

Um Hulk meio perdido, apaixonado mas sem saber como lidar e conciliar o lado Hulk com o lado Banner. Em modo Hulk sabemos que fica ligeiramente diferente, não só na forma física, mas também na parte psicológica e essa dicotomia é interessante de observar. 

Tem um momento mega fofo do estilo of mice and men - só quer um amigo, um coelhinho adorável, mas a força é demais para um bicho pequeno, exactamente o mesmo caso e só torna a história deste Hulk ainda mais triste. Para aumentar a festa aparece um homem de ferro muito amarelo que leva uma coça muito bem dada, e eu até gosto do Homem de Ferro.

Independentemente de tudo o resto o Hulk aparece na versão mais expressiva que já vi na vida. Claro que seja para o que for o Hulk é um elefante numa loja de porcelana. Com tudo. Com o tamanho, força e resistência dele é pior do que um cilindro de estrada. Mas aqui é diferente: conseguimos distinguir traços de emoção nas feições distorcidas, felicidade, surpresa, tristeza, raiva...

É uma historia de amor bem contada, querida, trágica e não lamechas. Com o Hulk até se podia dizer que era complicado. A arte é genial, acompanha o argumento de maneira brutal e dá-lhe uma força terrível com o nível de detalhe e expressividade que transmite. Foi dos melhores livros de BD que apanhei nos últimos tempos.

"Hulk nunca magoa Betty.
Hulk sempre magoa Betty."

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Internet Attack (I)

A internet é um sítio grande e cheio de coisas e para não as perder nada melhor do que ficarem por aqui. Apanha-se um bocadinho de tudo, coisas boas e más, interessantes e estranhas. De vez em quando meto aqui umas coisas que eu acho que fazem sentido de aqui estar!

Para começar: vi o filme dos Guardians of the Galaxy há não muito tempo e sem dúvida que há uma personagem preferida muito acima de todas as outras: Groot! O raio da árvore antropomórfica com instintos fofinhos não deixa que as outras personagens tenham sequer uma hipótese ao pé dele. Não foi só a mim que conquistou, foi a todo e qualquer algum que o tenha visto e entre jogos, vídeos, peluches e bonecos afins chegou a bem mais gente do que poderia acreditar.

Desta vez descobri a vida diária de Groot e eu não sei quem fez isto mas conseguiu fazê-lo parecer ainda mais adorável do que já era.



De vez em quando criam-se fenómenos engraçados e tudo o que se faça com esta árvore vai dar resultado. Queiramos ou não ela consegue ser fofa e hardcore ao mesmo tempo, não há volta a dar.

Mas mudando drasticamente de assunto: então e Satã? Que abertura maravilhosa para uma conversa.

Um grupo de pessoas satânicas começou a distribuir livros infantis, à porta de escolas, com algumas imagens ou  palavras referentes a Satã. O livro não incita a matar galinhas nem cabras e nem sequer ensina a história do pentagrama ou do próprio Sr. Satã. São apenas joguinhos, coisas óptimas para entreter os miúdos quando não têm nada para fazer. 

Claro que tudo se insurge quando a esta iniciativa mas o ponto deles é bastante legítimo: se nas escolas há uma componente religiosa essencialmente católica, com a Bíblia por base, porque não dar atenção a outras religiões? Acreditando ou não em Deus, nuns ou noutros, não interessa, aceitando que se fale de uma qual o motivo para não se falar de outras? Quem diz que todas as crianças que ali estão pertencem à mesma religião? É complicado, muito complicado. Mas certo é que este livrinho é muito giro. Eu sei que adorava fazer estes joguinhos quando era mais nova. Fossem lá de que Deus fossem!



Eu sou fã de filmes com bonecos, confesso! Se me levantar cedo e estiver a dar desenhos animados na televisão fico alegremente a ver aquilo, a rir que nem uma perdida e a fazer os joguinhos tal e qual as crianças pequenas. Aquilo é giro.

Ultimamente tem havido uma boa porção da população adulta que se deixa voltar a tempos mais jovens das suas identidades e volta a brincar. Porquê e com quê? LEGO!

Uma jogada de mestre que junta a diversão que é construir coisas com aqueles pequenos pedaços de Satã (os joguinhos até fazem efeito afinal!) capazes de arrancar o mais estridente grito quando apanhados debaixo de um pé descalço e coisas que os mais crescidos gostam, como os Simpsons ou Star Wars ou, mais recentemente e ainda por sair, Doctor Who.



O filme que fizeram  do LEGO Movie foi genial, provavelmente o melhor filme de animação que já vi, ri-me tanto que fiquei com dores nos músculos da cara e da barriga. Tudo isto para dizer o quê? Que por muito adultos que sejamos é engraçado ver bonecada. Para nerds é pior, sim. Nós gostamos de ter os bonquinhos das nossas personagens preferidas, sejam em escala real ou POP's ou miniaturas detalhadas pintadas à mão. 

Mas alguém foi para além disso. Recriar quadros conhecidos com Playmobil! O resultado final é qualquer coisa, fica divertido e incrivelmente interessante ainda assim! 



Bonecos ao poder! Hoje, os quadros! Amanhã, o mundo!


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

[cinema] Into the Woods



Título: Into the Woods

Realização: Rob Marshall
Argumento: James Lapine, Stephen Sondheim
Elenco: Meryl Streep, Johnny Depp, James Corden, Emily Blunt, Christine Baranski, Chris Pine
Duração: 125min
Ano: 2014


Olhando para os nomeados dos Óscares deste ano e com alguns critérios de exclusão pelo meio pareceu-me boa ideia ver este Into the Woods. Tem a Meryl Streep e tal, tem o Johnny Depp, não há-de ser assim tão mau... Estava só a brincar: é péssimo!

Isto é uma verdadeira miscelânea onde nada faz sentido, tudo é confuso e misturado e não tem ponta por onde se lhe pegue. 

