sexta-feira, 31 de outubro de 2014

[cinema] Kikis Delivery Service



TítuloKikis Delivery Service
Realização: Hayao Miyazaki
Argumento: Hayao Miyazaki, Eiko Kadono
Duração: 103 min
Ano: 1989

A semana passada falhei na maratona de Miyazaki - e na próxima também falharei - mas por agora tenho uma bruxinha de que quero falar.

Por agora, e isto até soa estranho de dizer, foi o filme mais normal que já vi de Miyazaki. Não tem seres estranhos feitos de pedras já cheios de fungos, nem pais a serem transformados em porcos. Não que me esteja a queixar mas pareceu-me tão calminho.

Ok, podemos dizer que não é completamente normal porque temos uma bruxa a esvoaçar durante todo o filme mas tirando isso é tudo bastante fazível.

Parece que no percurso de vida de uma pequena bruxa há um ano que tem de ser feito fora de casa, numa outra cidade, sozinha. Eu até que gosto desta ideia!

E esta Kiki vai parar a uma cidade, com pouco dinheiro e sem saber muito bem onde ficar, o que fazer, como se sustentar. Até que muito por obra do acaso e da bondade desta menina acaba por arranjar quarto e emprego numa padaria/pastelaria.

A rapariga é realmente querida e nota-se que está num processo de descobrir como é como bruxa, qual o caminho que há de seguir.

A primeira coisa em que reparei quando o filme chegou foi naquele mega laço vermelho que a moça tem na cabeça. Era inevitável. Mas a segunda foi o seu amigo Jiji, um gato. Convém dizer que quando era mais nova via a Sabrinha, a bruxinha adolescente e esta também tinha um gato, preto, chamado Salem, que era o seu melhor amigo e confidente. Não consegui deixar de ver o raio deste gatinho - muito mais amoroso do que o outro - como o Salem.

Depois do filme visto havia uma dúvida que me assombrava: depois de uma crise de bruxa que a Kiki teve, em que deixou de voar e de falar com o gato, teve de se virar para a sua essência bruxa e voltar a ir buscar a base daquilo tudo mas não voltou a conseguir falar com o Jiji. Não tinha percebido porquê e depois veio a internet. Depois da crise que passou a Kiki cresceu e com isso diminuiu a necessidade que tinha do pobre Jiji, deixou de ser capaz de ter ali o seu confidente, deixou a inocência de criança que tinha antes. O que é que eu tenho a dizer a isto? Bad Miyazaki! Bad! Estas coisas não se fazem, destroem os corações de quem vê isto.

Eu depois de ver a Sabrina, agora a Kiki, depois de ver e ler Pullman onde temos aqueles bichinhos fofos que estão directamente ligados a nós e até os Patronus de Harry Potter, eu quero ter um bichinho assim. Devia ser giro. Enquanto isso não acontecer continuo a ver Miyazaki.



quarta-feira, 29 de outubro de 2014

[leituras] Iron Man vs. Whiplash






TítuloIron Man vs. Whiplash

Argumento: Marc Guggenheim, Brannon Braga 
Arte: Phillippe Briones
Cor: Matt Milla
Capa: Brandon Peterson

Iron Man, Tony Stark e Robert Downey Jr já não se distinguem. É tudo exactamente o mesmo. Eu demorei a conhecer Iron Man realmente, conhecia apenas Downey Jr. e acho que não andava assim tão enganada. 

Depois saiu o terceiro filme e ia vê-lo ao cinema: Mini-Maratona de Iron Man. E pronto, assim começou a minha rendição. Nem vale a pena tentar resistir. É completamente estouvado da cabeça, mas é tão awesome!

E é um belo dum Engenheiro nestes mundos! Assim é que são bons! (As coisas começam a ajeitar-se para que isto não seja tão ficção quanto isso! Here!)

Mas bem, apanhada esta BD temos um caso diferente do habitual: vamos prender o Iron Man que ele anda a matar pessoal. Mesmo com todas as protecções que foram sendo feitas aos fatos, incluindo reconhecimento biológico, alguém conseguiu roubar os fatos - maravilhosos e que se houver um a mais eu aceito de bom grado - e andar por aí a devastar aldeias e a matar gente. 

Mas quanto à primeira coisa que eu disse neste bocado de texto neste livro ainda nos dá mais comichões:

"You know... I thought I recognized you. Robert Downey Jr., yes?"
"Guilty as charged!"

Isto já é gozar com uma pessoa!

Mas enfim, o livro não é nenhum portento, mas a história é interessante, mostra-nos a evolução de alguém que vê o pai a morrer pelas mãos de alguém com o fato de Iron Man e como qualquer pessoa normal cria também uma forma hardcore de o matar: meet Whiplash. Com uma armadura semi- Iron Man mas sem o estilo todo do Stark a coisa perde-se um pouco mas o cabelo verde compensa!

Gostei das ilustrações, de uma forma geral, embora o ar meio aciganado do Iron Man me faça sempre alguma confusão! Mas as cenas de luta estavam um miminho! Coisas que explodem e tudo a saltar e muita bagunça no meio de fogo e raios aleatórios. Vale a pena!

No meio disto tudo fiquei com uma dúvida. Tony Stark é um génio e sim senhor faz coisas muito boas e porreiras mas como é que estando preso na prisão ele consegue construir uma armadura rudimentar - do estilo da primeira que lhe vemos? É que ele aparece com pedaços de chapas de ferro no meio de uma cela. Como? Deixo a questão em aberto!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

[leituras] A Morte de Ivan Ilitch




Título: A Morte de Ivan Ilitch
Autor: Lev Tolstoi
Páginas: 90

Ainda não dei asas a este tão afamado autor nas minhas prateleiras. É apenas o segundo livro que leio dele e ambos eram assim coisinhas pequenitas.

A fama dos autores russos é grande e das pequenas coisas que fui lendo - excertos ou contos - parece-me que terei que investigar um pouco mais este território literário. Tenho de investigar um bom livro para ler, aceitam-se sugestões!

Este livro em específico lê-se muito bem, não só por ser pequenino mas também pela própria escrita ser bastante fluída. A acrescentar a isso há um ambiente que poderia ser mórbido e estranho mas que se torna essencialmente interessante.

Ivan Ilitch está a morrer, apenas o filho lhe dá algum conforto, alguma sensação de bem estar, e um criado que por algum motivo não o faz sentir mal e decrépito como todos os outros. Dos poucos momentos em que se sente aliviado da sua condição é quando esse dito criado lhe põe as pernas nos ombros e ficam assim, calados ou em conversa mas numa sensação de alívio que não encontra em mais lugar nenhum.

