quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

[leituras] Ratos e Homens




Título: Ratos e Homens (Of Mice and Men)
Autor: John Steinbeck
Tradução: Erico Veríssimo
Páginas: 114
Ano: 1937

A única experiência que tive com Steinbeck foi com um livro impingido e fosse por isso ou não não lhe achei grande piada. Na altura o sacrificado foi A Pérola e desse para este ainda se passaram uns aninhos.

Mas ouvi falar muito deste Of mice and men e sempre com uma boa impressão do que ia lendo. Resultado: fiquei curiosa, ainda por cima com o livro em casa e não consegui adiar muito tempo.

O livro é pequeno e lê-se muito bem, a escrita é muito fluída e soa quase a uma historia contada a beira da lareira. Simples mas interessante e com a capacidade de nos agarrar, este livro pequenino se não fosse lido em tempo atribulado e cheio de afazeres tinha sido começado e acabado no mesmo dia e não com muito tempo entre eventos. Foi um livro realmente bom, com uma história que se ao início parece banal rapidamente se mostra bem mais interessante que isso, com meandros escondidos que dão que pensar e que dão uma força imensa à história.

A história de dois homens que viajam juntos parecia-me, se ma contassem, pouco aliciante e nada que me entusiasmasse em condições mas a escrita é bastante boa, tem um estilo continuado  e encadeado que não dá vontade de despegar. Dois homens, um com dificuldades cognitivas mas que no fundo não é má pessoa. O típico muscles and no brains, muita força, óptimo para o trabalho pesado das quintas que o empregam mas sem perceber nada do mundo que está à sua volta. Ele só quer criar coelhos, acariciá-los, fazer-lhe festinhas mas a experiência que tem é com ratos e esses são tão pequeninos que aquela massa de músculos acaba por matá-los. No fundo é uma das poucas pessoas que vê a beleza nas coisas mais pequenas mas que depois não compreende as reacções do mundo exterior a ele e isso acaba por trazer sempre problemas.

Fiquei mesmo muito entusiasmada a ler este livro, é tão simples e sabe tão bem. É a prova absoluta de um livro simples, com uma história leve e que no entanto está tão bem contado. E tem conteúdo, não é apenas mais uma história. Muito mais do que muitos calhamaços que se encontram com 900 páginas, muito mais do que aqueles livros densíssimos que não deixam ler duas folhas sem dor de cabeça. Foi uma agradável surpresa que me vai fazer reler A Pérola e ver se foi a obrigatoriedade do passado que me fez torcer o nariz ou se foi mesmo mal meu com o livro. 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

[leituras] O Diário de Jack o Estripador



TítuloO Diário de Jack o Estripador
Autor: Shirley Harrison
Páginas: 315
Ano: 1994

Eu tenho um fascínio interno por serial killers. Acho-os seres fascinantes, aquelas cabeças as vezes geniais e loucas conseguem lembrar-se das coisas mais horríveis e muitas das vezes sem que haja sequer pistas do que se anda a passar.

Tenho pelo menos mais dois livros sobre este assunto, esses mais em género enciclopédia. Este que acabei agora de ler é sobre um só, e logo dos mais conhecidos: Jack, o Estripador!

Nunca ninguém foi condenado pelos crimes que foram cometidos embora houvesse vários suspeitos e alguns com provas razoavelmente legitimas. Mas na realidade a identidade do autor de crimes tão atrozes nunca ficou definida. Os crimes em cima da mesa são essencialmente cinco: cinco prostitutas mortas, mais ou menos esventradas , com indícios de terem sido atacadas pelo mesmo homem. 

Em 1992 chegou a mãos mais direccionadas a publicação este diário que aqui é analisado e interpretado por vários especialistas. Tudo indicaria que se tratasse do verdadeiro Diário de Jack o Estripador mas como é óbvio muito teria de ser dito antes de sequer pormos essa possibilidade como muito certa!

Foi submetido a várias testes, desde testes à tinta usada, ao papel usado, ao tipo de letra, ao tipo de discurso, inúmeros parâmetros que juntos nos dão uma aproximação bastante legítima que indica que este poderá realmente ser o Diário do verdadeiro e único Jack. Entenda-se que estes testes não nos podem dizer com 100% de certeza que assim é, apenas nos dizem que os tempos estão certos, a mente conturbada a escrever o diário tem as mesmas características que a mente conturbada que matou aquelas mulheres e por aí em diante.

Este livro na sua grande maioria é composto por dados históricos sobre este caso acompanhado e complementado com informações contidas no diário. Só as últimas 80 páginas, mais ou menos é que são fac simile do diário e depois a "tradução" para conseguirmos ler todas as passagens.

A acreditarmos que o que nos é apresentado é parte da realidade então podemos associar dois dos casos famosos, na época, no mesmo homem. James Maybrick, cujo nome é conhecido pelo grande processo que envolveu a sua morte, com as suspeitas de que a mulher o teria envenenado - embora a história completa tenha muito mais meandros do que foi dado a parecer na altura - e que afinal escondia a sua faceta mais negra, também conhecida como Jack.

Maybrick era viciado em arsénico, tomava doses diárias imensas, tinha dois filhos que amava imenso, uma mulher adúltera e gostava de matar prostitutas. Dá a entender que de alguma maneira sente que é uma missão que tem de cumprir, "matar todas as putas" e ao mesmo tempo retira uma satisfação ridícula do que faz. Em várias passagens ficamos com a noção de que grande parte daquilo que fez foi em resposta à traição da mulher, que tratava da mesma forma que as vítimas.

O certo é que começou a 31 de Agosto de 1888 com Mary Ann "Polly" Nichols e para começo sentiu-se pouco satisfeito. Cortou-lhe o pescoço com uma faca, enterrou a faca até sentir o osso mas ainda assim não lhe conseguiu arrancar a cabeça - tristeza que acabou por levar para a cova porque não o chegou a fazer, mas o desejo de decapitar uma vítima e levar a cabeça com ele acompanha todos os ataques. Mas nesta ficou por aqui. Na segunda já a conversa foi diferente, havia mais que fazer, não podia pura e simplesmente matá-la sem mais nada. Assim a 8 de Setembro atacou Annie Chapman e não só lhe cortou a garganta com uma faca como a abriu, tirou o útero e levou-o com ele.

Começava aqui a parte mais horrível destes crimes: a maneira como a vítima era tratada. No terceiro ataque as coisas não correram de jeito: houve quem interferisse  e com isso não conseguiu estripar Elizabeth Stride como quereria e então fez um segundo ataque na mesma noite. Catharine Eddowes foi a segunda atacada da noite e com menos sorte que a primeira se tivermos em conta que Maybrick já tinha mais tempo disponível e portanto conseguiu cortar várias partes do corpo como nariz, orelhas, pálpebras, estrangulou-a, cortou-lhe a garganta, abriu-a a mais uma vez se divertiu com as entranhas: rasgou e cortou intestinos, útero e tudo quanto lhe aparecesse à frente.

Mas a "obra de arte" deste homem foi a última vítima, Mary Jane Kelly. A 9 de Novembro, Mary Jane precisava de dinheiro. Infelizmente o cliente que lhe calhou tinha outros planos para aquela noite. Subindo para o quarto que esta possuía deu início à maior barbaridade que se conseguiu lembrar. A polícia quando deu com o local não podia acreditar, e muito menos imaginar - o que terão sido os momentos passados naquele pequeno espaço. Mary Jane tinha sido completamente aberta e várias partes do seu corpo estavam espalhadas por todo o quarto.

As fotos existentes na altura são de fraca qualidade e por muito mórbido que possa ser tenho alguma pena. O que existe é suficiente para perceber as atrocidades que foram  tidas naquele quarto mas não acredito que fiquemos a perceber a dimensão de todo aquele cenário. A pobre moça foi cortada desde a cabeça até aos pés, os órgãos foram espalhados e colocados em sítios diferentes do corpo. Nem desta vez conseguiu tirar a cabeça e isso foi uma falha que acreditando no diário levou para a cova.