Em estilo musical, que é sempre o mais realista nestes casos como se sabe, as músicas e falas tinham sempre o mesmo ritmo, o mesmo estilo que se ouvia em Sweenie Todd e no fim só houve uma música que me soa bem e que recordo (Meryl Streep, como é óbvio). Nem uma ficava no ouvido, nada, eram demasiado banais.

Depois em termos de argumento... Como falar daquilo que vi? Temos o João e o pé de feijão, a Cinderela, o Capuchinho Vermelho todos misturados e com coisas muito estranhas a acontecer pelo meio. Desde lobos cujos interiores conseguiam alojar a minha casa, 

Houve alturas em que pensei que foi um desperdício tamanho fazerem um filme assim, em determinados pormenores foram tão bons e tão inteligentes. As irmãs da Cinderela tinham pés demasiado grandes para o sapatinho do príncipe. Ora o que é que se faz nessa situação? Cortam-se dedos! É horrível? Sim. É o que diz na história original? Sim, é, ao contrário do que a indústria da Disney nos queira contar! E eu a pensar: "Quando finalmente pegam nas partes interessantes dos contos de fadas que toda a gente acha que conhece é num filme que as está a desperdiçar completamente".

As cenas não fazem sentido nenhum, as personagens têm comportamentos estúpidos, há situações contraditórias, enfim. É uma desgraça pegada. Tem a Meryl Streep e perdoem-me o sacrilégio que vou cometer: por este filme não faz sentido estar nomeada para Óscares. A Academia tem de ter lá a Meryl a aumentar o Record de Mais vezes Nomeada mas ainda assim. Este ano deixavam a senhora sossegada. Para o papel que tinha de fazer fê-lo bem mas é fraquinho, muito fraquinho.

Tem Johnny Depp mas nem nos apercebemos dele. Tem Emily Blunt e James Cordon (pai do Stormageddon Dark Lord of All) mas as personagens são outras que têm momentos ridículos. Os príncipes são burros e não fazem nada. A Rapunzel é inútil (embora pela primeira vez vi uma forma bem feita de usar o cabelo para subir à torre). Enfim, não vi nada que valesse a pena.

É bom para rir, eu sei que ri muito durante o filme todo. Mais que não seja pela tristeza que aquilo é.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

[leituras] A Game of Thrones


Título: A Game of Thrones

Autor: George R.R. Martin
Páginas: 801
Ano: 1996

Isto anda na moda. Muito. Eu não sou grande fã de aderir a modas mas esta moda tem bom ar. E ainda por cima já não por uma ou duas vezes que ouço vozinhas a dizer "Não vês/leste Game of Thrones? Isto tem mesmo a tua cara.". Se tem ou não ainda não sei bem mas o certo é que a curiosidade falou mais alto e tive de pegar nos livros.

Já sei que me estou a meter num buraco sem fim. O Martin sobrevive à base das lágrimas dos fãs. Os livros ainda não saíram todos e o Martin vai gozando connosco. As personagens acabam todas por morrer mais cedo ou mais tarde, não vale a pena apegarmo-nos a alguém. Enfim, não tem ponta por onde se lhe pegue. E eu meto-me nisto.

Mas a verdade é que li o primeiro livro. E já fiquei meio apanhada!

Já dou por mim a comentar as casas e as personagens detestáveis que isto tem. Já fui privada de uma parte do meu coração pela maldade do Martin. Enfim, já sou mais uma. Ainda em doses pequeninas mas já estou no meio da fandom de GoT.

Assim que abri o livro deu-me a impressão de que seria uma leitura boa de se fazer e é bem verdade. A divisão em capítulos dos diferentes pontos de vista tem vantagens e desvantagens mas acaba por dar um ritmo interessante à história, quebrada mas interessante. Permite acompanhar as várias situações e personagens de uma maneira engraçada. A escrita é bastante engraçada, consegue envolver o leitor e contar bem uma história. Envolve de tal maneira que quando temos os momentos de Martin morremos um pouco por dentro, mas enfim.

No meio de tantas guerrinhas, de tantos amores reprimidos e ódios acesos às vezes pensei se estaria a ler coisas de crianças pequeninas. Há crianças pequenas no livro que têm mais cabeça do que os adultos, sempre prontos a sacar da espada porque não sei quem disse o quê. Tudo é uma ameaça pegada ao reino e ao rei e à rainha e aos príncipes e há sempre bodega pelo meio. 

Enfim, com tanta coisa a acontecer há personagens que se destacam pela positiva e outras pela negativa - com sentimentos mais fortes ainda! Senão vejamos: o Tyrion é super badass, brutalíssimo e das personagens mais interessantes e estranhamente inteligentes que se apanha por aí; Arya, ainda não mostrou muito mas tem guerra, é uma Stark na alma e isso nota-se, tenho esperança que fique realmente hardcore e ainda me dê muitas alegrias (antes de morrer já que eventualmente morre tudo); Jon Snow, provavelmente a personagem mais falada, por não saber nada ou não, não sei, mas fala-se muito, parece-me ser uma personagem cheia de potencial para ser muito, muito boa, badass, hardcore, fixíssimo, agora vamos ver se corresponde ou se se acobarda; Daenerys, gostei tanto dela! Tem uma sensibilidade tão inocente e querida mas ao mesmo tempo uma força interior tão forte, estava a adorar tudo na história dela e aqui sim, arrancaram-me o coração, mastigaram um bocadinho, misturaram com erva doce e sangue e voltaram e pôr no sítio. Acho que assim que me lembre foram as personagens que me chamaram mais a atenção pela positiva. 

Pela negativa? Fácil: Cercei, odeio a mulher de morte; Joffrey, coisinha mais chata; Robert Arrys, conseguiu irritar-me mais que o Joffrey, mimadinho e irritante, este espero que esteja na lista dos mortos próximos. Gostei de mais pessoas do que desgostei, pelo menos que me lembre. Que engraçado.

Já sei que ainda tenho umas boas páginas para chegar até onde há história e que muitos morrem. Para o fim deste livro, mesmo depois de estragar a parte da história que estava a suavizar o ambiente e a ser bem construída ao mesmo tempo, foi bom. Gostei do pormenor final e estou curiosa para ver como é que o puseram na série.