Fiquei com a sensação de que ainda assim a história não ficou bem contada, por algum motivo que nem mesmo eu consigo justificar, que não soube tudo o que havia a saber disto tudo. É uma sensação estranha mas fiquei com essa pulguinha atrás da orelha.

Tinha este livro nesta colecção da quasi que ainda tem umas coisas engraçadas e interessantes e que como são pequeninas são óptimas para levar na mala e sacar num qualquer momento aborrecido do dia.

domingo, 26 de outubro de 2014

Blogger test

Eu não sou especialmente dada a tecnologias e nunca sei muito bem como reagir perante estas coisas de aplicações e programas e coisas afins. Geralmente o meu problema é instalá-las, depois a coisa nem corre muito mal. Mas o que se tem de instalar e onde e como e nem faço ideia. É chato, é confuso e acho sempre que vou fazer alguma coisa muito errada.

Agora mais recentemente, com o blog, fiquei de ver se a app do próprio blogger era alguma coisa de jeito, e até que nem é nada má. É mais futurista que o do pc, mais limpinho, o que eu aprecio bastante. 

Mas o importante daqui é que consegui! Mais um passo na minha aceitação de novas tecnologias. E mesmo isto começou a ser escrito na aplicação. Fantástico não é? Eu acho. 

Mas isto serve apenas de mote para o que quero realmente dizer: hoje em dia quase toda a gente tem um smartphone no bolso, um tablet, um computador, qualquer tipo de tecnologia mais avançada, bastante portátil em que se consegue fazer quase tudo.

O que me aconteceu a mim, e sei de alguns casos semelhantes, é que conseguem aproveitar essa mobilidade toda para escrever onde quer que seja. É mais por ser mais prático, tudo hoje em dia é digital, já não se entrega nada escrito à mão. Assim conseguimos ir fazendo as coisas sem ter de estar em casa, ou com um computador à frente. Dá jeito, esta geração wireless, eu confesso. Mas não que isto não fosse já feito: nada melhor do que um belo caderno e um lápis/caneta para escrever num jardim, na praia, onde quer que seja (e sem precisar de bateria, só de um afia talvez).

Eu por exemplo escrevo nos transportes, muitas das vezes as coisas para os blogs. É uma maneira de conseguir aproveitar melhor o tempo, conseguir adiantar serviço, que o tempo escasseia para tudo o que se quer fazer.

Eu pessoalmente continuo a preferir o meu caderninho, estrategicamente guardado na minha mesinha de cabeceira, já com lápis e borracha acoplados, para escrever as minhas ideias de contos e escritos afins. Mas o pc dá muito mais jeito, já fica tudo direitinho que se for para concorrer a algum lado ou para mostrar a alguém já não dá trabalho nenhum. Mas escrever à mão continua a dar-me mais pica do que com um teclado. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

[cinema] Os gatos não têm vertigens




Título: Os gatos não têm vertigens
Realização: António-Pedro Vasconcelos
Argumento: Tiago Santos
Elenco: Maria do Céu Guerra, João Jesus, Fernanda Serrano, Ricardo Carriço, Nicolau Breyner
Duração: 124 min
De vez em quando aparecem uns filmes que queremos ver sem saber muito bem porquê e com este Os gatos não tem vertigens aconteceu-me um pouco isso. 

Sabia que tinha a Maria do Céu Guerra, que não falha, e que envolvia algo num telhado ou algo de género. O resto era incógnita mas transformou-se numa bela surpresa.

Temos Jó, um rapaz abandonado pela mãe, com um pai bêbedo e sem grandes escrúpulos, no meio de um conjunto de amigos também eles sem grandes noções de educação. Roubam para ganhar mais uns trocos para tabaco e cervejas. 

Ao mesmo tempo temos Rosa, uma mulher já com uma certa idade que perdeu o marido há pouco tempo e cuja vida ainda gira em volta da presença que vê dele. Até que um dia, enquanto vai comprar tabaco, deixa a mala numa cadeira e o grupo de Jó rapidamente a rouba. 20 euros não e muito mas ainda levava a aliança do marido no porta-moedas. 

E é a partir deste ponto que as coisas acontecem. Junto na mala estavam as chaves de casa e a carteira com uma carta. Jó é posto fora de casa pelo próprio pai e lembra-se que tem maneira de entrar para uma casa. À entrada apanha o momento em que Rosa chega com a filha e esconde-se no terraço. Cheio de frio, deitado num sofá velho tem o telemóvel com som, o que leva Rosa a subir e encontrar um "inquilino" surpresa. A partir daqui começa uma amizade. Estranha, incomum mas acima de tudo tão bonita! O contacto de uma pessoa mais velhota com um jovem com uma vida muito conturbada, ambos em fases difíceis, torna-se uma dupla que resulta muito bem, uma velha louca e um gato perdido.

Rosa está sozinha, Jó nunca conheceu outra coisa que não fosse estar sozinho. A união dos dois parece estranhamente certa, encaixam bem. Mas entre confusões com a filha e genro de Rosa, os problemas com amigos do Jó, a escrita escondida deste rapaz muita coisa acontece em hora e meia de filme. E ainda bem!

Ao contrário do que muitos julgam, e do que muitos querem, o cinema português não está morto e muito menos decrépito! Antes pelo contrario, anda a mostrar o seu valor e a demonstrar que mesmo com todos os entraves que vão tendo as coisas fazem-se, e bem feitas!

Fiquei muito satisfeita com o que vi, com a qualidade demonstrada, o argumento é bom, muito português, com as nossas ruas de Lisboa, as figuras características que encontramos com alguma facilidade, os detalhes muito nossos na própria maneira de agir. É natural, é o dia a dia, olhando para a tela podíamos ver a nossa avó, a nossa vizinha, alguns conseguem ver-se a si próprios. 

A parte de elenco também foi muito bem apanhada, Maria do céu guerra a ser genial, como é, Ricardo Carriço a ser mau, muito mau, a dar ânsias a uma sala de cinema inteira, Nicolau Breyner a ser Nicolau Breyner, outro que não precisa de apresentações ou elogios. Nos actores mais novos João Jesus faz um bom papel, não conhecia a cara do moço mas parece-me que poderá ter potencial.

Mas acima disso tudo - e fala-se também disso pelo filme - que belas vistas que se tem em Lisboa! Aquele terraço é uma perdição!

Muito bom trabalho, um tempo de cinema muito bem passado! 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

[leituras] Crónicas Birmanesas



Título: Crónicas Birmanesas

Autor: Guy Delisle
Páginas: 272
Ano: 2007

Primeiro Pyongyang, depois Shenzhen agora Birmânia (Myanmar).