É horrível pensar que uma pessoa aparentemente normal tenha tido estes comportamentos. É impossível de pensar o que terão passado as 5 mulheres que foram vítimas deste homem. E ainda assim consigo achar fascinante a capacidade que as pessoas têm de esconder as suas atrocidades mais profundas atrás de uma imagem neutra. O prazer desmedido que tiram de situações horríveis como esta. São mentes claramente perturbadas mas não são também geniais? Parecendo que não - e sem contar com este diário - ninguém sabe ao certo quem foi Jack o Estripador. Ninguém consegue dizer se as cartas enviadas à polícia eram ou não do mesmo homem. James Maybrick parece ser realmente o homem que tão procurado foi mas só ao fim de mais de 100 anos chegámos a este nome. Não deixa de ser curioso!










domingo, 28 de dezembro de 2014

EU OFEREÇO LIVROS!

Como bookworm que sou quero sempre mais livros.

Como bookworm que sou sou muito picuinhas com os meus livros.

Agora verdade seja dita: isto é um problema para quem está de fora! Ou alguém me conhece muito bem e atira ao livro certo -  e sim senhor, tem um pedacinho da minha alma reservado - ou agarra num livro que parece interessante e com a maior das probabilidades vai errar.

Isto dito assim até soa mal mas é muito verdade. A maior parte dos livros que mais se houve falar, que mais destaque têm são livros que pouco me interessam. Não é geral, felizmente ainda há Saramagos nas estantes e em promoções chamativas. King continua fortíssimo a lançar calhamaços que são adaptados para filme ou séries e as livrarias põe-no nas ilhas maiores. Há clássicos que não se perdem nos anos e continuam sempre nas estantes, em edições lindíssimas a chamar por quem quer que passe. Por isso não sou contra o que está à vista, mas a maior parte do que lá anda não me interessa minimamente. Não apreciei Ken Follet quando o li. Não posso ver a Margarida Rebelo Pinto à frente. James Patterson tem demasiados meandros de escrita estranhos para o meu gosto. Não gosto de sagas adolescentes maricas com vampiros e/ou lobisomens e/ou zombies com as meninas inocentes que se apaixonam e fazem coisas estúpidas ao longo de uma série de livros. Não sou fã de ler soft-porn para pessoas de meia idade. Nora Roberts, Sparks, Jodi Picoult, Lesley Pierce e livros afins até só pelas capas e invólucros me dão comichões e nunca li nenhum deles. Quem tem ido às livrarias nos últimos tempos percebe o que eu estou a falar.

É por aí que digo que não é assim fácil de acertar sem conhecer o bicho.

Mas quem é que já deu AQUELE LIVRO a alguém? Saber que aquele livro assim que for visto pela pessoa que o vai receber vai ser instantaneamente amado e preservado no cantinho mais bonito e lustroso que houver. Já viram os olhinhos de um bookworm que recebe um livro que realmente queria? É qualquer coisa de muito especial. É mais brilho do que se pode imaginar. É qualquer coisa de outro universo!

Eu já ofereci livros assim! E sempre que ofereço livros gosto que seja por isto, porque sei que vai ficar num cantinho muito especial daquela pessoa! E podem ter a certeza que fica mesmo.

Portanto tudo isto por um motivo muito simples: se conhecem um bookworm metam conversa com ele sobre livros - com muito cuidado, há fortes possibilidades de nunca mais ouvirem o silêncio, principalmente se essa pessoa não estiver habituada a ter com quem falar sobre isso, tenham mesmo muito cuidado! Descubram quais são aqueles livros ou aquele tipo de livros que o faz vibrar, que não deixa dúvidas para "Gosto ou não, pode ser engraçado e tal" - Não! Não chega! Aquele livro que faz com que naquele momento o mundo pare, os olhos brilham e só existem duas entidades no universo: livro e dono!

Essa pessoa vai ficar radiante e quem oferece fica também! Quando a paixão é mesmo forte nota-se e sabe tão bem ver alguém tão feliz. Gosto de acreditar que somos um nucleozinho engraçado que retira prazer de umas folhas de papel sujas com tinta. Não são muitos os que vêem o verdadeiro valor disso mas quando o vêem é inesquecível!

Já agora, se o bookworm que conhecerem for eu estão à vontade para falarem de livros. Qualquer que seja o tipo, não discrimino! Venham a mim os livros! E se quiserem saber quais os que gosto mais e ainda estão na lista... Bem, não perguntem, a minha lista ainda é maior que a dos típicos bookworm, nunca mais me calava! Morria afónica, mas feliz!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

[cinema] Guardians of the Galaxy




Título: The Guardians of the Galaxy
Argumento: James Gunn, Nicole Perlman
Realização: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Vin Diesel, Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dave Batista
Duração: 121 min
Ano: 2014


Há filmes que têm um sucesso estrondoso e toda a gente fica a falar deles. Vivendo eu no meio de comunidades nerds coisas do estilo deste filme são-me bombardeadas a toda a hora com os prós e os contras todos que se possam imaginar.

Vi o trailer assim que saiu e soou-me a que este filme tinha potencial para ser qualquer coisa de especial! As pessoas à minha volta que viram o filme falaram-me bem dele. E sendo completamente honesta tem seres estranhos, mundos estranhos, situações estranhas e agradou-me a ideia!

Muitas explosões, muita onda de lasers mortais em estilo Star Wars e um grupo de completos malucos - para não dizer pior ainda - que se juntam por motivos pouco convencionais. E logo que grupo. Acho que em sítio nenhum se arranja grupo mais heterogeneo. 

Agora, há um ponto a favor de tudo isto que me fez por este filme um pouco mais acima na categoria! Um tipo com algum gingar natural, com uma nave, a qual usa para fazer umas patifarias de vez em quando? Com uma equipa com elementos muito diferentes, alguns muito muito diferentes, moças hardcore e situações de porrada iminente? Pode ser só a mim que me faz o click mas a certa altura pensei: este tipo está a caminhar para ser o Mal! Captain Malcom Reynolds, dono da bela Serenity. Não tem nada a ver, entenda-se. Tomara algum dia este Starlord chegar a metade do nível do Mal mas o certo é que a ideia me passou pela cabeça e não consigo ser completamente imparcial aí. Aquela série ainda hoje me dá saudades!

Karen Gillan como Nebula também me surpreendeu. Eu habituadinha a ela como Amy Pond e aparece-me careca, vingativa e um bocado psicótica. Infelizmente o ar de alien não é muito a coisa dela mas ainda assim a ser uma coisa bem treinada podia ser muito interessante. Conseguiu ter momentos loucos e momentos interessantes, badass!

Mas nada bate o Groot! Digam o que disserem! Ele é adorável, ele é útil, ele é forte, ele é interessante! I AM GROOT devia passar a ser uma coisa qualquer importante! Já para não falar nos momentos de beleza pura que ele consegue, com aquelas luzinhas pequenas e o adorável que ele fica a dançar enquanto pequeno rebento!

Os efeitos visuais estão muito bons, cores definição, explosões, torna-se tudo muito mais real e engraçado. Às vezes até demais!

Mas de uma maneira geral gostei imenso do filme, divertido, com um argumento que para mim podia ser um bocadinho mais detalhado, mais geekzinho mas que ainda assim está bastante bom, a ir buscar várias personagens interessantes, com actores bem escolhidos para o papel, em situações típicas destes mundos heróicos.

Esperemos pelo que ainda veremos deste grupo que contra tudo o que se pudesse dizer ainda sobrevive para contar a história, e pelos vistos continuá-la...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

[leituras] Kassumai



Título: Kassumai
Autor: David Campos
Páginas: 116
Ano: 2013

As vezes as coisas surpreendem e este livro que tinha tão bom aspecto revelou-se rapidamente como Chili com carne. E desta vez não e uma salganhada pegada! Acho que e o primeiro livro que leio destes moços que não seja qualquer coisa de ar experimental-estranho.