Aliás, há muita coisa para a qual estou curiosa na série. Vamos ver. Se calhar só no Verão, até lá ainda leio mais um livro ou dois!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

[leituras] X-Women - Mulheres da Marvel


TítuloX-Women - Mulheres da Marvel

Argumento: Chris Claremont, Marjorie Liu, Stewart Moore, Kelly Sue DeConnick
Arte: Milo Manara, Filipe Andrade, Nuno Plati, Mark Brooks, Ryan Stegman
Cor: Dave Stewart, Sotocolor, Nuno Plati, Emily Warren, Juan Doe

Olhando para a capa já se sabe de quem são a ilustrações do livro - da primeira história, aliás: Milo Manara. Num estilo muito próprio até é uma capa com mais roupa do que seria de esperar.

Confesso que tenho sempre imensa pena do leque reduzido de Manara. As mulheres desenhadas são sempre as mesmas, não tem mais do que 6 mulheres que lhe vão servindo para todas as histórias, é só trocar de roupa - quando a há. Independentemente disso tem uma capacidade extraordinária de fazer histórias sensuais, eróticas e tal, mas por vezes dá-lhes só um toque de sensualidade - não javardeira, entenda-se - que fica bem. Aqui achei exactamente isso, gostei de ver estas histórias por uma perspectiva diferente, claro que outra coisa não era de esperar mas ficou um trabalho interessante.

A história peca por falta de conteúdo, não tem quase nada, umas férias que dão para o torto e acabam em porrada. Sendo que é um livro de X-Woman não se poderia esperar muito menos do que isso. E vá lá que conseguem manter a roupa no corpo, por curtas que sejam e sejam lá as poses em que apareçam.

O segundo comic tem das artes mais interessantes que tenho visto. Temos uma moça Wolverine em busca por si própria, por encontrar o cantinho dela e acalmar os instintos mutantes que ainda não consegue calar decentemente. As ilustrações estão divididas e temos uma parte em tons de vermelho e preto, lindíssimas!, e outras mais "normais" da vivência real da moça. A história está bem porreira mas para mim as imagens e cores ganharam aos pontos.

Agora, mutantes que não são mutantes, são experiências que resultam em poderes sem o gene X, o que é chato porque acabam por ser discriminados por parecerem mutantes mas nem os mutantes os querem por não serem bem da mesma raça. Pobres pessoas. Mas há uma brigada de controlo de poderes com métodos de Clockwork Orange que me deixaram surpreendida. Não estava a contar mas foi qualquer coisa de interessante.

Por fim temos Sif, Asgardian, anda por cá a fazer coisas um bocado indefinidas, como é costume dos conterrâneos da senhora. A história é um bocado confusa, torna-se pouco desenvolvida e não achei que agarrasse a leitura. Uma pena. 

No todo é um livro engraçado de se ler mas que me deixou um bocadinho desiludida. Esperava mais e melhor. Ainda assim tem o ponto forte daquelas ilustrações maravilhosas do segundo comic que ficam assimiladas para acompanhar aqueles dois senhores - portugueses ainda por cima.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Psssst, há coisas bem feitas à solta

Esta semana foi muito rica em comentários, fotos, memes, vídeos, mensagens, sei lá mais o quê sobre um tema e um em específico. 

A mim foram-me passando ao lado, já tenho filtros intrínsecos, mas foi uma dose massiva sempre do mesmo assunto. O assunto, para alguém mais distraído, ou abençoado por uma estrelinha que o protegeu desta bodega, é o lançamento do filme das sombras de um senhor.

Dei por mim a encontrar provas de que várias pessoas tinham os bilhetes encomendados e estavam ansiosíssimas pelo momento. Milhares e milhares de euros - e outras moedas - nos livros. Outros milhares e milhares em bilhetes de cinema, ainda sem sequer estar o filme em cinema.

O meu problema não é que as pessoas leiam e gostem, vejam o filme e gostem, cada um sabe de si. Mas sejamos francos: isto é mau! Tanto uma coisa como outra! Há por aí milhares de livros e de filmes bem escritos, bem feitos, bem pensados, originais e interessantes e não têm metade do sucesso que isto tem. Isso é que me chateia.

Os grandes sucessos dos últimos tempos - em vendas - são livros que não o merecem. Há tanta coisa boa por aí, tanto autor, realizador, actor que trabalha a sério, que cria obras bem feitas, com conteúdo, bonitas, para todos os gostos possíveis e imaginários e aquilo que vende, aquilo que tem sucesso continuam a ser estas coisas, comerciais e banais, sem qualquer tipo de grande cuidado sequer. 

Isto diz muito sobre a população mundial mas nem vale a pena avançar mais sobre o assunto. É demasiado triste para que tenha tanta relevância.

Portanto vou fazer o que me faz mais sentido: olhar para o que está no cinema.

Reparai pessoas: temos um filme com o Benedict Cumberbatch a fazer de Alan Turing, The Imitation Game. É histórico, é sciency, tem um ar fenomenal e acima de tudo: tem o Benedict Cumberbatch.


Temos o Theory of Everything, é mais maricas e tal (mas ontem foi Dia dos Namorados e tudo) mas é sobre o grande e maravilhoso Stephen Hawking, um filme que dá a conhecer a vida pessoal e a evolução de uma doença complicada mas que não foi capaz de por barreiras num cérebro completamente genial.



Há o Boyhood para quem queira coisas mais experimentais e tal. Não é todos os dias que temos um filme que não apenas na tela acompanha uma vida. Demorou 12 anos mas o filme foi feito, cresceu com a criança que acompanhou e o resultado é qualquer coisa de diferente, pelo menos.


A ABELHA MAIA ESTÁ NO CINEMA! Eu tinha VHS disto quando era pequena por isso tenho um carinho especial pela pequena abelha mas isto para ir ver com os miúdos é tão giro. A pequena MAia é tão simpática e adorável. 