Num pequeno espaço de tempo li três livros deste Guy Delisle e estou mortinha por ler os próximos - Jerusalém anda por aí a chamar-me. E mais a mais vou ter estes livros nas minhas prateleiras, eventualmente, que além de serem interessantes, são bem desenhados, engraçados e bonitos (também é importante).

Mas bem, não tão chocante como o Pyongyang - acho que vai ser difícil bater aquilo - aqui ainda assim temos traços comuns. Não há uma perseguição tão intensiva, as pessoas são relativamente livres, mas claro que há censura e é fácil ler um jornal e faltarem páginas ou artigos lá pelo meio. Há coisas que é melhor que não se saiba.

Um exemplo simples é dado aqui: um colega do autor escreve um artigo sobre aquela região - descrevendo as coisas como elas são, e não como querem fazer passar para o comum mortal - e lá pelo meio mete uma foto de Guy, com o nome em legenda. Este, que dava umas aulas de bases de animação, rapidamente é avisado dos problemas que poderá trazer a um dos seus aprendizes, alguém que trabalha para o governo e que poderá ficar com a vida arruinada por estar associado a alguém presente num artigo que diz mal do país.

Lá está, aqui as pessoas não são completamente tapadas e não fingem que é tudo lindo e maravilhoso como na suposta imagem do país, aqui têm noção de que há problemas, camuflados para que se veja o mínimo possível, mas sabem que estão lá e não concordam com eles, têm de se resignar.

Talvez por isto estes livros me pareçam mais simples do que o primeiro, ali era uma realidade completamente alienígena para mim, demasiado estúpida para fazer sentido.

Mas enfim, aqui a história é diferente, até porque há um bebé pelo meio. O pequeno Louis, filho de Delisle, que encanta tudo por onde passa. Também acaba por mostrar outras realidades diferentes, a maneira de agir daquela cultura para com um bebé estrangeiro.

Mas se se diz que em Roma sê romana, em terra de monges... medita! E foi o que fez: um mini retiro de meditação, durante três dias, que parecem ter feito efeito e que me fizeram curiosidade para ver como será aquilo. Muito rigoroso mas até acredito que se consiga relaxar. Acho que o budismo é coisa para mim!

No meio disto tudo não me posso esquecer de que este senhor faz animação e por isso este trabalho está mito dentro da área dele. As imagens são bastante ilustrativas do que se passa - e neste livro temos fotos no fim que mostram a versão real do que já tinha visto no livro e sim senhor, belas adaptações - e têm piadas intrincsecas que ficam tão bem. Sei lá, ele precisava de tinta para desenhar e sabia que uma dada ia borrar: o quadrado a seguir vem borrado. Pequenos pormenores que só dão mais piada e força ao livro. Um trabalho muito bom!

Mas bem, estou fã deste Guy Delisle, no espaço de um mês ou pouco mais fez-me ler três livros, deu-me vontade de ler o resto, e guardar espaço nas estantes para quando os arranjar. É este tipo de autor que me dá trabalho, não é?



segunda-feira, 20 de outubro de 2014

[leituras] Mistborn


Título: Mistborn - The Final Empire, The Well of Ascension, The Hero of Ages
Autor: Brandon Sanderson

Depois de já ter ouvido muito sobre esta trilogia decidi-me a lê-la! As expectativas foram deixadas muito altas, o que é sempre algo que não sou nada fã!

Mas bem, entrei num mundo ligeiramente diferente daquele que conhecemos. Mundo este onde cai cinza do céu. Onde há some kind of power que faz com que as pessoas consigam extrair habilidades dos metais: Allomancy. Outro capaz de armazenar e depois utilizar capacidades também em metais, Feruchemy. E ainda um terceiro tipo, Hemalurgy, este capaz de roubar, vá, as capacidades - de Allomancy ou Feruchemy ou outras - de outra pessoa.

Diferentes metais servem para diferentes coisas e há no caso da Allomancy diferentes pessoas que controlam um dos metais: Mistings. Depois há os lambões da festa: pessoas que conseguem controlar todos os metais: Mistborn.

Mas o mundo tem um ditador - Lord Ruler - que obriga os skaa (povo, de uma maneira geral) a trabalhar em condições desumanas e então mata-se o ditador! Tudo muitíssimo bem e eu aprovo mas depois as coisas só pioraram! Muito. De uma maneira ridícula.

E se isto começa tudo no primeiro livro com uma equipa liderada por Kelsier, com Breeze, com Clubs, com Spook, com Vin recém-chegada, no fim poucos sobram, embora haja aquisições novas lá pelo meio.

Um ponto muito forte, para mim, foi exactamente as personagens criadas nestes livros. São muito bem caracterizadas, quando lhes dão tempo para isso, evoluem de forma genial - aquele Spook foi provavelmente o mais hardcore do bando - e isso dá uma força imensa ao livro. A força das personagens nota-se, e não é pouco. A maneira como são mostrados, lidando com quem os rodeia mas também lidando consigo próprios em situações mais complicadas dá-nos um panorama muito completo e muito rico sobre cada um deles.

Embora os livros sejam de leitura fácil e não seja mega complicados a história tem muita coisa pelo meio, e fazendo apenas um apanhado geral não consigo, nem de perto nem de longe, comenta três livros destes em espaço e tempo útil. Envolve muita política, muitos confrontos de ideias, muitos sentimentos oprimidos, e muitas personagens completamente passadas da cabeça!

Mas temos o Kelsier, líder do bando de rebeldes, tem um ar muito bom e ajuda as pessoas e é bom moço, vá, ainda que queira matar o Lord Ruler. Não tem muito tempo de brilhar! Temos o Zane, Mistborn incompreendido e completamente maníaco que também não lhe dão grande tempo de respiração.

E uma das melhores personagens, das que mais gostei foi um ser estranho: TenSoon, um Kandra. Kandras são seres que comem outros, mortos, e assumem a sua forma. E este assume um papel especialmente importante, não só pela peculiaridade da raça, pela cultura ou pelas origens (que me deixara de boca aberta), mas esta personagem em específico tem uma relevância acrescida, é a partir dele que se descobre a maior parte das coisas importantes que levam à bodega toda que acontece. Além de que, e isto é importante, o seu humor de Kandra é awesome, quando se mete a falar em comer pessoas porque estão bem temperados fez-me parar um pouco a leitura para rir, a sério.