Aqui temos um relato de uns tempos passados na Guiné, um grupo que durante uns tempos conhece e vive com os locais, cria um centro de formação juntamente com amizades com as pessoas que vão encontrando.

E neste livro temos o relato de muitas das coisas porque passaram, a alimentação que faziam, as bebedeiras que apanhavam, os sítios que conheceram, o calor que passaram, ...

O mais importante que retirei desta jornada que nos descrita foi exactamente a quantidade de relações que criaram nos tempos que estiveram por la. Sem dúvida que denota uma forma de estar completa mente diferente do que estamos habituados, as pessoas são mais humanas, tem menos distracções supérfluas, tem uma visão mais terra a terra das coisas.

Acho que deve ter sido uma experiência super divertida mas acima de tudo super enriquecedora. Sem conhecer os integrantes desta aventura arrisco-me a dizer que foram tempos a deixar saudades e vontade de voltar. Ainda bem que o fizeram e que deixaram outros ver tudo aquilo que esta neste livro.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

[leituras] em tempos havia os bois




Título: em tempos havia os bois (Magazine do Fantástico e Ficção Científica #3)

Autor: Charles W. Runyon, Barry N. Malzberg, Robert Thurston, Shinichi Hoshi, M. Mendelsohn, Charles V. de Vet, Robert F. Young, Bill Pronzini, David Reed, Isaac Asimov
Páginas: 157
Ano: 1971

Eu gosto de alfarrabistas, têm livros que geralmente não se encontram em lado nenhum e parece que ficam ali, à espera que eu os descubra e fique contente. Nos últimos tempos há um concorrente para os alfarrabistas, muito menos interessante devo referir mas que também tem as suas vantagens. As lojas de coisas em segunda mão que andam por aí espalhadas em todo o lado. E embora não sejam grande coisa na parte literária a verdade é que quem põe preços àquilo também não sabe o que é aquilo e encontra-se lá com cada livro baratinho. 

Este em específico custou-me uma fortuna, tive de poupar durante um bocado mas consegui: 50 cêntimos. Não é um livrinho grande, já está meio velhote e aqueles animais colam as etiquetas onde lhes apetece sem olhar ao que quer que seja mas sim, 50 cêntimos. Eu fiquei contentíssima, gosto imenso de apanhar livros deste estilo e este foi uma óptima experiência.

 Assim de rajada conhecia Asimov e mais nada. Muitos autores desconhecidos mas que alguns conseguiram juntar-se à minha lista de "to search more". Ainda são 10 contos, e são eles:

Em tempos havia os bois: Para começar esta antologia temos um mundo onde povos andam a invadir outros. Ainda pensei se seriam os tugas do próximo século mas acho que apenas nos seguem as pisadas que até nós já esquecemos que demos em tempos. Mas aqui as coisas são drásticas e claramente off the record: é suposto termos um intérprete para tentarmos comunicar com os nativos, claro que sim mas pelo sim e pelo não eles que nos sirvam... ou morrem. Mas desta vez dois membros da equipa acabam por ver primeiro como é realmente este povo e a verdade é que têm um segredo bem enterrado e que precisa de ser descoberto. É provavelmente o maior conto do livro, é interessante e cativa mas onsegue tornar-se um pouco confuso quando as coisas começam a acontecer. De qualquer das formas é uma boa leitura, com uma escrita que se lê muito bem. 

Dois mil e sessenta e um: Este é daqueles contos que chegamos ao fim e pensamos: "Whaaaaat?". Lemos uma coisa durante o conto inteiro e no fim há um plot twist qualquer que nos muda a história toda. Acompanhamos alguém que sofre de esquizofrenia induzida, começa a alucinar e o que vemos é o seu encontro com o técnico responsável, que o tenta acalmar e moldar ao mesmo tempo. Até trocarem de lugar. Aqui acho que a revelação final podia ter tido mais umas linhas, ficou muito crua. Deixa uma pessoa de queixo mental caído mas lentamente porque ainda estamos a assimilar as últimas revelações. Gosto de contos assim, e este tem uma história por trás interessante o que é só bom.  

Debaixo do cerco: Quanto a este tenho sentimentos contraditórios. Se por um lado gostei da escrita, gostei da dinâmica do conto não gostei da história. Um casal é comporto por um homem branco e uma mulher preta numa sociedade onde essas coisas são desprezadas e quase proibidas. Acontece que as vidas deste casal nunca estavam seguras e prova é que a mulher é violada por alguém "da sua raça" como deveria ser. E isso quebra o marido, jornalista, que acaba por escrever um artigo sobre o que se passou. Resultado disso é ver o homem que violou a mulher na sua casa, sem acção perigosa, agressiva, nada. Existia, fazia as coisas de casa, impôs a sua presença em silêncio. Apenas falava com a mulher e dessas conversas, proibidas a um branco, nasce qualquer coisa de estranho, uma empatia? Um reconhecimento? Não sei bem, o certo é que a vida deste casal é invadida, destruída por uma situação que nem faz sentido. Aqui o que não jogou para mim foi o desenvolvimento de partes da história. A escrita é muito boa, gostei de como nos leva a envolver na história, transmite realmente os sentimentos vividos não se limitando a descrever mas as reacções principalmente da mulher parecem-me demasiado avessas à minha pessoa para conseguir criar um laço amigável com o conto, ou pelo menos com ela. Mas verdade seja dita que gostei, e gostei bastante porque a história está realmente boa. A mim é que me faz comichões.

Ei... II, sai cá pr'a fo... ora!: Este foi outro que gostei imenso. Fez-me lembrar uma curta que vi nos ABC's of Death, chamado C is for Cycle cuja ideia era a mesma: acabar no início. É tudo sobre um buraco, infinito, ninguém lhe consegue ver qualquer tipo de fim e claro que alguém rapidamente se lembra: isto é o ideal para despejar todo o lixo que nos anda a estragar o planeta. Ate podia parecer uma boa ideia, mas será? É uma reviravolta estranha mas não é por isso que se torna pior. 

Pequeno Goethe: Este conto lembrou-me alguém. Temos um rapaz, se é que se lhe pode chamar assim, que embora tenho corpo disso é eterno. Não envelhece nem morre, existe na sua forma de criança pequena com o seu cérebro bem formado e culto. De forma a ir sendo sustentado vai sendo "adoptado" - e até "nasce" num dos casos - por vários casais que mais cedo ou mais tarde acabam por se aperceber de que há qualquer coisa de errado com este moço. Gostei em particular de uma das diversões dele: agarrar num texto e traduzi-lo para uma língua, daí para outra e assim sucessivamente até acabar as línguas que conhece retraduzindo para a versão original. A não bater palavra por palavra retomava desde o início. Sei de alguém que gostaria de fazer isto e passou-me logo na ideia mas é uma coisa tão engraçada de se fazer. O ponto forte neste caso é a história, não é um Benjamin Button, nem nada que se pareça embora o principio de idades seja igualmente estranho.

Segunda Hipótese: Mais uma vez os humanos a tentar arrasar tudo e todos na sua exploração louca. Todos os povos têm de ser seus vassalos dê lá por onde der. Neste caso um povo das montanhas que se julgava extinto, há muitos anos travaram uma imensa batalha da qual, supostamente, apenas os humanos teriam sobrevivido. Mas imagens e relatos recentes demonstravam o contrario, ainda havia resquícios dessa população escondidos no meio das montanhas. Por algum género de remorsos os humanos acharam por bem entrar em contacto, pedir desculpa, devolver parte do que tinham tirado à força e para isso enviam um representante. Este vai descobrindo várias coisas sobre aquelas pessoas e uma das coisas mais interessante é a sua capacidade telepática que de algum forma consegue manipular animais, ou seja, os animais que matavam para alimentação nunca traziam marcas de armas. É engraçado de ver que realmente não sabemos o que nos espera quando encontramos novos tipos de vida. Quais as suas capacidades? Sabemos lá até que ponto têm características diferentes das nossas e talvez mereciam um pouco mais de cuidado. No fim somos avisados para ficar longe, talvez sobrevivamos. Eu cá não sei mas tenho para mim que a ouvir uma coisa daquelas depois da demonstração de capacidades mudava de planeta.