Ainda temos a Ascensão de Júpiter, tem umas imagens lindíssimas, para os homens têm a Mila Kunis, para as mulheres têm o Channing Tatum, a história é completamente louca mas têm um ar super interessante. E há orelhas à Spock, what can go wrong?



O Foxcatcher tem um ar extraordinário, mais uma vez com o Tatum a acompanhar Mark Ruffalo e Steve Carrel (estes últimos com um ar praticamente irreconhecível) num filme cheio de emoção e muita, muita, muita porrada.



Há mais coisas, como é óbvio, muitas mais. Estamos na altura do ano de estreia dos nomeados para Óscares, muitos têm realmente bom aspecto, é aproveitar. Anda aí uma onda de filmes óptimos a aparecer. Ide ao cinema pessoas, ide! Escolhei bem o filme. Mas acima de tudo divirtam-se!







sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

[cinema] The Shining

Título: The Shining
Realização: Stanley Kubrick
Argumento: Stanley Kubrick
Duração: 144 min
Ano: 1980


Tenho muito que dizer aqui! Estou chateada! Revoltada! Frustrada! Sinto-me enganada!

Acabadinha de ler o The Shining tinha que ver esta grande obra do cinema, ainda por cima um Kubrick - senhor que vai ter uma temporada, à semelhança do Miyazaki, a começar agora!

E estou tão chateada porquê? Porque o filme e o livro não têm nada a ver um com o outro. Nada! Há muita coisa que era tão boa no livro e que aqui foi arruinada.

O Tony, amigo imaginário do pequeno Danny, não tem nada a ver: no ivro é uma coisa completamente mental, um dom da criança que lhe permite realmente saber coisas; é uma sensibilidade inata do Danny. No filme o Tony "vive na boca do Danny e esconde-se no estômago quando não quer que o vejam". Torna a presença do Tony uma verdadeira coisa de crianças, um amigo imaginário autêntico, nada de especial ou interessante sobre ele. 

Não há qualquer referência ao problema de bebida do pai, Jack. Nenhuma! Uma das coisas que dá mais contexto e conteúdo a toda a história e é completamente eclipsado do filme. Ressalva feita que Jack Nicholson faz um papel brilhante, perfeito para o tipo de actor que é: louco e orgulhoso da sua loucura.

A mãe, Wendy, é uma personagem muito mais morta, sem acção, completamente à mercê do marido, sem qualquer tipo de intervenção quando vê as coisas a funcionarem de forma errada. É completamente submissa e não é essa, de todo, a personalidade da Wendy-do-livro.

E ok, o Danny é um miúdo espero e não deixa de ser um miúdo mas nota-se muito mais infantil do que no livro. É a diferença em vermos que é uma criança especial que não deixando de ser criança tem uma sensibilidade diferente para as coisas e toma-as de forma mais séria do que seria normal, e de um miúdo bastante banal, até mais infantil do que seria de esperar para o tamanho e completamente apático. De chamar a atenção para a cena em que temos o moço a andar de triciclo pelo hotel, nas suas jardineiras e camisolinha vermelha. Deixo a imagem em baixo e digam-me que não se lembram de um boneco assassino muito conhecido nos anos 80... Eu não consegui pensar noutra coisa até que o raio do miúdo saiu do triciclo.



Para além disto a própria estrutura do filme está desconexa: é composta por diferente parte, começa com a entrevista para o emprega, passa para o primeiro dia no hotel e vai assim saltando de situação para situação por vezes sem um pingo de coerência ou ligação entre elas.

Há pontos positivos sim. A parte do rage deve-se em grande parte a ter visto filme assim que acabei de ler o livro e acho que isso é o pior que se pode fazer neste caso. São duas obras boas mas independentes. Cada um vale por si mas não tentemos misturá-los e muito menos compará-los.

O ponto mais positivo em todo o filme é uma imagem repetida ao longo do filme que é ao mesmo tempo marcante, bonita, bem feita e aterradora. é simplesmente uma imagem de um corredor, umas portas de elevador ao fundo e quando uma das portas se abre liberta uma onda enorme de sangue que se espalha pelo corredor e bate nas paredes fazendo um efeito visual lindíssimo, com um "sangue" muito realista (Tim Burton, you should learn something from this part!) e sem dúvida que é das cenas mais bonitas e bem feitas que vi num filme deste tipo.

Há pormenores neste filme que o fazem aterredor, momentos que sim senhor merecem toda a fama que o filme tem. Coisas simples mas que no contexto certo fazer eriçar o mais pequeno dos cabelinhos. As aparições aleatórias e estranhas das irmãs que ali morreram, o eco do bater das teclas da máquina de escrever, a banda sonora que não nos faz esquecer que estamos a ver um filme de onde nada bom virá, enfim, vários pormenores que criam um ambiente digno do filme que é. 

Talvez ter visto o filme antes de ler o livro – e vi mas foi há muitos muitos anos - teria sido uma boa jogada. Não são de todo parecidos e o filme como filme é bom, como adaptação não gosto e é das piores, se não a pior, que já vi. Senti que não há uma evolução como no livro, não há um contínuo, está tudo junto, demasiado junto e sem linha condutora. As coisas têm uma sequência e nada disso passou para o filme.

Para acabar e depois de muito me chatear com este filme tenho de deixar uma introdução à imagem que apanhei na net, de forma completamente aleatória e independente do filme mas que me fez rir um bom bocado e portanto quero falar da mítica cena do machado! Primeiro: isto tem muito mais emoção no livro. Segundo: tanta gritaria, senhora! E tão histérica. Ok, nunca tive o meu marido a tentar matar-me com um machado enquanto me escondia na casa de banho MAS ainda assim a senhora que me desculpe mas foi muito exagerado e pouco esperto! A Wendy no livro tem menos recursos e usa-os de forma inteligente. Enfim, eu fico com o Doge e vou tentar fazer as pazes com o Kubrick. Such Scare! Many murder!


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

[leituras] The Shining



Título: The Shining
Autor: Stephen King
Páginas: 659
Ano: 1977


Há muito tempo que queria ler este livro. Considerado uma obra brilhante deste senhor que já só por si me entusiasma, tinha de ser lida. Agora que mo ofereceram não demorei mais de uma semana a começar a lê-lo e a fascinar-me com  a capacidade que King tem de me surpreender.