Por problemas logísticos acabei por ler os livros relativamente rápido mas com um espaçamento enorme entre o segundo e o terceiro. É uma falha, eu sei, mas não deu. Por isso ao fim de uns... 3 meses, acabei de ler estes três livros. Se formos a ver que cada um tem a volta de 600 páginas a coisa não vai muito mal. Mas li varias coisas pelo meio. Se lesse três livros em três meses tinha uma síncope.

Mas pegado no terceiro livro foi um sonho!

O primeiro e o segundo são bastante bons e gostei deles embora não me chegassem a cativar realmente. Os capítulos demasiado extensos, a historia sem grande acção. OK, tem acção, mas não do tipo que nos prende irremediavelmente ao livro. Ou pode prender mas não prendeu a mim. O primeiro tem o Kelsier que é awesome e temos a construção da história toda, no segundo temos mais política e mais personagens a aparecer - mais que não seja para substituir as que vão morrendo - mas ainda assim não chegou para mim. Ao contrário do terceiro. Capítulos mais pequenos, com mais coisas a acontecer, mais enleadas, novidades, surpresas. Acontece tudo em catadupa, é genial! Esse sim foi difícil de largar quando ia dormir ou quando não podia mesmo continuar a ler, os outros nem por isso.

Pode-se dizer que o terceiro não seria tão bom se os dois primeiros não tivessem sido assim. É bem provável, mas não sei ate que ponto precisavam mesmo de ser assim. Mas referir outra vez que embora o terceiro tenha sido, de longe, o melhor, eu gostei imenso dos outros. Só não os achei portentos literários capazes de me cativar devidamente.

E depois são calhamaços, livros com 600/700 paginas já são dignos desse nome, e alguns dos livros que se apanham assim tão grandes são meramente palha, palavras que enchem páginas e páginas e que não dizem nada. Aqui não notei isso, aqui havia historia, havia contextualização, havia enredo. Mas, ainda assim, havia partes que foram puxadas, não muitas nem a um nível muito exagerado mas houve e embora não tendo uma relevância louca para o resultado final tinha de por aqui a nota.

A escrita é sem dúvida muito boa, muito viciante, não é monótona e lê-se bastante bem. Parece-me que ainda tenho de ler mais coisas deste senhor - até porque parece que vêm aí mais coisas neste mundo. Mas daqui a uns tempos pego em mais qualquer coisinha que agora fiquei curiosa.

De referir apenas que o primeiro livro saiu há pouco tempo em português, pela Saída de Emergência e com uma edição bem jeitosa. Esta capa está qualquer coisa de especial, principalmente depois de já ter lido o livro.





domingo, 19 de outubro de 2014

Tanta coisa traduzida...

A ser completamente sincera aqui há tempos estava a planear aqui as coisas do blog e fui agendando para me organizar na escrita de coisas. Por essa alura houve coisas que deixei em rascunho só com o nome  e pouco mais. Imaginem qual foi um deles. O de hoje. E o melhor? Não faço ideia do que raio eu queria dizer quando criei um dos meus escritos como "Tanta coisa traduzida..."

Mas pensei: "Porque não? Aceito o desafio que me propus a mim própria e vou escrever qualquer coisa sobre isto. Chalenge accepted past-Jules!". E pronto, é a partir daqui que começa o que tenho mesmo para dizer e não a constatação de quão triste eu às vezes consigo ser.

Olhando para o meu lado direito consigo ver a minha biblioteca aqui a chamar-me e a ser perfeitinha. Mas é inevitável notar que a maior parte do que tenho aqui é de autores estrangeiros. Diga-se: faz algum sentido! O mundo é muito grande e nem todos os bons escritores são portugueses, temos cá alguns, vá. 

Mas se até há uns tempos apostava muito em ter tudo traduzido, por não me sentir completamente à vontade para ler em inglês, hoje já tenho uns poucos nessa língua. E até certo ponto porque acho tão melhor.

Há traduções boas e há traduções más, mas independentemente da competência do tradutor há sempre perdas daquilo que o autor escreveu para aquilo que depois lemos noutra língua. Não há muito a fazer quanto a isso.

Há tempos apanhei alguém que dizia que ia comprar Saramago em inglês e eu perguntei rapidamente "porque raio?". Um dos maiores autores que temos, um grande escritor que felizmente era e escrevia em português e vamos perder parte dessa escrita na tradução? Não, não... 

Eu só poderei lei coisas na forma original se em português ou inglês - e se o inglês for mais arcaico já pode dar problemas, ainda assim - mas tenho imensa pena disso.

Há piadas, há trocadilhos, há simplesmente beleza na escrita que se perde. Pode ser feito um muito bom trabalho e ainda assim a maior parte dessas coisas não se conseguem passar. Depois isto dá discussão: até que ponto é que os leitores depois aceitam as perdas? É que há formas de minimizar estes males, uma notinha do tradutor em rodapé às vezes faz maravilhas, sem estragar nada.  

Eu já apanhei traduções boas, já apanhei traduções muito muito más! É preciso ter um tacto muito grande para traduzir coisas. É preciso ter alguma compreensão e tolerância quando se compara o original com o traduzido. Ainda assim há livros que são tão bons que nem as traduções os estragam. E abençoados!




sexta-feira, 17 de outubro de 2014

[cinema] Ponyo


Título: Ponyo
Realização: Hayao Miyazaki
Argumento: Hayao Miyazaki
Duração: 101 min


Já que tenho aqui este cantinho dedicado às minhas pancas cinematográficas decidi que o vou aproveitar para ver mais uns filmezinhos e nada melhor do que começar com acabar de ver os filmes de Miyazaki! Ainda só vi uns 3 ou 4 e gostei imenso de todos embora ainda nenhum tenha batido o primeiro (Viagem de Chihiro). Vou aproveitar para os ver a todos, revendo aqueles que já vi, e assim ficam com todos aqui.

O primeiro que quis ver foi este Ponyo. Já sabia que era um filme mais infantil, mais sossegadinho mas continua na mesma onde de estranho que Miyazaki nos habituou.  

Continuamos, como sempre com a componente ecológica, com a pobre Ponyo a ficar presa num jarro de vidro e é assim que conhece Sosuke. O moço fica todo contente por ter arranjado um peixinho mas estaria longe de saber que ondas viriam atrás dele para lho roubar. E sim, ondas. Porque o suposto pai da Ponyo vive debaixo de água, tem umas poucas de filhas iguais a Ponyo e para além disso tudo consegue controlar o mar e dar-lhe vida e ordens, não sei. 