Projecto grande ascensão: Este conto não me disse grande coisa, achei-o confuso, meio disperso, achei uma tentativa de juntar muitas coisas de maneiras diferentes para as diferenciar mas não acho que tenha corrido bem. Entre construções misturadas com deuses ou uns seres superiores semelhantes uma pessoa perde-se. É outro que gostava de ver estendido, parece que assim cai tudo muito em aberto e não cria grande nexo. As coisas com mais pontes e mais um pouquinho de conteúdo já nos inseriam num mundo diferente e possivelmente mais interessante.

Gato: Este é um conto muito muito bom. Eu gostei imenso e é uma coisa tão simples. Alguém que acaba de ler um conto sobre alguém com fobia a gatos. E o que é que está à frente dele assim que pousa o livro? Um gato! De onde veio o gato? Se ele fosse a personagem do livro estaria cheio de medo. Mas o que é que aquele gato está ali a fazer? E como? E porquê? É melhor chamar alguém para levar o gato. Mas onde é que está o gato agora? Deve ter ido embora. Afinal está no escritório. Que gato mais estranho. Porque é que está aqui este gato? Gato! Gato! Gato! É muito psicológico, é muito curioso, do estilo de história que explora uma situação simples pela parte psicológica mas simples e que se torna tão engraçado e cativante. 

Amanhã: Este aqui é estranho e interessante. Mais uma espécie de análise ao comportamento humano perante uma situação de perigo, de ameaça, de desconhecido que acaba por ser muito curiosa. Desta vez cria-se um campo à volta de uma casa onde há uma festa. Nada atravessará esse campo e ele começará a subir a apanhar todo o conteúdo, incluindo os convidados. Por isso a única solução é aproveitar os últimos momentos que têm já que uma vez começado não há nada que pare o desfecho. Não dão muita importância à reacção das pessoas e temos apenas um ou outro apontamento sobre isso no meio das personagens que acompanhamos. Tive pena porque o engraçado seria realmente ver as loucuras que se fariam nesses momentos e embora exista essa parte é uma amostra pequena. De qualquer das formas é mais uma ideia bem pensada e bem escrita que deixa uma pessoa a pensar se deve ir a festas ou não.

Ciência - tão fácil como dois mais três: Aqui é um pequeno desabafo sobre ciência. Sobre as dificuldades do avanço científico, sobre a evolução do que tem sido a ciência e de como é que tudo apareceu. O porquê e o como. Um bocadinho que me interessou bastante pelo carácter mais científico da coisa, pelas mãos do senhor Asimov. Para acabar não poderia ser melhor!



domingo, 21 de dezembro de 2014

O que há em mim é sobretudo cansaço...


Ao escrever este titulo lembro-me de duas pessoas, uma que começará a ler com o sobrolho alçado e outra que o faria de olhos bem abertos só com o entusiasmo. A seguir por este caminho escrevia tudo menos o que queria e por isso deixo só a nota que achei curiosa: nove palavrinhas apenas - que nada dizem - e a influência que podem ter no que seja que fazemos.

No Universo em que vivo com mais frequência nos últimos tempos, estou puramente cansada. Apetece-me dormir por umas semanas sem fazer o que fosse. Isto é dito da boca para fora, sou demasiado irrequieta para conseguir tal feito mas ainda assim é aquilo que só de pensar me dá mais prazer.

Escrevo com uma caneca de chá bem quente nas mãos, como faço com mais frequência do que é normal, a ver se aqueço um bocadinho ao mesmo tempo que a minha cabeça me manda para a cama. E isso acaba por se reflectir no quê? Em tudo! E uma das coisas que noto que sofre rapidamente com este meu mal é a minha parte de leituras. Fico cansada, com pouca vontade de fazer trabalhar a cabeça. Leituras leves? Fazem-se com bastante calma! Leituras mais interessantes que muitas das vezes implicam mais um bocadinho de esforço mental já não consigo. 

Aconteceu-me há dois dias, pegar num livro que sei ser interessante e que me vai cativar com bastante força mas li o primeiro capítulo e não retive metade do que li. Não identifiquei beleza literária, num autor que a tem a rodos, não lia completamente as frases, tentava perceber a história com uma leitura na diagonal. Ler assim não é ler e recuso-me a dizer que li um livro se assim o fiz. Resultado? Arrumei o livro, fica para outros tempos em que o meu cérebro colabore com o resto e me permita ler a absorver tudo o que está ali para mim!


Mas então como passar os próximos tempos no campo das minhas leituras? De forma minimal! Não consigo deixar de ler, nunca conseguiria fazer tal coisa, mas vou ler menos e descansar mais. Se calhar em vez de ler um grande livro vou antes ler um livro mais "fast food". 

Certo é que descansar é essencial! Os planos para leituras em 2015 são muitos e com objectivos bem definidos - coisa que nunca fiz na vida! Estou muito entusiasmada com o meu ano literário de 2015 que promete revolucionar as minhas bases e o meu reportório. Para isso preciso de descansar! Para isso preciso de absorver tudo o que os próximos livros me trarão e sem dúvida que não vou querer perder nada disso!


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

[leituras] Os Pesadelos Fiscais de Porfírio Zap


TítuloOs Pesadelos Fiscais de Porfírio Zap
Autor: José Carlos Fernandes
Páginas: 35
Ano: 2007

Aqui há tempos encontrei uma BD chamada o Um Catálogo de Sonhos e fiquei absolutamente fascinada com aquilo que li. Simples mas com uma história bonita e bem construída.

Nas minhas navegações descobri outras duas BD, também pequeninas e com ar de pouco pegadas, do mesmo autor. Agarrei logo nelas na esperança de mais um livro surpreendente, confesso.

O primeiro dos dois foi este: Os Pesadelos Fiscais de Porfírio Zap. Eu abomino burocracia e assuntos relacionados com grandes doses dela, sejam nas áreas de gestão e/ou economias. E pior, nunca, desde pequenita, fui fã daqueles "livros educativos" que nos tentam incutir uma data de ideias pré-concebidas. Parece que foram todos feito pelo Goebbels e temos uma propaganda nazi espalhada por aí - se bem que muitos nem a metade da qualidade do dito nazi, coitados.

Aqui fiquei logo de sobreaviso: o prefácio vinha da Direcção Geral dos Impostos. Ahhh... 

O sr. Porfirio Zap tem uma empresa. No ano passado a empresa do sr. Zap deu muito lucro o que fez com que passasse para o escalão seguinte do IRS. Assim recebeu uma carta para pagar o que faltava pela subida de escalão. Indignado por ter tudo em ordem e ainda lhe cobrarem mais dinheiro resolveu desistir de Portugal e criar o seu próprio estado. Como é óbvio as ruas deixaram de ter manutenção e criaram imensos buracos, não havendo polícia as ruas eram um perigo, ... o sr. Porfírio percebeu que não seria assim tão bem pensado desistir do estado português, ainda que pagando mais IRS e como tal voltou com a sua decisão atrás.

O problema que eu tenho com isto é claro, ou não? Sim, o estado em que vivemos é bom. Sim, devemos estar muito agradecidos pelo estado que temos.

Não gosto deste tipo de livros. Embora os desenhos estejam bem feitinhos. Mas não, não vou começar a adorar pagar os impostos, desculpem lá.