Aqui voltei a encontrar o factor paranormal muito presente, algo que por acaso não estava a contar. Temos uma família que vai tomar conta de um hotel durante os meses de inverno, tempo onde se encontra fechado. Mas este é um hotel com muita história, muita gente por lá passou e muitas situações estranhas também aconteceram dentro daquelas paredes.

O pai desta família tem historial de problemas e quem sabe se o frio não mexeria com os circuitos internos deste senhor. A juntar a isto o filho, uma criança sossegada e adorável, tem capacidades estranhas. Consegue ler mentes e comunicar mentalmente com algumas pessoas, com as mesmas capacidades dele.

Claro que as visões do pequeno Danny em conjunto com os circuitos fracos do pai, Jack, e o ambiente estranho do hotel teriam de fazer asneiras. Estamos a falar de cenas brutais e agressivas ao nível do Misery, ou talvez piores em muitos pontos. O único pormenor que me faz gostar mais do Misery para estas coisas é o facto de não ter paranormal envolvido ou seja, aqui há influências externas para o que se vai passando, no Misery é só pura loucura.

Mesmo assim gostei da maneira como o paranormal é tido aqui, a controlar completamente as pessoas, fazê-las agira de forma diferente mas com componentes bastante palpáveis. Ou seja, não são apenas macaquinhos na cabeça de quem lá anda, há realmente materializações, sons, confettis, bebidas e pessoas. O Hotel tem um vida própria e não deixa que ninguém fique indiferente à sua personalidade. Ok, é um livro muito esquizofrénico mas está bem escrito e bem pensado.

Eu gosto de sangue e tripas. King até costuma ser um senhor que quando fornece vísceras humanas até o faz bem. Aqui está um bocadinho exagerado em algumas partes mas confesso que é uma matança que dá gosto de ler. Entre facas, lâminas, marretas tudo serve para dar porrada em alguém. E mais: nunca acreditem que um tipo depois de levar imensa porrada e de ter uma faca cravada nas costas fica quieto! Não fica, ainda se mexe mais porque ficou chateado!

O fim disto não foi nada do que eu estava à espera e embora o meu lado sanguinário não tenha ficado satisfeito até dou de barato e digo que para a quantidade de cacetadas distribuídas naquele hotel é um bom fim e que junta o melhor de dois mundos: um fim semi-agradável com um fim não-completamente-feliz. Já não é mau!

Eu gostei imenso do livro, é uma boa história bem contada com momentos de suspense, de reviravolta, de nojo, de muita coisa. A escrita é de King, eu andei a ler este livro ao mesmo tempo que outro e em altura sem tempo. Em alturas mais livres sem grande coisa para ler isto lê-se que é um sonho. King tem essa magia de escrever coisas interessantes e sem grande peso. Boas histórias, bem contadas e que deslizam que é um sonho. Abençoado!

Logo acabadinha de ler este livro quero ver o filme, um Kubrick ainda por cima, com bastante fama. Vamos ver se faz juz ao livro ou se o consegue melhorar.





segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

[leituras] Carmilla

Título: Carmilla
Autor: Sheridan Le Fanu
Páginas: 96
Ano: 1871

Mais um livro pequenino que dava jeito de ler quando o tempo não é muito. De alguma maneira soube que tinha qualquer coisa a ver com vampiros. E que era giro. E era isto que eu sabia.

Começou logo bem para mim: uma moça que numa noite acorda com alguém no quarto, neste caso outra rapariga mais ou menos da idade dela. Mantém-se imóveis, sossegada na noite até que a primeira sente uma picada no peito e desata aos gritos. Quando as empregadas chegam ao quarto a rapariga conta tudo o que aconteceu mas ninguém além delas se encontrava naquele quarto. E como é que se explicava que o lugar onde supostamente estaria estado alguém ainda estivesse quente?

A história começa com esta premissa estranha e os acontecimentos que vão sendo contados não vão melhorando a imagem da coisa. Pegar na longevidade dos vampiros  dá sempre para fazer coisas giras e aqui depois de duas situações muito semelhantes com alguém muito parecida, começam-se a fazer perguntas e a chegar a respostas. Uma Carmilla, Mircalla, Millarca, os nomes vão surgindo, a intromissão desta rapariga numa casa depois de algum acontecimento curioso e a desgraça que com ela leva às casas por onde passa são uma constante e alguma coisa tem de ser feita para erradicar o mal. 

No fim fiquei com vontade de mais um pouco. Pareceu-me um final muito apressado para a envolvente toda. Senti que faltava mais qualquer coisinha para espicaçar aquele fim até mais não. É um tema que já não vejo bem explorado há uns tempos e talvez por isso me dê mais vontade de ler coisas mais elaboradas, não sei. Ainda assim tive real pena que o fim não fosse mais trabalhado, mais focado no que aconteceria, no que lhe poderiam fazer. 

Ainda assim é sem dúvida um livro interessante, pequenino e muito bom de ler, óptimo para passar uma tarde sossegada a ler uma boa história.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

Problemas de bookworm!

Encontram-se muitas listas na internet e confesso que me identifico com algumas delas - como todos nós. Recentemente encontrei uma sobre as piores coisas que podem acontecer a Book Lovers, Bookaholics, Pessoas completamente apaixonadas por Livros, como eu!

Nem todos os que andam por essa lista já me aconteceram mas como pessoa estupidamente preocupada pela integridade física dos meus livros - My Precioussss - quando alguma dessas coisas me acontece a casa vem abaixo.