Porque há coisas que não se questionam, é muito do que se aprende aqui. Se não vejamos: Sosuke apanhou um peixe, que fugiu, e depois voltou, a correr em cima de um peixe gigante feito de água que perseguia o carro. E agora é uma menina. Qual é a reacção da mãe do Sosuke quando se depara com isto? "Ora, isto está tudo muito certo, vamos então para dentro secar-nos e beber qualquer coisinha quente." Seria a minha reacção também, se o peixe do meu filho voltasse em forma humana e viesse jantar connosco. Nada de novo numa situação destas.

No meio disto tudo o filme é adorável. É estranho - como seria de esperar - mas é tão profundamente bonzinho e querido que não se torna um lamechas irritante, torna-se só fofo! É realmente um filme mais infantil, mais calmo e amoroso e ainda assim uma hora e meia bem passada!

E neste caso quero deixar uma nota diferente: um obrigado à fan fiction que já apanhei por aí. Sendo este um filme tão querido, com personagens tão simpáticas e cativantes o que já apanhei de fan fiction é tão puramente fofo! As imagens de Sosuke e Ponyo mais velhos são simplesmente amorosas, com Ponyo a ser uma menina lindissima - que continua a pendurar-se nele e a roubar-lhe o fiambre! - com o seu cabelo ruivo e o Sosuke a fazer-se um homenzinho mas com o mesmo ar doce que nos mostraram. Ficaram trabalhos bonitos e eu cá gostei imenso da maior parte deles. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

[leituras] Shenzhen


Título: Shenzhen - Uma viagem à China
Autor: Guy Delisle
Páginas: 150


Depois de ter lido o Pyongyang deste mesmo autor deparei-me com este Shenzhen e se o primeiro teve um efeito tão estranho mas de alguma maneira forte em mim achei que devia ver o que Delisle me traria, desta vez da China.

Desta vez a coisa não foi tão brusca, tão má, vá. Se bem que a fasquia estava muito alta. A China não parece assim tão má se compararmos com a Coreia do Norte, não sei bem o que pensar disso.

Ainda assim a estadia por terras chinesas não foi assim tão má, eles são estranhos, meio máquinas que parecem não perceber o que um ocidental que que façam mas nada que não se tenha visto no outro livro e que talvez até viesse da própria cultura de animação oriental / ocidental.

A única coisa que realmente não tinha noção e fica bem explícito neste livro é: "A China tem a reputação de ser o país mais sujo do mundo.". Não sabia, e se calhar preferia não saber mas agora não tenho escapatória, não é?

Deixo-vos com um excerto que acho importante de referir:

"Quando eu cago aqui na China, há um odor que deve estar relacionado com o que eu como. O arroz? Provavelmente, não consigo pensar em outra coisa. Em nenhuma outra parte eu senti isso. É muito forte, ataca o nariz como os esgotos no verão. Eu acho que cada pavo deve ter um cheiro de merda diferente. E isso também é cultura."

Depois disto acho que não há muito a dizer. Vou ver se leio os outros livros de Delisle que nos dão uma perspectiva diferente de alguns países que eu ainda não conheço. Releiam o excerto e pensem bem antes de ir à China.

domingo, 12 de outubro de 2014

As BD são caras!

Eu sou fã de BD. Desde pequenina que quadradinhos contadores de historias me fascinam e sempre que a oportunidade surgiu agarrei-me a eles para conhecer coisas novas.

De há uns tempos para cá tenho lido mais e ainda bem porque são leituras, hum, menos trabalhosas (às vezes). A parte visual acaba por não nos obrigar a imaginar tanta coisa - e de longe estou a dizer que isso é mau - e muitas das vezes também são historias mais pequenas, menos coisas para ler e assimilar. 

Mas eu claramente noto uma diferença naquilo que lia e no que leio agora e é simples de ver a associação: 

1. Banda desenhada ainda e um género caro. 
2. Há ainda muito preconceito com a banda desenhada.
3. Não há grande cultura / hábito de ler banda desenhada.

Quanto ao terceiro ponto, talvez o mais simples de abordar, acaba por ser facilmente notado indo a uma qualquer livraria. A secção de banda desenhada esta num canto escuro que muita gente nem sequer seja a encontrar numa passagem rápida. Nos últimos tempos até tenho notado uma bela mudança nestes domínios e já há uma maior divulgação mas ainda não se compara com o que deveria ter. Mas lá chegaremos!

O segundo ponto também é bastante simples: bd é livro para crianças. Claramente. Homem adulto não anda por aí a ler bd, até parece mal. E difícil encontrar pessoas já passadas da adolescência a ver livros de quadradinhos. E não faz sentido. Entreguem um Lost Girls ou um V for Vendetta ou um The Killing Joke a uma criança e vejam a reacção. Há, claro, bd para criança, assim como as há para todos os outros géneros que se possa imaginar. Não me faz sentido a associação que fazem, quase o descrédito que se da a tudo isto. Quase todos lemos Astérix e Obélix, Tintim, Lucky Luke e especialmente Tio Patinhas. Mas há mais - ainda que se continuem a ler esses, que são sempre bons.

Como eu sou do contra o primeiro ponto e o último, mas foi o que me levou a escrever tudo isto. O preço das bd. 

Uma BD custa no mínimo uns 10 euros. Se quisermos umas obras um bocadinho maiores - em tamanho ou nome - e bastante fácil passar dos 30's e 40's.

Eu poucas BD tenho, embora gostasse de ter bastantes mas acabo por não conseguir ter mais. "A vida não está fácil para ninguém" ouvimos disso em todo o lado mas acaba por ser verdade. Em feiras do livro, em mega promoções ainda se encontram coisas a preços mais acessíveis mas de uma fora geral fazer uma biblioteca de BD não é, de todo, fácil. 

Eu até percebo os preços, um trabalho de edição de BD é mais caro que de um livro normal, mais ou menos, mas embora compreenda acabo por ficar triste por esta ser uma realidade. Tenho lido bastantes BD, felizmente, mas a maior parte e por intermédio das BLX. Têm uma boa colecção de BD, com algumas relevantes no panorama do género o que só pode deixar os leitores muito contentes e agradecidos. Eu pelo menos sou requisitadora assídua e já li tanta coisa boa assim. 

A BD também esta a começar a ter mais relevância, mais atenção por parte do público geral, mais dinamização de coisas relacionadas e embora isso possa ter vantagens e desvantagens uma sem dúvida será o aumento do numero de BD publicadas e vendidas e supostamente a diminuição do preço. Eu vou continuar cá à espera, depois começo a comprar mais umas poucas para juntar a minha biblioteca - linda maravilhosa e awesome - pessoal.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

[cinema] Lucy




Título: Lucy

Realização: Luc Besson
Argumento: Luc Besson
Elenco: Scarlett Johansson, Morgan Freeman


Ultimamente não tem havido grande coisa em cinema que me tenha chamado a atenção. Este foi o último que me chamou e lá fui matar as saudades da sétima arte.