A minha vida.

[leituras] Hans



Título: Hans - O cavalo inteligente

Autor: Miguel Rocha
Páginas: 80
Editora: Polvo


Mais uma das minhas descobertas que deram certo. Há pouco tempo descobri Miguel rocha com o A vida numa colher [beterraba] e embora não tenha ficado fã as críticas gerais ao autor eram boas. Quando descobri mais um dos seus livros pensei: porque não? E desta vez a coisa foi diferente. 

Aqui temos a historia de Hans, um cavalo inteligente. Aparece-nos um palco em frente e nele um "apresentador" que nos fala das capacidades deste bicho especial. Cálculo matemático, desde que posto de forma simples e clara para que ele identificasse o problema em causa. Mas o público é impaciente e rapidamente se chateia de um cavalo maravilha que afinal não faz nada de mais, faz contas mas nisso não é assim tão fabuloso, ele que fale, ele que faça mais qualquer coisa. 

Mas depois desse primeiro contacto que temos no palco temos a historia por detrás do cavalo, o tratamento necessário para que o resultado fosse uma demonstração de raciocínio animal capaz de ser posto em palco. Pior que isso é tentar perceber o raio de relação que há com o cavalo na vida do dono. Eu juro que fiquei muito confusa quando a dada altura aparece uma mulher, completamente aleatória, com quem o homem tem uma relação - também claramente mal resolvida. Nada de estranho. Mas e se essa mulher falar com o cavalo a dizer que e mãe dele? Hein? O cavalo é filho deles? O quê? Mas mas mas... 

Não faço ideia. A serio que não. Querendo passar mais coisas acho que o livro ficou a perder, torna-se mais confuso, embora admita que o livro está bem construído.

Só referir que este cavalo existiu mesmo, foi submetido a testes e verificaram que as suas habilidades vinham de uma leitura da linguagem corporal do dono - Wilhelm von Osten.

Por fim as imagens são boas, o tipo de desenho e muito interessante mas ainda o que gostei mais foi da cor. Esta tudo em tons de preto e branco mas com uma espécie de tom arroxeado que lhe dá um ar quase etéreo. Cinco estrelas nesse ponto, dá-lhe um ar diferente, quase um ar sonhador se juntarmos a não existência de contornos nos quadrados, dá-lhes um aspecto pouco sólido. Gostei imenso disso!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

[leituras] Os Cinco contra o Doutor Ragus



Título: Os Cinco contra o Doutor Ragus

Autor: Enid Blyton
Páginas: 150
Ano: 2001 (reimpressão)

Ha já uns anos que não lia um livro dos Cinco. Havia milhentos livros de aventuras mas sempre me mantive fiel a este grupo, Bando dos Quatro, Uma Aventura, Os Sete,nada me fascinava e nunca li grande coisa com grande interesse. A minha equipa de aventuras sempre foi Os Cinco.

Porquê? Não sei bem, são quatro primos, com características bem diferentes uns dos outros que se juntam e resolvem qualquer mistério que apareça. Temos a Ana, o David, o Júlio e, a mais importante, a Zé! A Zé a típica maria-rapaz de cabelo curto e que confunde quem não a conheço por mais um menino. E se alguém fez as contas e reparou que ainda só dali de quatro a Zé também é a resposta: é a dona, ou grande amiga que dá de comer, do Tim, o cão mais destemido das redondezas e que é o herói com bastante frequência.

Eles bem que tentam ir numas férias normais, passar uns dias a um sítio qualquer mas é inevitável: qualquer coisa se passa para onde quer que vão, sempre! Aqui, para não variar, passa-se o mesmo. A casa para onde vão é de um cientista que desenvolveu umas fórmulas muito importantes que alguém anda a tentar roubar. Desde o início que sabemos quem é que está por traz de todas estas patifarias mas o problema é saber como parar este maléfico Dr. Ragus já que ele é uma pessoa sem qualquer tipo de escrúpulos e que não se coíbe em nada para obter o que quer.

Mas como já se sabe com Os Cinco não se faz farinha e estes quatro primos conseguem estragar os planos deste vilão e fazer com que a história acabe em bem. Mas não sei nos fazer sofrer até ao fim, até às últimas páginas do livro. Há sempre coisas a acontecer.

Eu lembro-me que lia estes livros numa tarde, quando era mais nova. No fim de semana pedia aos meus pais para comprar mais porque já não tinha o que ler! Cresci a ler Os Cinco e hoje que já estou mais ou menos fora da suposta faixa etária a que se destina a colecção ainda adoro ler tudo isto. Há livros que ainda não li e ainda não tenho a colecção completa. Mas vou ter! Já não falta muito! 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Livros em todo o lado!

A promoção da leitura tem tido desenvolvimentos nos últimos tempos e de uma maneira ou outra há tentativas a serem feitas para que as pessoas comecem a ler mais.

A eficácia dessas tentativas é bastante discutível mas há sítios onde ideias aparecem e podem realmente ser muito bem pensadas. Aqui há tempos descobri algures na internet que na Rússia começaram um biblioteca virtual nos transportes públicos, especialmente no metro. E eu por bandas portuguesas acho que isto seria qualquer coisa de interessante de se ter por aqui. Não que tenha falta de livros ou meios de os ler mas já me aconteceu estar sem nada para ler porque acabei o que tinha, porque me esqueci ou porque não tinha espaço e assim resolvia-se tudo.

Este tipo de iniciativas que vão de encontro às rotinas das pessoas acabam por ser as melhores senão vejamos, todos os dias milhares de pessoas usam os transportes e muitas apenas perdem tempo nesse bocado. Estando à espera do metro e não tendo nada que fazer porque não? É um livro que se começa a ler, é qualquer coisa que se vai fazendo em vez de ficar a olhar para as paredes.

Não sei até que ponto muita gente aderiu ou está a aderir à iniciativa mas estando bem divulgada e realmente de fácil acesso como é descrito até era coisa para pegar.

No meu caso não posso ser exemplo porque se há mais livros para ler eu hei-de andar por lá, especialmente se a selecção disponível for interessante. Neste caso a lista inicial tinha livros que ainda hei-de ler - mesmo sem ir à Rússia.

Por agora a iniciativa ainda está o início, a biblioteca ainda é pequenina mas tem todo o potencial para se expandir e tornar qualquer coisa mais do que é.

Pessoalmente gostaria imenso que fizessem uma coisa destas mais por cá. Sei que eu dava-lhe uso e como eu acredito que muitas mais pessoas. Não acredito que seja uma coisa propriamente difícil de implementar - embora não perceba nada disso - e era uma boa forma de promoção. Eu vou ficar à espera, at+e tenho alguma esperança que coisas do género sejam feitas por cá!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

[cinema] The Wind Rises



Título: The Wind Rises (Kase tachinu)

Realização: Hayao Miyazaki
Argumento: Hayao Miyazaki
Duração: 126
Ano: 2013


Só agora ao pegar no computador para escrever isto é que me apercebi de que filme é este: se a data é de 2013 é o último filme de Miyazaki antes da reforma! Nem dei por ela, confesso que na altura vi o trailer, vi a controvérsia toda da reforma - ou não - deste senhor e durante o filme houve momentos que reconheci como mais do que o típico cenário destes filmes. Mas só agora consegui ter justificação para tudo.

Aqui temos, como se ainda fosse preciso, mais uma prova da qualidade dos filmes de animação deste Estúdio Ghibli e em especial da cabeça e mãos de Miyazaki.

Não é dos meus filmes preferidos - falta a parte da estranheza que fica tão bem feita em Totoro ou no Chihiro - mas é um filme puramente bonito, interessante e bem construído.