  • Livros que quando são devolvidos vêm com defeito? NÃO!
  • Sair de casa e esquecer-me de levar leitura? NÃO!
  • Tentar ler e ter alguém a matraquear-me os ouvidos? NÃO!
  • O problema mítico de adaptações de livros a filmes? NÃO! (com alguns sim aí pelo meio, terei de confessar)
  • Fins mal feitos? NÃO!
  • Chegar a meio do livro e perceber que odeio aquilo mas que ainda tenho de o acabar) NÃO!
  • Perguntarem-me qual é o meu livro preferido? NÃO! (Esta é a pior, ninguém me pergunte isto, eu recolho à minha toca e não saio de lá nunca mais!)
  • Arrumar as prateleiras? SIM! (ok, dá imenso trabalho mas sabe bem mexer nos livros e ler pedacinhos de cada um.. ah, pequenos prazeres da vida!)
  • Acabar um livro realmente bom? NÃO!

E finalmente este toca-me especialmente:

"When you have a book that you really want to read and you can't read it because life!"  
Isto é a história da minha vida, chapadinha

Eu até não sou muito chata com spoilers, a não ser que seja mesmo de qualquer coisa que estou muito muito entusiasmada. Nunca me aconteceu ficar sem um livro porque alguém não mo devolveu, até porque acho que - dependendo do livro - perseguia essa pessoa até ao fim da vida!

Eu acho que pessoas como eu que têm uma fixação com os livros precisam de ser diagnosticadas com um qualquer tipo de OCD, mais que não seja para termos um papel oficial de alguma coisa que diga isso e que possamos usar para justificar os nossos comportamentos possivelmente agressivos e/ou violentos e/ou particularmente estranhos no que toca a estes casos. 

É perfeitamente normal termos esse tipo de reacções. Nós até somos uns tipos pacatos. Se nos deixarem no nosso cantinho, confortáveis, a ler, em sossego, sem interrupções nós até somos dóceis e agradáveis. Não chateamos muito. Desde que não nos mexam com os livros. É simples! 



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

[séries] American Horror Story


Título: American Horror Story
Criador: Brad Falchuk, Ryan Murphy 
Duração do episódio: 60 min
Ano: 2011 -


Sou fã incondicional de séries e de vez em quando aparecem umas que fazem saltar o Tico e o Teco. Quando descobri esta American Horror Story nunca pensei que fosse tão boa. Achei que dentro do horror fosse cair em facilitismo ou em repetição. Não podia estar mais enganada. Depois de quatro temporadas a acompanhar continuo super entusiasmada à espera da próxima e das reviravoltas que ainda vai trazer.

Senão vejamos: esta é uma série diferente das outras, cada temporada é diferente das restantes, não segue um fio condutor (embora as ligações entre elas estejam a começar a ser reveladas). Na primeira temporada temos uma casa assombrada, na segunda um asilo, na terceira bruxas e na quarta freaks!

(Alguém fez um trabalho muito bom a falar desta série e meio por preguiça meio por reconhecer mérito aqui vai fica o link)

A primeira temporada vi de rajada e a partir daí comecei a acompanhar de forma fiel. Até agora não há uma que não tenha gostado. As personagens que se repetem e reinventam e que de alguma maneira hão de estar relacionadas acabam por só aumentar o ar estranho e curioso que a série tem.

Esta última - Freak Show - começou a ligar as histórias, a mostrar como é que temos personagens repetidas de temporada para temporada. Não faço ideia de como tencionam avançar com isto numa nova temporada, que aguardo ansiosamente que comece a ser divulgada, com mais conteúdo à mistura e a arranjar fio condutor.

Mas se há série que se consegue reinventar e inovar é esta. Senti que estes Freaks podiam ter sido mais assombrosos do que foram, houve momentos assustadores, estranhos, verdadeiramente dignos de freaks mas sinceramente esperava mais. Na terceira temporada, com uma casa cheia de bruxas, houve momentos muito mas mesmo muito assustadores. Momentos em que eu que me costumo rir perdidamente e que fiquei caladinha, sossegadinha e encolhida debaixo dos lençóis a agradecer por aquilo ser simplesmente uma série. Aí sim, pensei por várias vezes na qualidade que esta série tem e na capacidade que tem de fazer com que alguém fique aterrorizado com uma simples imagem. Nem precisava ser aquele susto de surpresa ou inesperado, não, era uma imagem, parada e de tal forma estranha que fazia arrepiar os pelinhos mais pequeninos da nuca.

Aqui senti que perderam um pouca esse dom. Não me lembro de ter sentido isso durante toda a temporada mas teve outros pontos fortes. Em especial gosto de salientar a qualidade dos actores que aparecem nesta brincadeira. Parecendo que não muitos repetem-se há 4 temporadas e vamos-lhe vendo várias caras, várias condições e várias personalidades. A capacidade que têm de se adaptarem é fabulosa e sem dúvida que neste ponto há duas grandes estrelas a serem debatidas: Jessica Lange e Sarah Paulson. 

A primeira é uma actriz daquelas que já subiu ao patamar de deusa. O tipo de personagem que fez ao longo das temporadas foi praticamente sempre o mesmo: badass bitch! Não sei pô-lo de outra maneira. Carácter muito forte, incisiva e sempre com um estilo incomparável. Já no caso de Sarah Paulson as personagens têm sido mais variadas mas merece o mérito de ter interpretado duas personagens ao mesmo tempo, gémeas, com o mesmo corpo e ainda assim sabíamos perfeitamente quem era quem. Verdade seja dita que depois de ser fã de Orphan Black e de Tatiana Maslany (uma série em que este actriz maravilhosa interpreta, até agora, uns 10 clones e é impressionante a qualidade com que cada uma das personagens está construída e trabalhada!) o trabalho aqui feito não me pareceu assim tão assombroso. Por comparação, entenda-se. 
Mas claro que não são só estas duas a ter o mérito, não podia passar sem referir o nome de Kathy Bates, outra monstra disto tudo. Frances Conroy, que tem vindo a ter papéis mais pequenos e que vão passando despercebidos mas é fenomenal sempre que aparece. Angela Basset, de quem podia dizer o mesmo que da Lange, só muda a cor. E depois actores mais novos e que estão a começar bastante bem como Evan Peters, Lily Rabe ou Emma Roberts.