Poucos serão os que dirão que não conhecem este filme, foi bastante publicitado e a sua premissa é um dos mitos que muita gente acredita ser verdade.

Assumindo ainda assim que alguém não chegou a tomar conhecimento do que se trata neste filme a ideia é bastante simples: crê-se que apenas usemos, como seres humanos, 10% da capacidade cerebral que temos. Mas se já fazemos tanto com apenas uma ninharia o que aconteceria se conseguíssemos acesso a 20%? E 30%? E 50%? E 100%?

Alguém desenvolve uma droga capaz de "libertar" o nosso cérebro e seria a próxima moda em droguinhas porreiras para deixar o pessoal meio abananado para o que agora se chama "divertir com os amigos" - ou seja, estados de semi inconsciência para mais tarde não recordar #yolo. (Para os possíveis Sheldon deste mundo: isto foi sarcasmo!)

Para fazer o transporte da dita substância precisam das "mulas" que recrutam no meio de Taipé, ou pelo menos assim foi com a nossa Lucy. Enganada por um suposto amigo vê no meio de sangue e morte e acorda com um saco de droga dentro do estômago. Só que o saco rebenta dentro dela e a fuga faz com que o seu cérebro seja a experiência necessária para responder à pergunta que fizemos ao início.

Ao menos isto tem um bom fim: chamar o Morgan Freeman! Só pela voz do senhor valia a pena ver o filme que aquilo é só estilo.

Eu acabei por gostar bastante do filme, de uma forma geral. O ponto aqui é que tenho de me esquecer que sou uma rapariga das ciências e que sei que metade daquilo não faz o mais pequeno sentido. Mas tirando isso o filme é fantástico! Se conseguisse fazer um reset à minha mente este filme teria sido uma coisa muito muito boa. Assim não dá. Tenho a cabeça demasiado formatada para aceitar tudo aquilo.  Bem que me tinham avisado que a ignorância era uma bênção.

Antes de ver o filme vi uma entrevista com o realizador, Luc Besson, onde ele dizia que fazer um filme deste tipo direccionado para adultos não é fácil, é um público exigente e acaba por haver poucos corajosos a aventurar-se a fazer estas coisas. Ele, como adulto cinéfilo que é, sabe o que quer ver quando vai ao cinema e então faz os filmes nessa linha de pensamento. Sem dúvida que os últimos trabalhos que tenho visto deste senhor me têm deixado satisfeita e acho que ainda terá potencial para se aventurar para mais coisas melhores ainda.

Neste caso, e para acabar, gostei imenso do filme - tirando o fim, não fez sentido!, mas pessoal de ciências: reduzam o grau de exigência científica.





quarta-feira, 8 de outubro de 2014

[leituras] Homem-Aranha - A última caçada de Kraven




TítuloHomem-Aranha - A última caçada de Kraven
Autor: J. M. DeMatteis, Mike Zeck
Páginas: 150

No mundo de super-heróis o Homem-Aranha não está no meu top. Mas vá-se lá saber porquê tenho alguma afinidade com o moço, acho-o engraçado.

Nunca li muito deste universo embora acompanhe os mais recentes desenvolvimentos!

Neste livro somos logo avisados - no prefácio - que esta história foi considerada a melhor de Homem-Aranha e embora não conheça grande coisa sem dúvida que foi a que mais gostei até agora.

A premissa é simples e apelativa: mata-se o aracnídeo e vamos substitui-lo pelo Kraven com o mesmo fato e tudo. Ok, talvez nos tempos que correm isto não pareça muito depois da história com o Doctor Octupus mas isto vem de 1987, muito antes das trocas todas que temos agora.

O certo é que esta história está muito bem pensada e executada. A maneira como põe grande parte do livro como pensamentos das personagens, o contraste do que se diz e do que se pensa, principalmente no meio de situações de tensão é um bónus que se agradece.

Em sucessões drásticas como é esta de substituir o super-herói por vezes fica a sensação de que as voltas que se dão, para solucionar ou não aquilo que andaram a arranjar, tornam-se um pouco forçadas, pouco naturais, não fazem grande sentido a que as coisas acontecessem assim - mesmo assumindo completamente legítimo estarmos num mundo com super-heróis. Aqui não se nota nada disso: há uma história que se conta e se vai desenrolando calmamente, com os pontos todos que precisa, com seguimento e sem mudanças repentinas para agradar ou chocar.

As ilustrações estão completamente ligadas ao desenvolvimento que vamos acompanhando, com grandes planos de pormenores que só conseguem tornar os momentos mais intensos e reais (em alguns momentos bem mais nojentos do que seria necessário para mim, dispensava aquela rataria toda que por ali anda).

Acho que agora terei de ler mais umas coisinhas do Homem-Aranha porque este soube-me demasiado bem. Quero mais.






segunda-feira, 6 de outubro de 2014

[leituras] Lord of the Rings




Pois que ainda nunca tinha acontecido. E custou. Mas foi. Depois de ter lido o Hobbit aqui há uns tempos estava na altura de pegar na tão afamada trilogia.

Vi os filmes há já 3 aninhos, mais ou menos, mas gostei imenso daquilo e verdade seja dita, os livros têm sempre tanto para nos dar, muito mais do que os filmes na maior parte das vezes. Eu prefiro ler primeiro e ver os filmes / adaptações depois mas neste caso não me fez muita confusão.

A curiosidade era muita e embora esta história seja muito conhecida e falada em tudo quanto é sítio o que ainda me aliciava mais e queria realmente experimentar era a escrita de Tolkien (e entrar em Middle Earth, é mais um daqueles sítios mágicos que gostaríamos de visitar um dia!).

E não houve desilusões: gostei imenso dos livros e gostei imenso da escrita. São três livros, cada um dividido em dois mas como enquanto os lia fui tirando notas mas não escrevendo realmente as coisas todas que queria dizer optei por este apanhado geral dos três (seis).

Isto dito: demorei demasiado tempo a ler isto! Tenho imensa pena de não pegado nisto quando ainda andava na escola, ia adorar ter lido isto e andar a fazer parte destas aventuras todas. Ainda que mesmo assim tenho gostado imenso na mesma!

Embora eu consiga perceber o ponto de quem não acha grande piada a esta trilogia ("Isto são três livros a dizer-nos que um grupo inter-especies anda de um sitio para outro para deitar um anel fora") mesmo só sabendo os contornos básicos nunca consegui concordar e agora vejo bem que nunca na vida seria uma descrição adequada. 