É essencialmente uma homenagem a Jiro Horikoshi, autor de vários dos aviões japoneses durante a segunda guerra mundial. Acompanhamo-lo a crescer, com o seu sonho bem presente e que se torna uma realidade muito na base do mundo dos sonhos. É lá que encontra Caproni, outro criador de aviões - italiano - que lhe dá a força que era preciso para perseguir o seu sonho. Já que não os pode pilotar porque não criá-los? Muitos pilotam aviões mas poucos são os que os fazem voar. E assim começa uma vida de trabalho e empenho levando ao desenvolvimento de aviões muito importantes para a situação corrente do país. 

Mas ao mesmo tempo que vemos a parte profissional vemos também o homem, vemos o seu apaixonar e todo o caminho que leva até casar com a pessoa que ama. Infelizmente, e como eu deveria estar à espera desde o início, a história não poderia ser apenas bonita e amorosa, tinha de ter tragédia pelo meio e é aqui que o filme pode levar às lágrimas os corações mais sensíveis. A mulher que ama está a morrer e há duas possibilidades: ir para as montanhas, tentar ser tratada mas com muito poucas esperanças de sobrevivência ou ficar com Jiro mas sabendo que está a piorar a sua saúde por ali estar, dia para dia. Embora o amor seja forte há coisas que não cura e esta é uma situação em que queremos que tudo resulte pelo melhor mas infelizmente a ficção nem sempre nos faz a vontade, nem a vida.

Resumidamente, o trabalho visual ainda nunca me falhou, paisagens bonitas, cores suaves que nos encantam naquelas paisagens, um trabalho sempre muito bem pensado e realizado; na parte de história é mais calma do que os restantes filmes que já vi mas ao mesmo tempo é muito emotiva e apela muito ao sentimento, à empatia que vamos criando com as personagens e situações. É um filme bom, calmo e bonito, interessante a ainda com relevância histórica.

Para a despedida fica um filme que sem dúvida é um bom exemplo da boa animação que Miyazaki sabe fazer - ainda que não no seu pico máximo.





quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

[leituras] A vida numa colher [Beterraba]





Título: A vida numa colher [Beterraba]
Autor: Miguel Rocha
Páginas: 120
Ano: 2003

A Polvo é uma editora que poucas vezes me desilude, os livros editados costumam ter sempre uma qualidade bastante boa, tanto em cor, imagem ou argumento. 

Desta vez no meio do Alentejo Oligário constrói a sua vida num terreno primariamente baldio. Nada ali cresce com excepção das beterrabas, essas sim que crescem em proporções desmedidas. É nesse terreno que vai estabelecendo a sua casa e a sua família. A casa vai sendo construída ao mesmo tempo que filhas vão nascendo. Por muitas tentativas feitas nenhum rapaz acaba por nascer quando era esse o desejo daquele pai.

Aquela família cresce isolada, sem grande contacto com as maneiras de agir do mundo fora daquele terreno e quando o contraste se junta podem surgir situações interessantes.

Embora de uma maneira geral a ideia me tenha parecido interessante não me conseguiu chamar propriamente a atenção. A história embora curiosa não está bem explorada, não está clara e acaba por tornar a ideia geral confusa e pouco conexa.

Embora tenha gostado das cores utilizadas, muitos amarelos e vermelhos, a dar mesmo a ideia de sol, calor, searas, Alentejo, as imagens em si não me chamaram muito. Talvez isso também tenho influência naquilo que achei da história porque um bom livro de BD adequa bem as imagens com a escritas, ligam de maneira a que consigamos ler e ver o livro como uno. Aqui as imagens são esbatidas, pouco nítidas, com contornos algo grosseiros e para mim não jogou bem com a ideia a passar, tornou o livro mais pesado e menos ligado à terra. A cor que nos insere num sítio não joga com as imagens que nos inserem noutro.

O livro é engraçado e possivelmente lerei outra vez para tentar ter outra perspectiva da coisa mas por enquanto não me conquistou!


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

[leituras] As Mãos do Marido


Título: As Mãos do Marido
Autor: Adam-Troy Castro

Como já tenho dito várias vezes tenho alguns blogs e/ou amigos que já sei que têm os gostos muito como os meus. Já encontrei até alguém com gostos "tirados a papel químico" dos meus. Dá imenso jeito, assim já temos a pré-selecção feita, basta-nos ouvir essa pessoa a dizer : "Este livro é mesmo giro, devias ler" e pronto, nem se pensa muito no assunto. Aquele livro vai ser bom.

A juntar a isso gosto de coisas estranhas - basta ver o meu fascínio quando descobri David Soares - e se uma pessoa com gostos do meu tipo diz que algo é bom e estranho eu começo aos pulinhos!

Foi assim que descobri este conto, numa das BANG que tenho cá por casa, e que me conseguiu conquistar cada átomo no meu corpo. É tão estranho, tão surreal, tão esquisito e tão, mas tão bom!

A base de tudo é uma mulher que recebe em casa as mãos do marido num mundo em que partes do corpo podem ser associadas à personalidade da pessoa em causa e ver, pensar, comunicar como essa pessoa. São a pessoa mas concentrada numa parte apenas do corpo. Neste caso o que sobrou do marido depois da guerra foram as mãos. Um par de mãos com a consciência do marido, dentro de uma caixinha. Tem sensores na ponta dos dedos que permitem que veja o que se passa à sua volta. Consegue comunicar escrevendo o que quer dizer. Mas como é que se faz uma relação entre uma pessoa e um par de mãos?

Eu quando comecei a ler isto, a perceber o que estavam a fazer fiquei chocado, interessada e completamente colada ao conto. É uma ideia absolutamente horrível e ao mesmo tempo consegue-se perceber. Mas é horrível. Há "pessoas" que se resumem a um cubo de carne! Ew!

Mas é genial. Estas histórias com ideias completamente descabidas - serão? - são as minhas preferidas. Este conto foi uma leitura tão boa, tão estranha que tenho de ver se este Adam-Troy Castro tem mais coisas por aí que eu possa ler. Se forem deste calibre eu garanto que acabou de ganhar uma fã acérrima!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

[leituras] Um Começo de Vida



Título: Um Começo de Vida
Autor: Honoré de Balzac
Páginas: 184
Ano: 1842


Nunca tinha lido Balzac. Já tinha lido excertos e alguma coisa sobre o autor mas nada mais do que isso. Tinha uma ideia de que todos os livros seriam imensos e densíssimos quando dei por mim a descobrir um, antigo, pequenino e de leitura fácil. Não sabia nada sobre o que iria ler e o título também não deixava muitas pistas sobre o que fosse.

A escrita foi o que mais me cativou: aconteceu um pouco como o Lavínia, da LeGuin, em que a história não é assim tanto mas pela escrita vale a pena ler e com jeitinho reler até. Não é uma escrita demasiado elaborada, é bastante acessível, bastante fluída e intrinsecamente bonita. As frases são bem construídas, bem conjugadas e dão um resultado final para a leitura que realmente faz ter gosto em ler.

Como já disse a história não é especialmente rica, acompanhamos o crescimento de um rapaz, do seu estado mais infanto-juvenil de quem quer agradar e impressionar até se tornar um homem, digno e respeitável. Esta transição é feita muito à força: depois de uma primeira asneira começa a trabalhar de forma dura, parecendo estar realmente dedicado e a aprender finalmente a ter os modos decentes que se pretendem num homem mas infelizmente a tentação consegue ser muito difícil de negar e acaba por deitar tudo a baixo mais uma vez. Mas dizem que na terceira é de vez e assim foi. Endireitou a vida com a disciplina mais dura que podia ter: enveredou pela via militar e aí, tanto quanto sabemos, arranjou finalmente uma vida e conseguiu ter o ponto de partida para uma vida calma, sem excessos e confortável.

Num livro em que se nota a critica social, embora bem disfarçada, não temos muito mais que isto. O livro lê-se bastante bem e confesso que até agarra uma pessoa, consegue ser interessante mesmo sem ter muito para contar e isso é uma coisa que gosto sempre de encontrar num livro!