Sinceramente não faço ideia do que poderá aparecer agora numa quinta temporada. Já falaram de tanta coisa e tão creepy que não sei. Este Freak Show quando foi anunciado foi apresentado como "talvez demasiado assustador". Eu não achei e fiquei com vontade de mais, de mais daquele terror que encontrei na terceira temporada. Não sei se agora virão viagens no tempo ou uma revolução num cenário perfeitamente banal mas sei que estou curiosa. Ainda muita coisa há-de ser feita por estes senhores e eu cá estarei à espera.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

[leituras] Mythology



Título: Mythology
Autor: Alex Ross
Páginas: 288
Ano: 2003

Depois de ler Marvels avisei logo que tinha ficado muito fã do que tinha visto, bem mais do que do que tinha lido. Como não podia deixar de ser fui logo investigar que mais é que podia ler para conhecer mais deste senhor Alex Ross que tanto gosto me tinha dado com as suas ilustrações. Foi assim que descobri este livro magnífico: Mythology. O título é bom o conteúdo ainda é melhor.

Sei que eu por um lado apreciei imenso o livro de forma um pouco amadora nestas andanças. Embora goste e acompanhe os universos de super herois ainda sou muito verdinha nestas coisas. Aqui há um grande foco mas personagens mais emblemáticas da DC, principalmente Superman, Batman e Wonder Woman mas aparecem muito outros, muitos confesso nunca tinha ouvido falar.

E o mais engraçado no meio disto tudo é que fui aprendendo mais coisas do universo DC pela perspectiva deste Alex Ross e do seu geek'ismo mais puro! Ver um pouco de como funciona a mente de um tipo destes é fascinante. A maneira como desde novo conseguia visualizar as coisas de forma diferente, as adaptações que sentia que tinha de fazer, a direcção em que levou a sua formação para conseguir atingir os objectivos da melhor maneira possível, tudo isto me mostrou um homem muito determinado, muito talentoso mas muito trabalhador e é sem dúvida aí que temos o segredo da obra maravilhosa que vi dele.

Os desenhos que faz são absolutamente lindíssimos, ver muitas das vezes as versões originais, de comics antigos e o remake deste senhor é qualquer coisa digna de nota! Versões mais realistas, quase como se de fotografias se tratasse, mas muito fieis a mesma essência que se transmitia no original. São trabalhos com muito detalhe, com muito cuidado e sem dúvida que isso se nota.

Ver um livro e dizer que sim senhor, tem desenhos muito bons é uma coisa, ver o empenho, a dedicação e o trabalho que está por detrás daquilo tudo acaba por dar muito mais valor a um novo livro que vá ler. Dá-nos a real sensação de que não é uma coisa que aconteça de um dia para o outro, há muito trabalho, envolvimento, comunicação para que tudo aconteça e da melhor maneira possível. É interessante ver, por exemplo, pessoas à volta de Ross a tirar fotos nas posições precisas para um determinada trabalho e depois ver como é que ele acabou por desenhar aquilo. É surpreendentemente bonito e interessante. É um trabalho pormenorizado e sinceramente, falando pela minha experiência própria, que dá muitos resultados no fim. Eu li um livro com este senhor - pelo menos acho que só li um - e fiquei encantada, decidi-me rapidamente a querer mais. É uma prova irrefutável de que o talento é uma coisa gira que dá jeito mas o trabalho e o empenho nas coisas é que fazem realmente a diferença.

Do livro apanhei imensas coisas giras para ir investigar assim como livros deste senhor que terei de ler. Ganhou uma fã, sem dúvida e a continuar com este tipo de ilustrações uma que será muito, muito fiel!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

[leituras] The Lorax



Título: The Lorax
Autor: Dr. Seuss
Páginas: 72
Ano: 1971

Mais um Dr. Seuss, tem de ser, e desta vez mais um que se associa, pelo menos de nome, a este mundo estranho em que ando a passear.

Aqui apanhei uma história diferente do que já li. Aqui vi realmente uma história de crianças como as que mais estamos habituados a ver: com uma moral, com uma mensagem clara que transmite valores a quem lê.

Neste caso entramos numa terra escura, sem vida onde vive um ser estranho e isolado, Once-ler. Mediante condições muito estranhas e duvidosas podemos entrar em conversa com ele e ele conta o que se passou naquelas terras e qual a história que escondem. Era uma terra cheia de cor e vida, com árvores coloridas, muito bonitas, árvores Truffula, e vários seres vivaços como os Crummies e os Swomee Swans. Com tanta cor que dali saltava para os olhos o SR. Once-ler teve uma ideia: fazer Thneeds, são camisolas, e sapatos, e casacos, e chapéus, tudo numa só peça de roupa. Claro que são feitas com as árvores Truffula o que leva a que o Lorax apareça rapidamente a tentar impedir que as árvores fossem sacrificadas em nome destes Thneeds. A ambição é sempre aquilo que ganha e este caso não foi diferente: mesmo vendo os pequenos seres a ficar sem comida ou sem ar para respirar a fábrica criada era mais importante e os lucros não podiam parar. Foi assim que a vida se foi, a cores também, e a última árvore Truffula foi cortada. A fábrica fechou e ficaram as terras, agora vazias e mortas.

A mensagem é bastante óbvia e para quem vê o início da história e o meio da história repara com bastante clareza na diferença que aquela terra levou. Sabemos perfeitamente que há imensos sítios onde isto acontece, ou aconteceu, mas aqui está uma história simples e auto-explicativa que devia ser mais divulgada.

Uma coisa que não tenho falado e é uma grande falha da minha parte é a parte gráfica. Sem dúvida que faz uma boa parte deste universo e talvez me tenha lembrado mais neste livro porque foi aquele que mais me chamou a atenção a esse nível. Há muito cuidado com as cores, com os desenhos, com um ar curioso e interessante que dá realmente vontade de investigar. Digo que foi neste onde isto realmente me aconteceu porque começa com uma rua escura, tons azuis fortes e rapidamente passamos para um mundo onde os vermelhos os amarelos os verdes e os azuis se cruzam todos para um arco iris completo. O contraste impede qualquer fuga ao Tico e ao Teco.