No Hobbit temos - à parte de termos o Gollum que é simplesmente genial - a descoberta de um anel, O anel! Bilbo ainda "jovem" nas suas aventuras inesperadas arrancadas à base da força por Galdalf. Aqui temos esse mesmo Bilbo já velhote, já a precisar de descanso e não de mais problemas e preocupações como é sempre o propósito do anel. Passa então a pasta para o sobrinho, Frodo Baggins que será o portador do anel até ao fim desta aventura.

Mais uma vez temos pacatos hobbits a deixarem os seus buracos tão simpáticos para irem a terras desconhecidas e bem afamadas de perigosas. Mesmo com toda a beleza que se encontra pelo caminho a jornada não é de todo fácil.

Mas houve duas coisas que gostei especialmente em tudo este enredo: o grupo que se formou e a evolução da escrita ao longo de tudo.

Primeiro o grupo: 9 seres, Gandalf, Merry, Pippin, Sam, Frodo, Boromir, Aragorn, Legolas e Gimli. Grupos mais estranho e misto não poderia haver - pelo menos em espécie e feitio, porque em género o dado está um bocado viciado. Achei mesmo curioso perceber como iria evoluir aquela jornada toda com 9 marmanjos, e que marmanjos. E nada bate a amizade de Legolas e Gimli, é só genuinamente brilhante, faz sentido, é bonita, é engraçada, é uma verdadeira amizade que só fica ali bem!

Em segundo: os cenários são completamente diferentes no início e fim dos livros. Começamos no Shire com os campos verdes, os buracos dos hobbits todos acolhedores e que dão vontade de dormir uma bela duma sesta e ler um livro e beber um chá, tudo isto enquanto olhamos pela janela e vemos um bela paisagem lá fora. No fim estamos confrontados com ruína e com o olho de Mordor, tudo negro, nada cresce, nada vive, apenas o olho. São ambientes em extremos opostos e o que me faz referir isto é a diferença que fui notando na própria escrita. Conforme ia lendo ia notando que a escrita era mais densa, mais negra, mais rígida. Involuntariamente senti-me mais soturna, mais envolvida na história ainda do que doutra forma. Sem dúvida que esta escrita me convenceu, super simples, super calma mas que nos dá uma dimensão dentro da história que poucas conseguem fazer.

Resumindo! Hei-de reler isto daqui a uns tempos, e nas proximidades terei de rever os filmes. E não tarda tenho de ler o Silmarillion, mas isso já fui avisada que é leitura para férias por isso ou lá para o natal ou fevereiro.

Até lá, deixo a Terra Média e vou pregar para outra freguesia!






domingo, 5 de outubro de 2014

Isto de ser nerd dá uma trabalheira que nem vos conto!

Há pequenos pecados que uma pessoa que se insere no mundo nerd tem de ter em conta. Quando me meti mais nisto apontaram-se logo vários dedos: "Nunca viste os filmes todos de Star Wars?", "Nunca viste Os Senhores dos Anéis?", "Nem os leste?", "Ainda usas o Internet Explorer?". Tudo perguntas pertinentes e que tive de resolver rapidamente. Uns mais rapidamente que outros, diga-se. 

Ok, deixei logo o Explorer e juntei-me ao pessoal que se indigna de cada vez que o encontra aberto em qualquer pc como se fosse uma falha imensa. 

Star Wars vi logo os seis no Verão seguinte à chuva de desgraças. Senhor dos Anéis ainda vi antes (extended versions). Mas ler só li neste verão, depois do Hobbit uns tempinhos antes.

Entretanto para a minha ascensão ser mais rápida ainda comecei a receber no meu feed cada vez mais informações de sites e páginas nerds. Qual a consequência disso num espírito curioso? Descobrir mais coisas engraçadas e começar a ver, ler, fazer ainda mais coisas.

Harry Potter cresci com ele, sou fã independentemente do tudo o que queiram dizer da J.K. Rowling, dos livros, dos filmes, dos actores, do que queiram. Cresci a acompanhar este mundo e acredito piamente que Hogwarts will always be there for me. É provavelmente a minha primeira panca a sério com coisas destas e não acho que já não tem remédio.

Assim descobri Firefly e me juntei ao grupo dos que imploram por explicações, por mais do que aquele filme que não nos saciou a curiosidade nem as saudades. Aquele genérico ainda soa nos meus ouvidos....

Também por andar nessas páginas fui encontrando muita coisa com uma Police Phone Box, fui-me apercebendo de que seria também alguma coisa que devia conhecer. E aí foi o descalabro. Se a início não conhecia e timidamente perguntei o que raio era aquilo logo de seguida fui apanhada no meio de tanto cruzamento temporal e espacial. And so Doctor Who begins. Aproveitei o verão antes dos 50 anos e num mês vi as temporadas recentes todas - e cada vez que penso nisto vejo o ritmo alucinante a que vi aquilo, mas enfim! Esta ficou uma paixão ainda mais forte do que as outras e se durar outros 50 anos - it will - continuarei firme à espera de cada Doctor regenerado, cada Dalek perdido, cada novo companion, cada nova aventura. (Até só por este bocadinho nota-se um bocado a panca mas é perfeitamente saudável.)

Também Sherlock já está na lista de esperas - estes períodos entre temporadas matam uma pessoa. Série genial, muito bem adaptada, muito fiel ao tipo de Sherlock que identifico nas histórias que fui lendo. É tão bom passar aquela hora e meia a ver o Bilbo e o Cumberbatch a andarem de um lado para o outro. Sim, porque depois juntar actores em várias coisas é sempre interessante - e quando se fala de coisas britânicas é mais do que certo que vai acontecer. (Doctor Who e Harry Potter ainda vou ter de pegar nisso porque é um caso ridículo)

E isto estou a focar mais em séries e afins porque é o mais fácil de encontrar nestas coisas e também porque livros não falham no meu dia a dia e nem poderão falhar nunca. Ainda não li os Sagan, mas tenho dois em casa na lista, já li alguns de Verne (são muitos não dá para ler tudo em tempo útil que a dimensão da minha lista a ler é exponencial), ainda não li nem vi Martin - mas estou a caminho disso, adoro Lovecraft e de vez em quando tenho de ler qualquer coisa, gosto imenso de ver a Teoria d Big Bang e mato-me a rir mesmo com episódios que já vi 7 vezes, desde há uns tempos para cá que acompanho a Marvel mais a sério, ver os filmezinhos todos - com as devidas fases que isto é tudo muito organizadinho - seguir Agents of S.H.I.E.L.D., ler os comics que vão saindo e ver em que pé é que estamos porque milhentas coisas acontecem. Sei lá... E isto são só as coisas que me lembro assim de chapa.