Vou investigar bem mais obras deste autor porque me parece que realmente ainda tem muito para me oferecer.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Temas do mundo!

Ao longo dos anos as temáticas chave das várias épocas têm mudado consideravelmente e com isso mudam-se os ambientes de todas as áreas possíveis. Ou seja, se nos anos 20 deu-se uma grande emancipação das mulheres as artes imitaram a realidade, adaptaram-na, retocaram-na mas era com muito disso que se falava  e tratava da altura, era o ponto alto do que se passava e como tal tinha de haver um grande relevo em várias áreas.

Estas temáticas têm sido várias, e podemos pensar até que ponto terão depois influência na sociedade em si, ou seja, já que uma temática "base" gere a maior parte do que é feito nas várias áreas - até porque é a forma de chamar mais pessoas - o seu aparecimento no que nos rodeia ainda reforçará esses temas, não? Não deixa que sejam esquecidos nem que os temas sejam desmotivados: há sempre qualquer coisa nova a chamar mais uma vez para o que quer que seja que esteja na moda na altura.

Eu confesso que sou completamente contra isto. Faz sentido, eu sei que sim, se eu sei que as crianças adoram a Violeta eu vou vender coisas da Violeta e sei que vou ter lucro. E não vou fazer só camisolas, vou fazer camisolas e copos e malas e chapéus e sapatos e orelhinhas de gato e pastilhas elásticas e massa e tudo o que tenho espaço suficiente para meter a cara da Violeta por lá! Eu percebo que isto é o que faz vender, é o que dá lucro às pessoas mas precisamos de ficar tão presos a cada época?

Eu acho que o meu mal é estar na época errada, anos 70 / 80 foram mais o meu estilo: ROCK AND ROLL BITCHES! E ok, eu não posso falar destes tempos porque ainda nem sequer era nascida mas daquilo que me chegou até hoje era muito do que geria aquele mundo, uma força imensa que a música levou - abençoada - e que acabava por contaminar uma boa parte da população.

No meio dos meus pensamentos sobre estas modas gerais por época comecei a pensar nas várias temáticas ao longo dos tempos e claro que acabei por ter várias dificuldades em fazê-lo mais que não seja porque não vivi aquela era. A minha é a de agora e ainda sou demasiado nova para falar de outra que não seja o que estamos a viver agora. Do que vou conhecendo pelo que a história conseguiu reter tenho umas ideias, como já expus acima mas como é óbvio basta vir alguém com mais 20 anos que eu e dizer que não que não terei mais bases em que me fundamentar que não seja a minha perspectiva de espectadora.

Mas então de que época é que posso falar com mais segurança? A que vivemos hoje. E sinceramente não tenho de me esforçar nem um bocadinho para dar uma resposta. O que é que vemos em todo o lado? O que é que mesmo que queiramos tem uma "importância" ridícula na sociedade global - sim, não é num país ou dois, é no mundo? Simples: sexo!

Pode ser dito que o sexo sempre teve importância e eu digo: Claro que sim! Mas nunca teve uma relevância como hoje. O sexo já foi tabu e andava nas bocas do mundo na mesma, não havia maneira de lhe escapar, é uma necessidade básica que sendo socialmente proibida ou não é inevitável que continue a acontecer. Mais que não seja as espécies têm de se reproduzir. Mas lá está, em todas as épocas - Todas sem excepção - o sexo teve uma influência substancial mas nunca foi tão gratuito como hoje em dia. 

Num dos livros que já li de Guy Delisle ele faz um comentário que achei curioso, diz qualquer coisa do estilo "Antigamente um homem ainda tinha de se esforçar para ver um rabo feminino. Agora as mulheres andam de tal forma que não há esforço nenhum. Eles andam aí à mostra". E é mentira? Só algum agorafóbico iludido por sítios estranhos da internet - digo sítios estranhos porque os mais normais também estão cheios do mesmo - é que pode realmente acreditar que saindo à rua não vai conseguir ver rabos por todo o lado e mamas a saltar.

Eu sou uma rapariga jovem, nem devia estar a falar disto e muito menos sentir-me indignada com toda esta situação, mas sinto. Porquê? Simples: porque já mais nada importa!

A única coisa que as pessoas conseguem pensar é sexo, de uma forma ou de outra. As crianças na escola primária têm comportamentos que só deviam ter muitos anos depois. Vestem-se e agem forma completamente errada para a idade. Uma criança que chegue aos 14 anos já teve pelo menos uns 4 namorados. Não! Isso é errado! Deviam eram andar a brincar e estar ainda na fase do "Dar um beijo na boa? Que nojo!". E isto já quase não existe. E se as crianças já estão envolvidas a este nível os adultos não serão piores ainda.

As relações já não se constroem numa base de sentimento, já não se constroem numa base de amor. Isso não existe. A única coisa que existe é "Este gajo é mesmo jeitoso" com "Esta gaja é mesmo jeitosa" e aqui temos uma relação. Serve para quê? Por coisas em sítios mais nada. Se der para ser mais do que dois ainda é melhor! Mais coisas em mais sítios. Não! Isto está errado! E isto é incutido na cabeça de toda a gente. Isto é que é o expoente máximo de prazer! Isto é que faz sonhar milhões! Isto é que mostra o quão bom alguém é!

Isto chateia-me solenemente. Irrito-me com frequência com este tipo de assuntos porque queira ou não é a sociedade onde vivemos, sociedade em que olhando para a televisão em horário nobre temos pessoas nuas, ou quase, temos strips nas novelas, temos mesmo sexo explicito, se alguém achasse que estava a faltar.  E porquê? Qual é a necessidade disto? Eu pessoalmente não percebo e muitas das vezes a minha única vontade é encontrar um sítio menos sexualmente explícito para pura e simples ente deixar de ter este contacto directo com isto. Eu não estou a sugerir que o sexo volte a ser tabu, antes pelo contrário, deve ser falado e abordado com parte imporatnte da vida de qualquer um, que merece respeito e atenção como qualquer outro assunto importante. Mas lavar os dentes também é importante e no entanto não vejo ninguém a ficar completamente maluco só de pensar em ir várias vezes ao dentista na mesma semana. A vários dentistas. Ter os dentes mesmo muito bonitos e saudáveis. Graaaaw!

Isto está enorme e em modo rage mas é uma situação que me irrita solenemente e queira ou não sou obrigada a ser confrontada com ela todos os dias em todas as situações possíveis. Coisa qu dispensava, de todo. 

Não é que isto mude alguma coisa, as pessoas vão continuar a andar nuas na rua, vão continuar a dar muito mais importância às partes físicas das coisas e muito menos às psicológicas, as músicas para vender vão continuar a ter gajas nuas em modo twerk e gajos nus suados, os filmes vão ter sempre cenas de sexo - se então forem duas mulheres ou números superiores a 2 de intervenientes são blockbuster completo - e qualquer outra coisa que seja feita.   

Enfim, ainda não abriram os voos para planetas isolados. Quando assim for compro um e vou para lá sozinha. Ao menos não me chateiam nem corro o risco de levar com uma mama na testa de cada vez que saio à rua.





sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

[cinema] Blood Sucking Freaks




TítuloBlood Sucking Freaks

Realização: Joel M. Reed
Argumento: Joel M. Reed 
Elenco: Seamus O'Brien, Viju Krem, Luis de Jesus
Duração: 91 min
Ano: 1976


Ás vezes aparecem-me coisas estranhas várias à frente e eu tenho tendência para ver o que são e investigar um bocadinho mais. E às vezes arrependo-me.

O Sr. Sardu apresenta um espectáculo de torturas macabras. As pessoas acreditam ser representação mas a verdade é que usa pessoas que são realmente torturadas e mortas.