De qualquer das formas acho que é um ponto a referir, até porque num livro para crianças é uma componente muito forte e tem de passar a mensagem muito por aí.

Recentemente foi lançado um filme do Lorax e agora vou ter de vê-lo nas proximidades. Tem potencial para ser um filme fofinho e engraçado se estiver bem feito. Já vi que quem faz de Lorax é o Danny de Vito e só por isso acho que nem preciso de pensar duas vezes.


domingo, 1 de fevereiro de 2015

As estantes que me emprestam!

Há um tipo ao qual achei piada há uns tempos e desde então que o tenho sempre à perna e à mão de semear naquele título estranho de namorado ou lá como é. Acontece que este senhor, de seu nome Rui Bastos, é bem conhecido dos mundos bloggeanos e um dos que mais vejo a tentar dinamizar esta coisa de ter blogs e escrever para cá umas coisas.

Assim sendo não tem um blog fechado, não se limita a escrever e publicar, envolve-se com as pessoas, chateia-as - no melhor dos sentidos - e acaba por arranjar maneira das coisas ficarem mais interessantes e de ainda se/nos divertir com isto tudo.

Se no ano passado lançou desafios a algumas pessoas (eu também andei por lá, parte 1 e parte 2) que obrigaram a uns raciocínios mais ou menos curiosos chegou a vez da vingança! Agora são os convidados a fazê-lo escrever! Para o caso bloggers - grupo no qual, pelos vistos, me insiro e tive a grande honra de fazer a abertura deste: Estantes Emprestadas 2.0! (Mais a mais sou o número 13 nesta brincadeira, YES!)



Eu tinha de entrar a matar: não queria algo extremamente difícil, nunca foi o meu objectivo (juro), apenas alguma coisa que gostasse de ver do ponto de vista dele, um desafio interessante que pudesse dar gozo a pensar. Saiu isto:

Conhecendo-te bem, e a mim também, sei bem que gostamos de muita coisa e todas muito diferentes umas das outras. Gostando de tanta coisa acabamos por precisar de vários meios para obter satisfação para todas. Mas e se fosse possível reunir tudo num só sítio? Como é que isso aconteceria? É possível de maneira real e – isto é importante – que faça sentido?

No teu caso, por exemplo, reunir DW, epopeias, dinossauros, livros, mitologia, integrais, crianças pequenas, desgosto por cães, como é que isto tudo poderia ser junto? Resultava? Sendo nós tão ecléticos? E quereríamos que isso acontecesse? Retiraríamos realmente o prazer que retiramos dos pequenos pedacinhos num todo?


Pois que conhecer o Rui foi uma aventura que me fez perceber que não estava sozinha no mundo: é possível, perfeitamente normal e felizmente exequível ser uma pessoa estupidamente eclética. Não é fácil, isso ninguém o poderá dizer mas lá que é possível, isso é!

Agora, Sr. Rui, fez um óptimo trabalho quanto ao desafio lançado. Havia muitos caminhos pelos quais ponderei se irias, várias coisas que me perguntei se te lembrarias mas havia uma certa: Doctor Who com dinossauros, com crianças ("Are you my mummy?") e sei lá mais o quê à mistura. Dessa não me livrava de certeza. Por outro lado pensei que explorasses um pouco mais. Talvez o tentar descobrir qual a melhor forma destas coisas acontecerem, porquê, como, não sei. Mais trabalho imaginativo!



Foste buscar exemplos, e muito bem dados, de coisas que fazem mais ou menos aquilo que eu disse e por aí eu concordo, é demasiado bom juntar várias coisas que adoramos numa! Principalmente quando é realmente bem feito. Poucos são os cenários onde isso é possível - felizmente em Doctor Who não temos esse problema, tudo é possível! - mas quando as coisas se conjugam com sentido sabe muito bem aproveitar um miminho feito (parece) especialmente para nós!

Acho que para mim o melhor é mesmo a surpresa de de vez em quando encontrarmos qualquer coisa que nos compreende, qualquer coisa que tem ali condensado o que gostamos e nos interessa. Acho que tudo, tudo junto nunca seria possível, é demasiada coisa e em demasiadas áreas para ser fazível devidamente mas assim pequenas doses, desde que bem pensadas, são bons exemplos de que o mundo funciona bem e que ainda há gente a fazer coisas interessantes e inovadoras! Provavelmente pessoas que sentem o mesmo que nós: há tanta coisa gira e interessante, vamos juntá-las e fazer qualquer coisa bombástica.

Eu sei que gosto de investigar, de me atirar de cabeça a coisas que não faço ideia o que me darão, bom ou mau, mas quero descobrir e essas aventuras acabam por dar mais força às coisas boas. O que eu quero dizer é: é óptimo encontrar coisas que nos fazem o Tico e o Teco dormentes de tão boas que são mas se fosse regra perdia muita da piada. Ver que há coisas muito - muito muito muito - más por aí acaba por nos fazer aproveitar mais as coisas boas. E se de vez em quando as coisas boas forem especialmente fascinantes e nos tocam nos sininhos certos ainda melhor!

Acho que ainda tens de te meter a investigar uma coisa destas, for the sake of it, agarravas e escrevias qualquer coisa que reunisse uma boa mistura de temas interessantes. Eras tipo com mais do que capacidade para fazer algo muito bom disso. (Call it a chalenge, muahahahah!) No fim disto tudo acabaste por me supreender, pegaste em exemplos interessantes que vou querer explorar um pouquinho mais e confirmaste que tens a mesma maneira de ver esta história que eu. Mais uma vez...

Vantagens disto é que se descobrires qualquer coisa que seja muito boa já fica pré-seleccionada para a minha pessoa. E o trabalho que isso me poupa é qualquer coisa de especial! 

Obrigada pela oportunidade de te fazer escrever por directrizes minhas, foi giro e quero repetir! Nunca se sabe bem o que vais desencantar e mais que não seja hás-de sempre arranjar uma maneira de dar a volta ao objectivo dado, não é? :)