O que é o mundo nerd e o que é que abrange? TUDO!

E o mal é esse. Eu falei de várias coisas e se quisesse falar de mais ou olhava para o lado e via os meus livros ou ia à minha lista de séries on going e falava de meia dúzia ou podia ir às milhentas páginas que acompanho com estas coisas todas.

Eu vejo, acompanho, leio, faço aquelas coisas que me dão gozo e que me parecem ser giras. Não tenho culpa que me entusiasme com as histórias. Ou que só agora tenha entrado num mundo onde descubro estas coisas. Sim, só li os Senhor dos Anéis aos 20 anos mas em compensação ainda nem sequer vi o Bambi - coisa que também está para ser tratada nas proximidades, antes que me comecem a bater.

Há coisas que uma pessoa tem de fazer para fazer parte deste mundo e não ser esmagada com as críticas dos amigos nerds - sim, porque quando era uma nerd solitária não havia cá disto! Mas verdade seja dita que é bom: se é bom discutimos o quão bom é, se é mau esmiuçamos até ao tutano toda a podridão que tinha, se discordamos então é o descalabro. Mas eu gosto!

Ainda me falta muito caminho a percorrer mas acho que estou no bom caminho. E no fundo tudo se resume de uma forma simples:








sexta-feira, 3 de outubro de 2014

[cinema] Les Yeux Sans Visage

TítuloLes Yeux Sans Visage
Realização: Georges Franju
Argumento: Jean Redon
Elenco: Pierre Brasseur, Alida Valli, Julliette Mayniel, Edith Scob

Trailer

Já nem sei muito bem onde encontrei referências a este filme, creio que quando andei a investigar coisas de transplantes de caras - motivos totalmente académicos.

Apareceu-me a imagem da personagem principal deste filme, Christiane, e o ar estranho chamou-me a atenção (a imagem de fundo do poster do filme).

Num acidente de carro Christiane ficou com a cara desfigurada e o pai, sendo médico, começou a fazer esforços para arranjar maneira de arranjar uma nova cara à sua filha. Assim começou a recolher os cães que eram encontrados nas ruas e neles fazia experiências de transplante de pele para depois serem reproduzidas na sua própria filha.

Mas caras não se apanham nas árvores e portanto as ditas vinham de raparigas que recolhiam, pai e a sua assistente. AS raparigas iam morrendo e os transplantes repetidamente não resultam. Até que Christiane não aguenta mais, não é justo continuar a viver assim, matar pessoas para lhe devolver um rosto, todo aquele trabalho para não haver resultados. O fim que tudo levou surpreendeu-me, teve alturas de me dar pequenos arrepios na espinha mas sem dúvida que foi muito bom!

Todo o cenário que já descrevi não é propriamente o mais simpático mas a isto se acrescenta a postura da moça. Ou seja, tudo isto podia ser mais uma história de um filme completamente banal mas não. Eu fiquei completamente rendida. Eu não me costumo assustar com filmes de terror, são bons é a ser vistos a partir da meia noite, no quarto, sozinhos e de luzes apagadas. Mas o raio deste filme quase que me fez ter pesadelos.

Se há coisa que tenho pena no cinema de terror actual é que é muito baseado em sustos: grandes planos de onde salta um bicho qualquer, mudanças bruscas de plano com uma música e/ou barulho muito altos a acompanhar. Não há terror puro, há sustos esporádicos.  Verdade seja dita que o verdadeiro terror é difícil de conseguir, a saída que usam agora é muito mais simples de ser feita e para a maior parte das pessoas tem o mesmo efeito. Mas para mim não.

O verdadeiro terror sabe tão bem! Grande é a arte de quem nos consegue fazer aceder aos nossos mais profundos sentimentos seja com a escrita ou com as suas imagens. Lovecraft faz-me isso. E este filme fez-me muito isto.

A postura de Christiane, as próprias roupas que a fazem parecer mais frágil do que já é, não haver nada propriamente escondido, sabemos a história toda e o que se passa desde o início é que nos dá a sensação horrível depois de ver este filme. A maneira como ela se mexe, os movimentos lentos mas de alguma maneira ritmados, quase como um robot suavizado.

Sei que há muito tempo não via um filme de que gostasse tanto - para mim a representação de Edith Scob é qualquer coisa que não esquecerei. Um filme que para quem gosta de um bom terror é claramente qualquer coisa de especial.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mesinha de cabeceira popular #200





Título: Mesinha de cabeceira popular #200

Edição: Chili com carne
Páginas: 72


Ora bem que já tinha saudades disto. Chili com carne, minha boa amiga! Welcome back.

Eu devo ser das poucas pessoas que depois de já ter lido uns pouco de livros da Chili com carne ainda continuo a ir buscar estes livros sempre que os encontro nas prateleiras. Porquê? Boa pergunta!

O certo é que comecei com um livro bastante semelhante na linha deste livro que falo hoje, comecei com o Futuro Primitivo. Mas que linha? Uma junção de vários artistas que estão neste livros misturados, talvez? Muito misturados, isso de certeza. Neste caso, e segundo o próprio blog da editora temos o tema a ser "pop culture". Depois de ler tudo até que faz algum sentido. Procurando a fundo no meio das toneladas de informação que nos são despejadas em frente conseguimos descortinar alguma coisa relacionada com isto.

Mas sendo sincera, e vendo este livro quase como um livro de recortes que reúne amostras de vários artistas, melhor, que arrancou aquelas páginas nos fundos dos cadernos onde rabiscam coisas, começam ideias, criam! E confesso que isso me faz gostar imenso deste formato. Meio gatafunho meio génio cria uma confusão mental que até sabe bem - longe daquilo que acabamos por sentir è primeira vez que abrimos o livro, é mais algo do tipo "o que raio é que eu vi nestas páginas?".

Não é que adore este tipo de livros mas gosto do ar diferente deles, da inovação, da liberdade artística que vejo aqui retratada. Tem ar de esboço, de inacabado, o que lhe queiram chamar mas eu acho que tudo conciliado dá um resultado bem interessante. Mas sim, há coisas muito estranhas, coisas que não faço ideia de onde vieram e/ou porquê mas gosto das edições da Chili com Carne, continuarei a ler o que se faz por essas bandas e a matar-me a rir de cada vez que faço pessoas olhar para mim de lado no comboio por estar a ler isto!