O sangue é de muito má cor, assim alaranjado, ainda pior que o do Sweenie Todd. Os momentos em que é suposto estarmos a ver momentos de tortura conseguimos perceber que são completamente mal feitos. Num dos momentos em que estão a mostrar uma mão a ser cortada, primeiro estão com a serra de um lado e num close up já está do outro lado. Um anão muito estranho que corta as moças e que ainda come olhos e sei lá mais o quê? Quando é suposto terem ferros a pressionar seja lá que parte do corpo nota-se que estão bambos. 

Enfim, este filme não tem ponta por onde se lhe pegue. É que podia ser desengonçado de uma maneira de tal forma interessante que fosse um pouco como o Human Centipede 2 mas não, é só mau.

É que vá, a ideia podia ser boa mas se fosse ligeiramente bem feita! Aqui caem muito nos erros de filmes de terror by the book: muito sangue, coisas nojentas, close ups de momentos chave (mal feitos é um toque essencial) e ainda as personagens muito estranhas que nos fazem repensar a possibilidade de colonizar Marte.

Basicamente esta foi uma experiência falhada. O filme é só mau, não tem qualidade nem ponta por onde se lhe pegue. Muitas são as críticas que já encontrei com todo o significado por trás do filme e a revolta que deve causar e as causas que deve incitar. A isso eu digo apenas: balelas!

Não é por eu fazer um filme mau que ele passa a ser bom se o virmos por uma perspectiva de crítica e sei lá mais o quê. Enfim, não gostei.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

[leituras] Tony Chu - Detective Canibal (Volume 1)


Título: Tony Chu - Detective Canibal (Volume 1) 
Argumento: John Layman
Desenho: Rob Gullory
Páginas: 128
Ano: 2009

Pois que nos últimos tempos apareceu que nem entidade angelical a G.Floy a editar livros de banda desenhada, bons livros de banda desenhada, em português e numas edições bem jeitosas! Este Tony Chu vem na fornada que já anda por aí em todo o lado!

A primeira impressão com que fiquei foi que isto havia de ser completamente marado. Um detective canibal? Come as provas para descobrir coisas? Ew!

A segunda impressão foi que aquele tipo de ilustração e especialmente de jogo de cores não me era estranho. Ao ler apercebi-me do porquê: tem um estilo parecido aos livros de Dog Mendonça e Pizzaboy, com grandes focos nas cores, cores fortes que fazem um contraste engraçado e torna as imagens mais realistas e mais destacadas! Aqui as cores não são tão berrantes mas também se nota uma força muito grande a vir desses lados.

Tony Chu é cibopático: "Isso quer dizer que ele pode dar uma dentada numa maçã, e sentir na sua mente em que árvore ela cresceu, que pesticidas foram usados nela e quando foi apanhada. Ou pode comer um hamburguer, e ter um flash completamente diferente." Resultado? Basta-lhe provar o sabor do sangue de alguém para saber tudo o que queira dele o que pode dar muito jeito se for um qualquer bandido.

Quando descobre que a moça que andava a encontrar na rua é saboescriba, ou seja, descreve de tal forma aquilo que come que quem lê consegue realmente saborear o que ela saboreou fica deliciado, apaixonadíssimo.

Depois toda a história se passa num mundo apanhado pela gripe das aves ao mais alto nível o que leva a que não se possa comer frango - a não ser recorrendo ao mercado negro.

A edição é lindíssima com as capas a dividir capítulos a serem bem feitas, prólogos "estranhos" mas curiosos no início de cada capítulo e ser bonita de uma maneira geral. Folheamos o livro e notamos que há ali um trabalho muito bem feito, bem organizado e com muito potencial.

Este Tony Chu - pena que não mantém a piada do nome no original de Chew - é sem dúvida um achado e estou bastante curiosa com as coisas que este rapaz ainda vai descobrir. E sabe-se lá a comer o quê!


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

[leituras] Capitão América - O Soldado de Inverno (Parte II)



TítuloCapitão América - O Soldado de Inverno (Parte II)
Argumento: Ed Brubaker
Desenho: Steve Epting, Michael Lark, John Paul Leon, Lee Weeks, Stefano Guaudiano, Rick Hoberg
Cor: Frank D'Armata, Matt Milla

Depois de ter lido o primeiro e ter achado que sim senhor, aquilo não foi tão execrável como a personagem principal costuma ser tinha de pegar no segundo e ver o que daqui vinha.

Continuou bastante interessante, continuamos com um Capitão América pouco seguro do que se passa, confuso com as possibilidades de que o seu melhor amigo afinal está vivo e a trabalhar contra ele e sem poder sequer confiar muito nele próprio.

Os dilemas que se juntam nestes dois livros são interessantes e estão muito bem explorados. Acabamos por partilhar um pouco dos sentimentos do moço das asinhas da cabeça: o que se passa? O Red Skull morreu? É mesmo o Bucky que anda por ali? O que lhe fizeram? Como? Porquê?

Andamos um bocado às aranhas mas não de uma forma que se torne chata mas antes que dá vontade de espreitar as páginas que vêm a seguir para ver o que raio se passa. E isso é tão bom!

Os livros conseguiram-me prender, têm ilustrações bem feitas, bem adaptadas à história que contam, os flashbacks que já tinha falado a continuarem a ser uma parte importante e enriquecedora - e acho que prefiro a arte dos flashbacks à do resto -, as cores estão interessantes, ou seja, a nível gráfico está um bom trabalho embora nada que achasse soberbo. A história tem conteúdo, não está aborrecida, está bem explorada, bem pensada e funcionou muito bem. Isto vindo de alguém que não gosta de Capitão América é qualquer coisa!

Este segundo achei um pouco mais fraco que o primeiro mas ainda assim merece ser lido. Uma boa obra que quase me deu esperança para esta personagem. Quase.. Mas ainda não foi desta!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

[Leituras] Capitão América - O Soldado de Inverno (Parte I)



Título: Capitão América - O Soldado de Inverno (Parte I)
Argumento: Ed Brubaker
Desenho: Steve Epting, Michael Lark, John Paul Leon, 
Cor: Frank D'Armata

Eu já por natureza não sou fã deste senhor. Para mim tenho dois Captain Jack e para pessoas de alto estatuto já me chegam. A história do Capitão América não me chama, de todo, acho-a forçada e uma propaganda barata da qual não sou fã.

Para mim foi criado com um propósito muito claro e assim que esse propósito foi cumprido matavam-no e pronto, davam-lhe um fim de mártir e ficava tudo feliz e contente. Mas não. Infelizmente nem congelado soube ficar e tiveram que o trazer de volta - e não trazem os mamutes, há realmente filhos e enteados - vá-se lá saber por quê.

Por tudo isto acabo por ter sempre muitas reticências para ler ou ver qualquer coisa onde esta pessoa ande por lá - prova é que ainda não vi os filmes, por muito engraçados que já mos tenham vendido.

Mas nesta colecção do Universo Marvel tem de ser. Hei-de ler a colecção toda e ainda por cima as críticas que choveram a este Soldado de Inverno foram boas e decidi dar a abébia.

E na realidade não é nada mau. Não é a típica história que costumamos ter: o Red Skull desaparece, aparentemente morto, o que diga-se é uma pena porque se há alguma personagem mais interessante é essa, o Capitão América sente uma força externa a interferir com as suas memórias, com o seu comportamento. Cria-se um ambiente mais negro, mais misterioso que torna o livro bem mais interessante do que poderia ser.

A juntar a isto - e provavelmente das coisas que mais gostei no livro -  são os flashbacks que fazem nas memórias perdidas que andam lá por dentro do Capitão América. A preto e branco, ou em sépia, dependendo de se estamos num tempo ou noutro, são desenhos que se tornam não só muito bonitos mas também estão bem inseridos, não quebram a leitura nem interrompem a narrativa: complementam-na.

A parte 2 está aqui ao lado, vamos ver se acompanha a primeira que realmente me conseguiu surpreender.